sexta-feira, 29 de junho de 2012



Jesus e os Discípulos a Caminho de Emaús

"Jesus, fica conosco." Lc 24:29

"E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem." Lucas 24:13- 16.

Emaús atualmente é uma cidade de localização incerta. Seu nome significa “riacho quente” e alguns arqueólogos a identificam com Qubeibeh, cerca de 11 km a noroeste de Jerusalém. Quando os Cruzados chegaram nesta localidade em 1099, encontraram ali um forte do período romano denominado Castellum Emaús. Conhecer a localização da cidade de Emaús é importante, porém, não conhecê-la não abala a veracidade dos fatos ali ocorridos. O que está escrito, é lição para todos os tempos, lugares e circunstâncias. Digamos que Emaús seja mesmo esse território desconhecido e misterioso para a arqueologia, como misterioso e incerto é o terreno do nosso coração. Emaús faz todo sentido para quem quer ouvir Jesus, seguir seus ensinamentos e ser salvo para eternidade.

Eles não reconheceram Jesus
Jesus havia ressuscitado e a cidade de Jerusalém estava em alvoroço ainda por ocasião da crucificação. O Messianismo de Jesus estava sendo questionado por conta de Sua crucificação e morte. A esperança de um libertador para Israel, havia sido frustada, o que fazer? A caminho de Emaús, Cléopas discutia justamente isso com um companheiro quando Jesus se aproxima e pergunta: “Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? Eles pararam entristecidos” e um tanto aborrecidos pela “desinformação” do “desconhecido” retrucam: “És o Único que não sabes o que está acontecendo nessa região, mataram Jesus, varão poderoso em obras e em palavras”. (24:17-19).

O que mais chama atenção no texto é o fato deles, sendo discípulos de Jesus, tendo convivido com Ele, não O reconhecerem. Por que isso acontece? Voltando ao inicio do relato, logo no verso 16, lemos: “seus olhos estavam como que impedidos de O reconhecer”. Diríamos: “não o reconheceram porque ainda não era o momento certo, não era da vontade de Deus, de outra forma, por que vedar-lhes os olhos?”. Mas esse aspecto do texto, merece mais aprofundamento e conferindo Evangelho por Evangelho, toda narrativa pós ressurreição de Jesus, encontraremos explicação sobre Jesus e os discípulos em Emáus, lá no livro de Marcos 16:12-13:

“Depois disto, manifestou-se em outra forma a dois deles que estavam de caminho para o campo. E indo eles, anunciaram aos demais, mas também a estes não deram crédito”.

Os dois homens, de caminho para o campo, eram os dois discípulos a caminho de Emaús. Jesus apareceu para eles em aparência diferente da que havia vivido e morrido. Ele era o Jesus ressuscitado e para que se cumpra em nós os mesmos sinais que se cumpriram em Cristo, convém que os que ressuscitam, tenham um novo corpo de glória. Filipenses 3:21:” O qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo de sua glória, segundo a eficácia do poder que Ele tem de subordinar a Si todas as coisas.” Em I Cor 15:35, se lê que “o corpo seja semeado em corrupção, ressuscitado em incorrupção. Semeado em desonra, ressuscitado em glória. Semeado em fraqueza, ressuscitado em poder. Semeado corpo natural, ressuscitado corpo espiritual”.

Jesus agora tinha um corpo de glória. A aparência cansada, sofrida e ferida, do servo humilhado Is 53:2, já não se via. Agora ele era corpo espiritual, tanto que agora poderia facilmente atravessar paredes e portas fechadas, Aparecer e desaparecer em qualquer ambiente de forma miraculosa, João 20:19: “Ao cair daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas de casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: paz seja convosco”. Era também o primeiro dia da semana, pós ressurreição, o mesmo dia em que apareceu no caminho de Emaús. Ele entrou no recinto onde os discípulos estavam reunidos à portas trancadas. Ele não bateu na porta, tocou a campainha, saltou janela ou coisa parecida, Ele atravessou as paredes. Para que se cumprisse o que há cerca da ressurreição está escrito.


Nesse mesmo dia, Jesus também aparece a Maria Madalena. Ela estava chorando próximo ao túmulo Jo 20:15 “Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela pensando ser o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se disse Raboni! Que quer dizer meste”. Madalena, demorou um pouco a discernir quem era. Porém, tanto ela como os discípulos de Emaús, em dado momento não têm mais dúvida de que o que lhes fala é Jesus.

O diálogo em Emaús.
Por que eles demoram tanto a reconhecer Jesus? Porque estavam preocupados, aflitos, descrentes, amedrontados. A crucificação havia acabado com a fé deles. A esperança do Messias Salvador, tinha se esvaído, como fumaça. Eles foram capazes de descrever para Jesus todos os últimos acontecimentos de Jerusalém, da conversa sobre ressurreição, mas o coração estava endurecido. Para eles, tudo já não passava de uma fábula, um engano. Se Jesus fosse mesmo o Messias teria triunfado em vida, sobre a morte. E Jesus repreende os dois: “ Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Por ventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E Jesus lhes contou sobre as Escrituras” Lc 24:25-27.

E o coração dos dois começa a arder pela autoridade de Jesus, pela verdade da Palavra: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12

O Convite: fica conosco
E os dois discípulos a caminho de Emaús, enfim acalmam os ânimos, descansam os corações, sentem paz e segurança. Convidam Jesus: “Fica conosco” Lc 24:29. E quando estavam à mesa, Jesus abençoa o pão e divide com eles, então, os olhos dos dois são abertos. É interessante, que apesar de ter um novo corpo, Jesus ressuscitou conservando as marcas da crucificação. Ele as mostrou para Tomé em João 20:26. Para os discípulos reunidos em Jerusalém. João 20:20. Para os discípulos em Emaús no partir do pão e para tantas outras pessoas com quem esteve nos 40 dias que ficou ainda na terra como ressuscitado Atos 1:3.

Lições a caminho de Emaús
Ansiedade gera incredulidade e vice-versa. Quando estamos nesse estado, é impossível enxergarmos a presença de Jesus, acreditarmos em Sua providência. Os discípulos mesmo mantendo diálogo com Jesus, não O reconheceram. Apenas quanto ouviram a Palavra e viram as marcas da crucificação. Mas foi no ouvir da Palavra que os corações foram transformados. Não há outra maneira de se  alcançar a Salvação a não ser crendo na Palavra de Deus que é o Próprio Jesus. Ele é o Único e verdadeiro caminho que conduz a eternidade com Deus; João 14:6.  E essa Salvação, não apenas pós morte, é a algo que acontece bem aqui nesse mundo. Veja, um dos sentidos da Palavra Salvação na Bíblia é “marpe” (dicionário Strong 14832) = restauração de saúde, remédio, cura, medicação, tranquilidade. Marpe, vem de Rapha , verbo curar, sarar, restaurar. Jesus é nossa cura completa, do corpo e do espírito, para séculos sem fim, amém!

