segunda-feira, 8 de julho de 2013

Paulo e a Igreja de Filipos



Texto Áureo: Fp. 1.9 – Leitura Bíblica: Fp. 1.1-11

INTRODUÇÃO

Estamos iniciando mais um trimestre na Escola Bíblica Dominical, e desta feita, estudaremos a Epístola de Paulo aos Filipenses. Na aula de hoje introduziremos essa que é uma das mais apreciadas cartas do Apóstolo. Inicialmente, mostraremos a relação de Paulo com essa igreja, em seguida, seu propósito, e, ao final, algumas características da Epístola que revelam Cristo como nossa maior Alegria, e exemplo inconfundível de humildade.

1. PAULO E A CIDADE DE FILIPOS

A meta de Paulo era inicialmente adentrar a província romana da Ásia por ocasião da sua Segunda Viagem Missionária, mas não obteve êxito. Por isso, tomou a direção do norte, para a Antioquia da