É possível que muitos de nós, mesmo tendo um diálogo com Jesus, não O reconheça. Isso é assustador, mas acontece. Foi o caso daquele jovem rico, descrito em Marcos 10: 17-22. Ele ouviu Jesus, mas se negou a segui-Lo porque o coração era avarento. O amor às riquezas era maior que o amor por Jesus. Triste. Os discípulos em Emaús, ouviram a Jesus e disseram: “Fica conosco”. Eles convidaram Jesus a cear não apenas à mesa deles, mas a fazer morada em seus corações. Essa é escolha que Deus quer de nós, que convidemos Jesus a morar em nós. E o mais incrível de tudo isso é: Ele não rejeita  um convite desses. Ele nunca diz: não vou, não posso, fica para outro dia, esqueça, jamais!. Ele pode aparecer em qualquer lugar, nas mais adversas circunstâncias. Apareceu para Paulo a caminho de Damasco Atos 9:3-6. Para Pedro na praia. Para Zaqueu embaixo de uma figueira Lucas 19:1-7. Onde você estiver Ele vai ao seu encontro. Ele não resiste a um coração humilde e cheio de fé.

Os salvos ressuscitarão em corpo de glória. Nosso corpo abatido será transformado. Deus nos dará um novo nome (Apocalipse 3:12) e uma corpo que não poderá ser corrompido (I Cor 15:35)

Que esse encontro de Jesus com os discípulos no caminho de Emaús, seja como lição para alcançar os perdidos em preocupações, ansiedades, aflições e incredulidade. Que “no partir do Pão”, almas sejam saciadas pelo Pão da vida que é Jesus. Que Jesus de nossos lábios ouça o convite: “Fica conosco amado Mestre, precisamos de Ti que é nosso Bálsamo.”

Em O Nome do que Ressuscitou e é a nossa paz: Jesus.

|  Autor: Wilma Rejane  

terça-feira, 26 de junho de 2012


3º TRIMESTRE DE2012 - LIÇÃO Nº 01 - 01/07/2012 - "NO MUNDO TEREIS AFLIÇÕES" 
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL 


LIÇÃO Nº 01 - DATA: 01/07/2012
TÍTULO: “NO MUNDO TEREIS AFLIÇÕES”
TEXTO ÁUREO – Jo 16.33
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jo 16.20-21, 25-33




I - INTRODUÇÃO:


Assim como a morte, o sofrimento iguala todos os homens; põe todos no mesmo nível: não poupa o rico, nem protege o pobre; não tem preferência pela cor, nem pergunta pela identidade.


II – ALGUMAS LIÇÕES DO SOFRIMENTO:


O SOFRIMENTO É SENTIR DOR FÍSICA OU MORAL. É como uma situação temporária de desordem, originada pelo pecado. 
Leiamos Jó 1:1-3; 13-22 - O livro de Jó trata de um dos assuntos mais difíceis na experiência humana: como entender e lidar com o sofrimento? Fundamentados neste Livro, reflitamos algumas lições do sofrimento:
(1ª) – PESSOAS BOAS SOFREM – Jó 1.1 – Aqui está a definição, do ponto de vista de Deus, do caráter de Jó.
Enquanto entendemos que o sofrimento entrou no mundo por causa do pecado (Gn 3), aprendemos também, em vários trechos bíblicos, que a dor e a tristeza atingem as pessoas boas e dedicadas deste mundo – II Cor 11.23-28; 12.7-9
(2ª) – O DIABO QUER DESTRUIR A NOSSA FÉ POR MEIO DO SOFRIMENTO – Jó 1.6-11 - O propósito de Satanás fica bem claro: Ele vê o sofrimento como uma grande oportunidade para derrubar a fé dos servos de Deus; ele aceitou o desafio de tentar destruir a fé de um dos homens mais idôneos do mundo.
Em sua ousadia, satanás desafiou Jesus, usando todas as tentações imagináveis para vencê-Lo (Mt 4:1-11).
Ou seja, o diabo entende muito sobre a natureza humana. Ele sabe que pessoas que servem a Deus fielmente, quando tudo vai bem na vida, podem ser tentadas por meio de alguma calamidade pessoal: Problemas financeiros, a morte de um ente querido, alguma doença grave, etc. Com muita frequencia, tais sofrimentos na vida motivam o crente a abandonar a fé e a Cristo.
Jó 2.9 - Enquanto a mulher de Jó não prevaleceu na vida do próprio marido, o conselho dela vem derrubando a fé de muitas outras pessoas que enfrentam dificuldades no cotidiano. 
Assim como Jó não sabia a fonte de seu sofrimento, muitas vezes também não temos noção da fonte das nossas dificuldades. Mas podemos ter certeza que o diabo está torcendo para que tropecemos e nos afastemos de Deus.
(3ª) – AMIGOS NEM SEMPRE AJUDAM – Jó 2.11 - Três amigos de Jó ficaram sabendo de seu sofrimento. No entanto, as palavras deles não ajudaram. Ofereceram explicações baseadas em suas opiniões e não na verdade que vem de Deus. Onde Deus não tinha falado, eles ousaram falar. O resultado não foi consolo e ajuda, e, sim, perturbação e desânimo. Quando alguém sofrer perdas, provações, etc, procuremos conselhos e orientações na Palavra de Deus e da boca de pessoas que a conhecem e que vivem segundo a vontade do Senhor.
(4ª) – DEUS NÃO EXPLICA TUDO – Jó 3.11-12, 16, 20, 23 cf Hc 1.3 - Quando sofremos, é natural perguntar: "Por quê?". Milhões têm feito a mesma pergunta. Porém, é interessante e importante observar que Deus não responde a todos nossos questionamentos. 
Podemos ler o livro de Jó do começo ao fim, e não encontraremos uma resposta completa de Deus à pergunta do sofredor. Durante a boa parte da história, Deus deixou Jó e seus amigos ponderarem o problema. E Quando o Senhor falou no fim do livro, ele não explicou o porquê – Rm 11:33-36 – DEUS NÃO EXPLICA TODAS AS COISAS!
(5ª) – DEPOIS DO SOFRIMENTO VÊM AS BÊNÇÃOS – Jó 42.10-17 – O sofrimento desta vida é temporário! O de Jó foi intenso, mas não durou para sempre. É bem provável que ele lembrou, durante o resto da vida, daquelas experiências doloridas. Mas a crise passou e a vida continuou. Deus restaurou as posses dele em porções dobradas. 
A mesma coisa acontece conosco. Enfrentamos alguns dias muito difíceis, mas as tempestades passam e a vida continua. Em Cristo Jesus, nós temos uma grande vantagem, uma esperança bem definida de perseverança e consolação - Hb 12:1-3.
(6ª) – FIÉIS NO SOFRIMENTO - Nós vamos sofrer nesta vida. Pessoas que dizem que os filhos de Deus não sofrem são falsos mestres que não conhecem e não aceitam a Palavra do Senhor: Jó perdeu tudo. Jeremias foi preso. João Batista foi decapitado. Jesus foi crucificado. Estevão foi apedrejado. Paulo sofreu naufrágio e prisões.
Eu e você vamos também sofrer. Os problemas da vida não sugerem falta de fé e não são provas de algum terrível pecado na nossa vida. Jó foi fiel a Deus no período do seu sofrimento e Deus o abençoou sobremaneira. A fidelidade de Jó precisa calar nosso coração - Jó 1:20-22 cf Tg 1:2-4 cf II Cor 1:3-7.
(7ª) – NO SOFRIMENTO DO JUSTO, DEUS TEM A ÚLTIMA PALAVRA - Jó e os seus amigos dialogaram procurando achar explicação para tanta desgraça. Mas no fim, Deus aparece; Ele tem a última palavra: O Senhor não respondeu às perguntas de Jó, mas falou do Seu poder e sabedoria. Vejamos:
(A) – Jó 37.5 cf Is 55.8 - Deus lida com situações elevadas demais para a plena compreensão da mente humana. A nossa limitação não nos permite ver as coisas com a amplitude da visão de Deus; a visão dEle não é como a nossa.
(B) – Dt 29.29 cf Dn 2.28 - A verdadeira base de fé acha-se na revelação do próprio Deus. Quando o rei Nabucodonosor viu que Daniel foi realmente usado pelo Senhor, reconheceu a existência do Deus de Daniel. 
(C) – Tg 5.11 - Os métodos de Deus podem parecer duros, mas no final, Ele é plenamente compassivo e misericordioso. O fim das provações que o Senhor enviou a Jó revela que, em todas as suas aflições, Deus cuidava dele e o sustentava na Sua misericórdia. A restauração das riquezas de Jó revela o propósito de Deus para todos os crentes fiéis.




III - AULAS MINISTRADAS PELO SOFRIMENTO: 


Leiamos o Salmo 130 e meditemos:


(1) – O SOFRIMENTO NOS ENSINA A ORAR – Sl 130.1-2.


(2) - O SOFRIMENTO ENSINA E REVELA QUEM DEUS É – Sl 130.3-4.


(3) - O SOFRIMENTO NOS ENSINA A ESPERANÇA – Sl 130.5-8.




IV – FORMAS DE SOFRIMENTO DO JUSTO:




(A) - SOFRIMENTO PROBATÓRIO – São provas, tribulações, adversidades, doenças e males outros. São casos em que Deus permite o sofrimento para depurar a nossa fé, ou na Sua soberania cumprir propósitos Seus (At 9:15-16; II Cor 11:23-30; 12:7-10 cf I Pe 1:3-7; 4:14-16; Tg 5:10-11; 1:12; Hb 12:11; Sl 91:15).


(B) - SOFRIMENTO CULPOSO – Isto é, colhe-se o que se semeia. Uma das leis agrárias é que se colhe muito mais do que se planta (Os 8:7; Ec 3:2). Em muitos casos, este sofrimento é corretivo (Sl 119:67, 71); em outros, casos de juízo divino (I Cor 5:1-6 cf Ez 9).


(C) - SOFRIMENTO MALIGNO – À medida que travamos a guerra espiritual, é inevitável a ocorrência de choques, contratempos, dificuldades e outros males (Ef 6:11-16; I Ts 2:18 cf Mt 5:11-12).


V – CONSIDERAÇÕES FINAIS:


Sl 32.10 - Salmista fez uma declaração acerca do sofrimento que põe em inferioridade os ímpios em confronto com os que amam a Deus. Logo, o sofrimento vem para o justo e para o ímpio. Mas aquele que confia no Senhor tem a misericórdia como bálsamo, a fé que alivia a dor, a esperança que abranda a aflição, tem o socorro e a proteção de Deus.
Lembremo-nos: O sofrimento não existia no Paraíso, antes da queda do homem; e não existirá na eternidade, na Nova Jerusalém (Is 65:17-25; Apc 21:4).




FONTES DE CONSULTA


1) Estudo bíblico “Lições do sofrimento” – de Ely X. de Barros


2) Estudo Bíblico “No sofrimento do crente é Deus quem tem altima palavra” – do Rev João Batista Azevedo


3) Estudo Bíblico “Por que Deus permite sofrimentos na vida do cristão” – de Paschoal Piragine Jr. 


4) Estudo Bíblico – “Conhecendo Deus através do sofrimento” – de Neuber Lourenço

O CAIR NO ESPÍRITO: UMA ANÁLISE CRÍTICA DO FENÔMENO À LUZ DAS EVIDÊNCIAS HISTÓRICAS (TEXTO ATUALIZADO)



As discussões em torno da manifestação do Espírito é uma realidade presente na comunidade cristã desde o período neotestamentário. Quando se trata do fenômeno designado de “cair no Espírito” ou “movimento do cai-cai”, as opiniões de escritores e teólogos são divergentes.
Sobre o cair no Espírito, Paulo Romeiro escreveu:
E ainda que haja ocorrido tais fenômenos nos avivamentos passados, eles não estão acima da autoridade bíblica e nem servem de base para se estabelecer regras de fé e prática na Igreja. Que a Bíblia seja a única a ditar normas quanto a questões espirituais, e não as experiências vividas por terceiros.[1]
Ao concluir seus argumentos sobre o referido fenômeno, buscando uma posição moderada, Romeiro afirma:
Reconheço que Deus tem poder para tocar alguém hoje de tal forma que a pessoa venha a cair. De modo algum sou contra a verdadeira manifestação do poder de Deus. Esta não me preocupa nem um pouco, pois quanto mais, melhor. O que realmente me preocupa são os abusos gerados em torno de tal prática. Estes trazem mais transtornos e divisões para o Corpo de Cristo do que edificação espiritual.[2]
Entre aqueles que promovem os abusos em torno do fenômeno na atualidade, Romeiro descreve:
Este fenômeno foi verificado nos Estados Unidos através do ministério de Maria B. Woodwort-Etter por volta do ano de 1885. Ela mesma relata que muitos ímpios e escarnecedores foram os primeiros a cair debaixo do poder. Depois dela, muitos outros pregadores seguiram tal prática, como Kathryn Kuhlman (de quem Benny Hinn aprendeu) Kenneth Hagin e muitos outros.[3]
Escrevendo sobre o assunto, Ciro Zibordi declara:
Os que defendem a “queda no poder” ignoram os fatos de que o culto a Deus é racional (Rm 12.1) e de que o espírito do profeta está sujeito ao profeta (1 Co 14.32). Isso significa que , por mais que sintamos a presença do Senhor, em um culto, devemos ser prudentes quanto às nossas reações. Devemos ser meninos apenas na malícia, e adultos no entendimento (1 Co 14.20).[4]
Na Lição Bíblica da CPAD (Mestre), do 1º Trimestre/2012, comentada pelo pastor José Gonçalves, lemos o seguinte: De vez em quando aparece uma nova onda no meio dos crentes. São modismos teológicos para todos os gostos. Antes era o cair no espírito, a unção do riso, etc. Atualmente a lista está bem maior.[5]
Diante das declarações acima, entendo ser de fundamental importância uma análise crítica deste fenômeno que tanto tem dividido opiniões ao longo da história.
Manifestações do Espírito no Novo Testamento
O apóstolo Paulo, ao escrever sua primeira carta à igreja em Corinto, de forma mais específica no contexto dos dons (gr. charisma) relacionados em 1 Coríntios 12:4-11, se deparara com as seguintes questões em torno da manifestação do Espírito e dos abusos na administração dos dons espirituais:
- Sentimento de independência ou superioridade (1 Co 12:12-26). Para entender a essência e o propósito da manifestação do Espírito através dos dons, Paulo se utilizou da metáfora do corpo, onde nele cada membro tem a sua importância, e é interdependente do outro. A unidade na diversidade dos dons é destacada, e a soberania de Deus, que coloca os membros no corpo (igreja) como lhe convém é fortalecida, evitando assim qualquer tipo de orgulho e arrogância provenientes de algum sentimento ou pensamento meritório.
- A manifestação dos dons desassociada do amor (1 Co 13:1-13). Na igreja em Corinto abundava a manifestação do Espírito através dos dons, mas faltava amor (gr. agape) na relações com o próximo. Dessa forma, desassociado de compromisso integral com as necessidades integrais do próximo, os dons perdiam o sentido de ser, por ser sem fazer, por ser sem se envolver, por ser sem se comprometer.
- A hiper valorização dos dons menos relevantes para a edificação da igreja (1 Co 14:1-25). Na igreja em Corinto o dom de línguas ganhou importância exagerada, e sua prática tornou-se equivocada na medida em que a interpretação das línguas não era buscada e valorizada no culto público. Paulo precisou colocar as coisas no devido lugar, sem, contudo proibir o falar em línguas.
- A desordem no culto (1 Co 14:26-33). No contexto do culto cristão, onde havia cânticos, doutrina, revelação, línguas e interpretação, tudo deveria convergir para a edificação. Acontece que no culto alguns começaram a falar em línguas simultaneamente, e sem intérprete. O resultado era uma grande confusão. A mesma desordem acontecia com a profecia (gr. propheteia), o que também foi tratado.
Em meio a todas estas questões, a postura do apóstolo Paulo sempre foi a de corrigir o erro através de um ensino claro e objetivo. Paulo entendeu que não ter a manifestação do Espírito através dos dons era um problema maior do que a necessidade de corrigir os abusos e equívocos decorrentes desta manifestação.
Manifestações no Montanismo
O Montanismo foi um movimento religioso que data do século II. Recebe esta designação em razão do ser fundador se chamar Montano, um sacerdote pagão da região da Ásia Menor chamada Frígia que se converteu ao cristianismo.
Eusébio de Cesaréia (263-340 d.C.), em sua "História Eclesiástica", narra os fatos acerca de Montano e seu movimento da seguinte maneira:

"Diz-se haver certa vila da Mísia na Frígia, chamada Ardaba. Ali, dizem, um dos conversos recentes de nome Montano, quando Crato era procônsul na Ásia, tendo na alma excessivo desejo de assumir a liderança, dando ao adversário ocasião para atacá-lo. De modo que foi arrebatado no espírito, sendo levado a certo tipo de frenesi e êxtase irregular, delirando, falando e pronunciando coisas estranhas, e proclamando que era contrário às instituições que prevaleciam na Igreja, conforme transmitidas e mantidas em sucessão desde os primórdios. Mas quanto aos que aconteceu estarem presentes e ouvir esses oráculos espúrios, ficaram alguns indignados, censurando-o por estar sob a influência de demônios e do espírito de engano e por estar apenas incitando distúrbios entre a multidão."[6]
Apesar da importância histórica do relato acima, vale salientar que Eusébio seguiu as ideias teológicas de Orígenes, foi provavelmente bispo de Cesaréia, simpatizou com o arianismo, mas coagido por Constantino, veio a aceitar a ortodoxia do Credo Niceno.[7]Sendo assim, já envolvido com a institucionalização e romanização do cristianismo, é possível perceber a força de suas palavras contra Montano. A frase "falando e pronunciando coisas estranhas", sugere a ideia do falar em línguas.

Sobre Montano, Olson nos narra que ele reuniu um grupo de seguidores, construindo em Papuza uma comunidade. Duas mulheres, Priscila e Maximila, se uniram a ele para profetizar, alertando para o breve retorno de Cristo, e condenando os bispos e líderes como desprovidos de vida, corruptos e apóstatas. Montano e as duas profetisas, quando entravam em transe espiritual, falavam na primeira pessoa como se Deus, o Espírito Santo, falasse diretamente através deles.[8]
O historiador Cairns entende que na tentativa de combater o formalismo e a organização humana, e de reafirmar as doutrinas do Espírito Santo, Montano caiu no extremo oposto, concebendo fanáticas e equivocadas interpretações da Bíblia. O aspecto positivo do movimento foi que:
"O montanismo representou o protesto perene suscitado dentro da Igreja quando se aumenta a força da instituição e se diminui a dependência do Espírito de Deus. Infelizmente, estes movimentos geralmente se afastam da Bíblia, entusiasmados que ficam pela reforma que desejam. O movimento montanista foi e é aviso que a Igreja não esqueça que a organização e a doutrina não podem ser separadas da satisfação do lado emocional da natureza do homem e do anseio humano por um contato espiritual imediato com Deus."[9]
Sherril, escrevendo sobre estes acontecimentos, e enfatizando a sua perspectiva pentecostal, diz que o movimento foi prejudicado pelo aumento das línguas e de outros fenômenos carismáticos.[10]
Olson afirma que na reação contra os abusos e excessos de Montano e seus seguidores, a liderança da igreja procurou se apoiar cada vez menos em manifestações verbais sobrenaturais, como línguas, profecias e outros dons, sinais e milagres sobrenaturais do Espírito. As manifestações carismáticas, sendo agora identificadas com Montano, quase se extinguiram no decorrer da história.[11]
Para Synan[12] e Olson[13], o principal motivo da rejeição do movimento não foi a presença dos dons, mas a afirmação de Montano de que as declarações proféticas estavam no mesmo nível de autoridade com as Escrituras.
A Igreja reagiu a estas extravagâncias, condenando o movimento no Concílio de Constantinopla, em 381, declarando que os montanistas deviam ser olhados como pagãos. Tertuliano, um dos Pais da Igreja, tornou-se montanista.[14]
Com o montanismo, temos a primeira tentativa histórica do resgate da manifestação do Espírito através do dom de línguas, da profecia e dos demais dons designados no pentecostalismo clássico de extraordinários.
Manifestações do “Cair no Espírito” nos Grandes Despertamentos
Durante o Primeiro Grande Despertamento, por volta do ano de 1740, quando uma busca pelo poder do Espírito norteava o ministério de grandes homens de Deus, temos alguns relatos da manifestação do poder do Espírito nas pregações, que resultava em alguns comportamentos (reações) não muito comuns. Deere descreve alguns casos[15]:
John Wesley testemunhou numerosos “sinais externos” durante a sua prédica. Em 17 de junho de 1739, por exemplo, quando pregava numa área rural e “convidava ansiosamente a todos os pecadores a que entrassem ‘no santo dos santos’ por meio desse ‘novo e vivo caminho’”, muitos dos que ouviram, começaram a clamar a Deus com fortes gritos e lágrimas. Alguns caíram, não lhes restando nenhuma força; outros tremiam e se balançavam terrivelmente; ainda outros eram despedaçados com uma espécie de movimento convulsivo, e isso com tanta violência que, com frequência, quatro ou cinco pessoas não eram capazes de segurar os que assim se encontravam.
John Wesley, em seu diário, narra uma experiência vivenciada por George Whitefield, e a descreve da seguinte forma:
Tive a oportunidade de falar-lhe a respeito desses sinais externos que tão frequentemente tem acompanhado a obra interior de Deus. Na verdade, achei que suas objeções eram fundamentadas, principalmente, em rudes deturpações do assunto. Mas, no dia seguinte, ele teve a oportunidade de se informar melhor: porque não muito antes dele começar (na aplicação do seu sermão) a convidar todos os pecadores a crerem em Cristo, quatro pessoas se prostraram diante dele, quase no mesmo momento. Uma delas,estendida, sem sentido e movimento. A segunda, tremendo excessivamente. A terceira teve convulsões fortes por todo o corpo, mas não fez nenhum ruído, a não ser através de gemidos. A quarta, igualmente convulsionou, invocando a Deus com gritos fortes e lágrimas. Desde este dia, creio eu, todos permitiremos que Deus leve adiante sua obra da maneira como lhe agradar.[16]
Jonathan Edwards, considerado o maior teólogo do Primeiro Grande Despertamento, descreve os fatos acontecidos em suas reuniões na América do Norte:
O contágio propagou-se rapidamente por todo o salão. Muitos jovens e crianças... pareciam vencidos pelo senso de grandeza e glória das coisas divinas. Portavam-se com admiração, amor, alegria, louvor e compaixão para com os que se consideravam perdidos. Outros achavam-se vencidos pela agonia em razão de seu estado pecaminoso. Enfim, no salão não havia senão choros, desmaios e coisas parecidas. [...] era mui frequente ver uma casa repleta de clamores, desmaios, convulsões, tanto em meio à agonia quanto em meio à admiração e à alegria... Isso acontecia com tanta frequência, que alguns, nem conseguiam voltar para casa, mas permaneciam a noite inteira onde estavam.[17]
Apesar de Edwards conviver com tais manifestações, Pearcey dá o seguinte testemunho a seu respeito:
Muitos souberam manter o equilíbrio entre devoção e racionalismo, sendo Jonathan Edwards o principal exemplo. De alta formação educacional, Edwards harmonizou de modo admirável a aprendizagem teológica e o fervor espiritual. Até os historiadores seculares reputam-no um dos maiores eruditos da história americana.[18]
Diferente do que muitos pensam, é possível conciliar poder do Espírito com profundidade teológica. Edwards é um claro exemplo disto.
Durante o Segundo (por volta de 1800) e Terceiro Grande Despertamento (por volta de 1830), períodos que antecederam o início do atual derramar do Espírito, os fenômenos continuaram acontecendo. Charles Finney, durante a sua passagem por De Kalb, vivencia a experiência abaixo:
Poucos anos antes, ocorrera ali um reavivamento dirigido pelos metodistas. Fora acompanhado com bastante emoção e com vários casos do que os metodistas chamavam “cair no poder de Deus”. Os presbiterianos haviam resistido ao movimento, e, como consequência, surgiu entre metodistas e presbiterianos um sentimento de hostilidade. Os metodistas acusavam os presbiterianos de terem rejeitado o reavivamento por causa das pessoas quecaíam “no poder”. Pelo que consegui descobrir, existia verdade na acusação, e os presbiterianos haviam decididamente incorrido no erro. Certa noite, não muito tempo depois de eu ter começado a pregar na aldeia, pouco antes de encerrar meu sermão, vi um homem cair da cadeira perto da porta. As pessoas juntaram-se à sua volta para cuidar dele. Pelo que vi, tive a certeza de se tratar de um caso de “cair no poder”, conforme a expressão usada pelos metodistas, pelo que julguei que se tratava de um irmão daquela denominação. Confesso que receei assistir ao retorno do estado de divisão citado anteriormente. No entanto, tomei conhecimento de que quem caírafora um dos membros mais destacados da igreja presbiteriana. É digno de nota o fato que, durante esse reavivamento, tenham ocorrido vários casos semelhantes entre os presbiterianos e nenhum entre os metodistas. Esse fato gerou tantas confissões e esclarecimentos entre os membros de ambas as igrejas que nasceu entre eles um ambiente de grande cordialidade e bons sentimentos.[19]
Citando o relato de Barton W. Stone, uma testemunha ocular do movimentoHoliness, por volta de 1870, que descreve as formas de êxtase ocorridos nos primeiros acampamentos, Vinso Synan escreve[20]:
O exercício da queda era comum a todas as classes: de santos a pecadores de todas as idades e de toda estirpe, de filósofos a palhaços. Esse exercício geralmente consistia em um grito lancinante seguido de uma queda, como de uma árvore, ao assoalho, à terra ou no meio da lama, e a pessoa ficava como morta. Num desses encontros, duas alegres jovens irmãs, de repente emitiram um som agudo de lamento e ficaram caídas,inertes, por mais de uma hora. Finalmente, deram sinal de vida, clamando aflitas por misericórdia, e então retornaram ao estado de inércia. O aspecto do semblante delas era horrível. Depois de certo tempo, a deformação foi desaparecendo até ser substituída por um sorriso celestial, e elas gritavam: “Preciso Jesus!”. Então, elas se levantaram e começaram a dar testemunho do amor de Deus.
Manifestações no avivamento do País de Gales
Frank Bartleman, evangelista pentecostal, crítico e cronista das origens do movimento[21], registra a presença de fenômenos espirituais no ministério de Evan Roberts, líder do avivamento no País de Gales:
Outro escritor declarou que não era a eloquência de Evan Roberts que comovia o povo; eram suas lágrimas. Ele os quebrantava, chorando amargamente para que Deus os dobrasse em tal agonia que as lágrimas escorriam pelo seu rosto e todo o seu corpo tremia. Homens fortes eram quebrantados e choravam como crianças. As mulheres gritavam de medo. O barulho do choro e dos gritos enchia o ar. Quando sua agonia se tornava maior, Evan Roberts chegava a cair diante do púlpito, enquanto muitos dentre o povo chegavam a desmaiar.[22]
Manifestações no início do moderno Movimento Pentecostal.
Quando o derramar no Espírito irrompeu em Los Angeles, especialmente nas reuniões da Rua Azusa, lideradas por William J. Seymour, nas reuniões da Igreja Batista do Novo Testamento, liderada por Joseph Smale e nas reuniões da Rua Eighth com Maple,lideradas por Frank Bartleman, alguns dos fenômenos que aconteciam nos acampamentos Holiness se fizeram presentes ali também. Bartleman, escrevendo em 1925 sobre como o Pentecostes chegou em Los Angeles, relata os seguintes fatos:
Alguém podia estar falando. Repentinamente, o Espírito caía sobre toda a congregação. Deus mesmo fazia os apelos. Homens caíam por toda a casa como mortos numa batalha, ou corriam ao altar em massa buscando a Deus. A cena muitas vezes parecia uma floresta cheia de árvores caídas.[23]
A Igreja do Novo Testamento recebeu se “Pentecostes” ontem. Foi maravilhoso. Homens e mulheres ficaram prostrados diante da quantidade de poder que havia no local. Uma atmosfera celestial invadiu todo o ambiente. Eu nunca antes ouvira cantar daquela maneira. Era uma melodia que parecia vir direto do trono de Deus.[...] Na Igreja do Novo Testamento, uma jovem requintada ficou durante horas protrada no chão.De vez em quando, os mais belos cantos celestiais saíam de sua boca. Subiam até o trono de Deus e depois morriam numa melodia que não era terrena. Cantava: “Louvado seja Deus! Louvado seja Deus!” Na casa inteira homens e mulheres choravam. Um pregador estava deitado com o rosto no chão, “morrendo”. O “Pentecostes” havia chegado.[24]
O trabalho é para valer. Deus está conosco com grande autenticidade. Não ousamos pensar em ninharias. Homens fortes ficam durante horas prostrados sob o poder de Deus, cortados como grama. O avivamento será mundial sem dúvida.[25]
O peso da glória era tal que só podíamos ficar prostrados com o rosto em terra. Pormuito tempo não podíamos nem ficar sentados. Todos ficavam com o rosto no chão, alguns durante o culto inteiro. Eu raramente conseguia sair desta posição, prostado inteiramente com o rosto no chão.[26]
Uma noite nessa época quando eu estava pregando sobre Cristo, colocando-o diante do povo no seu devido lugar, o Espírito testificou de tal forma o seu agrado que fui tomado pela sua presença e caí inerte no chão sob uma poderosa revelação de Jesus na minha alma. Caí a seus pés como João na ilha de Patmos.[27]
Depois, uma senhora idosa de doces feições, uma luterana alemã, testemunhou que quando ouviu o povo louvando a Deus em línguas, orou para ser batizada no Espírito.Depois que estava já deitada começou a falar em línguas e louvou ao Senhor a noite inteira, para espanto de seus filhos.[28]
Uma jovem nessa reunião nessa reunião pela primeira vez foi visitada pelo Espírito eficou meia hora com o rosto brilhando, deitada no chão, sem perceber os que estavam a seu redor, tendo visões indescritíveis. Logo começou a dizer: “Glória! Glória a Jesus!” e falou fluentemente numa língua estranha.[29]
Como se vê nos relatos acima, o “cair no Espírito”, fenômeno bem frequente nos Grandes Despertamentos e nas reuniões pentecostais em Los Angeles, não seguiam um padrão único, sendo descrito como “desmaios e coisas parecidas”, “cair no poder de Deus”, “ficar como morto”, “caídos como mortos numa batalha”, “uma floresta cheia de árvores caídas”, “cortados como grama”, “prostrados com o rosto no chão”, “deitados no chão”.
Os pioneiros do Movimento Pentecostal no Brasil, Daniel Berg e Gunnar Vingren, foram influenciados diretamente por William H. Durhan, pastor da North Avenue Mission de Chicago, um dos berços do pentecostalismo moderno. Em algumas reuniões naquela igreja: uma densa "neblina... como fumaça azul" frequentemente repousava sobre a Missão. Quando isto acontecia, as pessoas que entravam no prédio "caiam" nos corredores (ARAÚJO, 2007, p. 278 apudMiller, 1986, p. 123)
O pastor sueco Lewi Petrus, um dos apoiadores e mantenedores de Daniel Berg e Gunnar Vingren , escreve em sua biografia:
Na noite do mesmo dia a mãe do jovem veio até mim e pediu-me para que eu colocasse as mãos na cabeça de seu filho [...] Em seguida, fui até o jovem que estava ajoelhado ao lado do banco; coloquei minhas mãos sobre ele e assim que comecei a orar o Espírito Santo caiu sobre o jovem com um poder esmagador. Ele foi jogado no chão por causa do poder de Deus e o louvou em alta voz. Logo depois começou a falar em línguas, tornando-se, pelo que me lembro, o primeiro entre os amigos do lugar a receber esse dom. (PETRUS, 2004, p. 80)
Do registro deste fenômeno no início do atual Movimento Pentecostal mundial, passaremos agora a identificá-lo nos primórdios do Movimento Pentecostal no Brasil.
Manifestações no início do Movimento Pentecostal no Brasil
Em seu diário pessoal, Gunnar Vingren, pioneiro das Assembleias de Deus no Brasil, relata um caso de “cair no poder”:
Realizamos um culto de oração na casa da família Brito esta noite. Cerca de 20 pessoas estavam presentes. Quatro moças sentiram o poder de Deus de maneira maravilhosa. Uma delas sentiu tanto o peso dos seus pecados, que começou a chorar e a pedir perdão. Uma amiga sua, que não era crente,sentiu também o poder de Deus de uma maneira tão forte que caiu de costas no chão e começou a clamar a Deus pelo perdão dos seus pecados. Depois o Espírito Santo desceu sobre ela e ela começou a falar em outra língua e a cantar um hino espiritual no novo idioma, que recebera de Deus. Também cantou um hino em português, enquanto o poder de Deus estava sobre ela. Os vizinhos ficaram zangados com o barulho que fizemos. O culto de oração terminou à meia-noite.[30]
Como pode ser observado, assim como os casos descritos ao longo da história, o fenômeno “cair no poder” nunca seguia um padrão único de manifestação. Em alguns casos as pessoas caíam de rosto em terra, em outros casos caíam de costas, em algumas situações ficavam desacordadas, enquanto em outras permaneciam conscientes, tremiam, falavam em línguas, louvavam a Deus, tinham visões, etc..
As atuais manifestações da “Cair no Espírito” à luz das evidências históricas
Assim como no caso do “rir debaixo do poder”, quando se analisa o “cair no Espírito” à luz das narrativas históricas, percebem-se algumas diferenças do atual movimento nas igrejas pentecostais e neopentecostais:
- As manifestações das “cair no Espírito” não eram manipulações psicológicas;
- Não se marcava culto para “cair no Espírito”;
- “Cair no Espírito” era uma manifestação espontânea;
- Não se idolatrava “pregadores” ou “mestres” por serem portadores de uma unção especial do “cair no Espírito”;
- O culto não girava em torno da manifestação do “cair no Espírito”;
O comentário de Jack Deere, ex-professor do Seminário Teológico de Dallas,EUA, é bastante pertinente:
Diante das manifestações físicas causadas pela obra de Deus, devemos nos alegrar, mas jamais glorificá-las. Se as glorificamos, estaremos levando o povo a falsas crenças e ênfases equivocadas. Pois o mais importante não são as manifestações, mas as obras que as provocam. A obra do Espírito deve ser honrada na convicção, na cura e no livramento; jamais deve ser honrada por causa de sua reação.[31]
O “Cair no Espírito” e o argumento da falta de evidência bíblica
Assim como no caso do “rir debaixo do poder” (ou “unção do riso”), a principal objeção para o “cair no Espírito” é a suposta falta de evidência bíblica acerca do fenômeno. Como já me pronunciei tratando sobre o “rir debaixo do poder”, não acredito que todas as possibilidades de manifestação do poder do Espírito estão restritas às páginas da Bíblia. Escrevendo, por exemplo, sobre os atos de Jesus, o evangelista João declara
Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém! (Jo 21.25, ARC)
Sobre a falta de evidência bíblica para fenômenos espirituais, Deere argumenta
Testar os frutos de uma obra é absolutamente essencial nos casos em que as Escrituras não se manifestam. Esse teste também é aplicável aos que, embora esposem doutrinas corretas, o fruto de suas vidas e de seu ministério não se harmoniza com tais doutrinas. Conscientes ou inconscientemente os tais enganam-se a si mesmos. Não devemos avaliar algo mediante a sua bizarria ou estranheza. O estranho não é regra bíblica para se determinar se uma ação ou ministério procedem ou não de Deus. Suponhamos que víssemos um alcoólatra, que espanca a sua esposa e é inimigo de Deus, gritando e, de repente, cair imóvel por 24 horas durante uma reunião religiosa. E, se o tal homem se levantasse para nunca mais beber ou bater na esposa? E se ele começasse a amar a Deus acima de tudo? E começasse a amar a Deus e à sua Palavra? Por mais bizarro que isso nos parecesse, teríamos que extrair daí a seguinte conclusão: o Espírito Santo realmente operou nessa vida. Pois nem o diabo, nem libertam do vício. Tais coisas aconteceram e continuam a acontecer durante os avivamentos.[32]
No atual meio pentecostal assembleiano não é incomum em algumas reuniões e eventos a manifestação do cair no Espírito. Em alguns casos a apelação e a manipulação por parte de alguns pregadores é escancarada e vergonhosa, enquanto que em outros, sem nenhum tipo de indução, as pessoas “caem no poder”.
Concluindo, abusos, meninice, demônios, modismos ou qualquer outro tipo de interpretação sobre o “cair no Espírito” precisa ser resultado de um julgamento imparcial e com discernimento espiritual, antes da condenação e repúdio total do referido fenômeno.


[1] Romeiro, 1997, p. 75.
[2] Ibid., p. 77.
[3] Ibid., p. 71
[4] Zibordi, 2006, p. 34.
[5] Gonçalves, 2012, p. 8.
[6] Cesaréia, 2003, p. 182.
[7] Ibid., p. 12.
[8] Olson, 2001, p. 30.
[9] Cairns,1988, p. 82-83.
[10] Sherrill, 2005, p. 102.
[11] Ibid., p. 31
[12] Synan, 2009, p. 34.
[13] Ibid.
[14] Leal, 2010, p. 1577 .
[15] Deere, 2009, p. 92-94.
[16] Wesley, 2009, p. 105-106.
[17] Deere, ibid., p. 93
[18] Pearcey, 2006, p. 300.
[19] Rossel & Dupuis, 2006, p. 139-140.
[20] Synan, 2009, p. 53-54.
[21] Araújo, 2007, p. 117.
[22] Bartleman, 1981, p. 25.
[23] Ibid., p. 48.
[24] Ibid., p. 50-51.
[25] Ibid. p. 54.
[26] Ibid. p. 58.
[27] Ibid., p. 75-76.
[28] Ibid., p. 78.
[29] Ibid., p. 79.
[30] Ibid., p. 131.
[31] Deere, 2009, p. 99.
[32] Ibid., p. 98-99.

Referências Bibliográficas
ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos: Uma história da igreja cristã. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1988.
CESARÉIA, Eusébio de. História Eclesiástica: os primeiros quatro séculos da igreja cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
DEERE, Jack. Surpreendido pelo poder do Espírito. 9. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
GONÇALVES, José. O surgimento da Teologia da Prosperidade in Lições Bíblicas, 1º Trimestre de 2012. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
LEAL, Jerônimo. Tertuliano, in Berardino, Angelo di; Fedalto, Giorgio; Simonetti, Manlio.Dicionário de Literatura Patrística. São Paulo: Editora Ave-Maria, 2010.
OLSON, Roger. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Vida, 2001.
PEARCEY, Nancy. Verdade absoluta: libertando o cristianismo de seu cativeiro cultural. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
PETRUS, Lewi. Lewi Petrus: a vida e obra do missionário sueco que expandiu a mensagem pentecostal no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em crise: decadência doutrinária na igreja brasileira. 3. ed.: São Paulo: Mundo Cristão, 1997.
ROSELL, Garth; DUPUIS Richard. Memórias originais de Charles G. Finney: uma narrativa de reavivamentos que marcaram a história. São Paulo: Editora Vida, 2006.
SHERRILL, John L. Eles falam em outras línguas. São Paulo: Arte Editorial, 2005.
SYNAN, Vinson. O século do Espírito Santo: 100 anos de avivamento pentecostal e carismático. São Paulo: Vida, 2009.
ZIBORDI, Ciro Sanches. Evangelhos que Paulo jamais pregaria. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
WESLEY, John. O diário de John Wesley: o pai do metodismo. São Paulo: Arte Editorial, 2009.

sexta-feira, 22 de junho de 2012


Por que Deus permitiu poligamia na Bíblia?




 A questão de poligamia na Bíblia é bem interessante porque a maioria das pessoas enxerga poligamia como imoral, apesar de que não podemos encontrar nenhuma passagem que explicitamente condena tal ato. O primeiro exemplo de poligamia / bigamia na Bíblia foi Lameque em Gênesis 4:19: “E tomou Lameque para si duas mulheres…” Vários homens importantes na Bíblia eram polígamos. Abraão, Jacó, Davi, Salomão e outros tinham várias mulheres. Em 2 Samuel 12:8, Deus, falando através do profeta Natã, disse que se as esposas e concubinas de Davi não fossem suficientes, Ele teria providenciado ainda mais para Davi. Salomão tinha 700 esposas e 300 concubinas (esposas de um status inferior) de acordo com 1 Reis 11:3. Como devemos lidar com esses exemplos de poligamia no Velho Testamento? Há três perguntas que precisam ser respondidas. (1)Por que Deus permitiu poligamia no Velho Testamento? (2) Como Deus enxerga poligamia hoje? (3)Por que houve uma mudança?
 
Por que Deus permitiu poligamia no Velho Testamento?

        A Bíblia não diz especificamente porque Deus permitiu poligamia. O melhor que podemos fazer é elaborar especulações “informadas”. Há alguns fatores importantes a serem considerados. Primeiro, sempre tem existido mais mulheres no mundo do que homens. Estatísticas atuais mostram que aproximadamente 50.5% da população mundial são mulheres, com homens sendo 49.5%. Ao supor que também era assim nos tempos antigos, e ao multiplicar por milhões de pessoas, haveria dezenas de milhares de mulheres a mais do que os homens. Segundo, guerras nos tempos antigos eram muito brutais, com uma taxa de mortalidade muito alta. Isso teria resultado em uma porcentagem ainda maior de mulheres. Terceiro, devido a sociedades patriarcais, era praticamente impossível que uma mulher solteira providenciasse para si mesma. As mulheres frequentemente não tinham nenhuma educação ou treino. As mulheres dependiam de seus pais, irmãos e maridos para sua provisão e proteção. Mulheres solteiras eram sujeitas frequentemente à prostituição e escravidão. Quarto, a diferença significante entre o número de mulheres e homens teria deixado muitas, muitas mulheres em um situação muito indesejável.
         Então, aparenta ser o caso que Deus permitiu poligamia para proteger e providenciar pelas mulheres que provavelmente não achariam um marido de outra forma. Um homem que tinha várias esposas providenciava e protegia todas elas. Enquanto acreditamos que esse não era o ideal, viver em um lar polígamo era melhor do que as outras alternativas: prostituição, escravidão, fome, etc. Além de proteção e provisão, poligamia capacitou um crescimento muito mais rápido da humanidade, realizando o comando de Deus de “sede fecundos e multiplicai-vos/ povoai a terra e multiplicai-vos nela” (Gênesis 9:7). Homens são capazes de engravidar várias mulheres no mesmo período de tempo… causando um crescimento na humanidade muito mais rápido do que se cada homem pudesse produzir apenas uma criança a cada ano.
 
Como Deus enxerga poligamia nos dias de hoje?

        Mesmo quando permitiu poligamia, a Bíblia apresenta monogamia como o plano que mais se conforma com o plano ideal de Deus para o casamento. A Bíblia diz que a intenção original de Deus era para que um homem fosse casado com uma só mulher:
 
“Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher (não mulheres), tornando-se os dois uma só carne (não várias carnes)” (Gênesis 2:24).

        Enquanto Gênesis 2:24 está descrevendo o que o casamento é, ao invés de quantas pessoas estão envolvidas, o uso consistente do singular deve ser destacado. Em Deuteronômio 17:14-20, Deus disse que os reis não deviam multiplicar esposas (ou cavalos ou ouro). Enquanto isso não pode ser interpretado como um comando para que os reis fossem monogamistas, ainda pode ser entendido que ter várias mulheres causa problemas. Isso pode ser visto claramente na vida de Salomão (1 Reis 11:3-4).
         No Novo Testamento, 1 Timóteo 3:2,12 e Tito 1:6 dá “marido de uma só esposa” como uma das qualificações para liderança espiritual. Há certo debate em relação ao que essa qualificação significa. A frase pode ser traduzida literalmente como “homem de uma mulher só”. Se esta frase está ou não se referindo exclusivamente à poligamia, de forma alguma pode um polígamo ser considerado “marido de uma só esposa”. Mesmo que essas qualificações sejam especificamente para posições de liderança espiritual, elas devem ser adotadas igualmente por todos os Cristãos. Não devem todos os Cristãos ser
 
“irrepreensível…temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento…” (1 Timóteo 3:2-4)

        Se somos chamados a ser santos (1 Pedro 1:16), e se esses padrões são santos para os presbíteros e diáconos, então esse padrões são santos para todos.

 
         Efésios 5:22-23, uma passagem que fala do relacionamento entre maridos e esposas, quando se refere a um marido (singular) também se refere a uma esposa (singular).
 
“…porque o marido é o cabeça da mulher (singular)… Quem ama a esposa (singular) a si mesmo se ama. Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher (singular), e se tornarão os dois uma só carne… cada um de per si também ame a própria esposa (esposa) como a si mesmo, e a esposa (singular) respeite ao marido (singular)”.

        Enquanto uma outra passagem paralela, Colossenses 3:18-19, refere-se a maridos e esposas no plural, é bem claro que Paulo está se dirigindo a todos os maridos e esposas entre os crentes de Colosso; ele de forma alguma está afirmando que um marido pode ter várias esposas. Em contraste, Efésios 5:22-33 está descrevendo especificamente o relacionamento matrimonial. Se poligamia é permitido, toda a ilustração do relacionamento de Cristo com o Seu corpo (a igreja), e o relacionamento do marido com sua mulher, cai aos pedaços.
 
Por que houve uma mudança?

        Não é uma questão de Deus desaprovando algo que Ele previamente aprovou, mas sim uma questão de Deus restaurando o casamento ao Seu plano original. Mesmo quando estudamos Adão e Eva (não Evas), poligamia não era a intenção original de Deus. Deus aparenta ter permitido poligamia para resolver um problema, mas era o Seu desejo que esse problema nunca tivesse ocorrido. Na maioria das sociedades modernas, não há necessidade alguma para poligamia. Em muitas culturas de hoje, as mulheres podem se proteger e providenciar para si mesmas – removendo o único aspecto“positivo” de poligamia. Além disso, muitas nações modernas declaram poligamia ilegal. De acordo com Romanos 13:1-7, devemos obedecer as leis que o governo estabelece. A única situação onde desobedecer a lei é permitido nas Escrituras é se a lei contradiz os comandos de Deus (Atos 5:29). Já que Deus apenas permite poligamia, mas não faz dela um comando, uma lei que proíbe poligamia deve ser respeitada.
         Será que existem algumas situações onde poligamia seria aceito ainda hoje? Talvez… mas é insondável que não existiria nenhuma outra solução. Devido ao aspecto de “uma só carne” do casamento, à necessidade de união e harmonia no casamento e à falta de uma necessidade verdadeira para a existência de poligamia, somos firmes na crença de que poligamia não honra a Deus e que não é o Seu plano para o casamento.


Fonte- Mídia Gospel

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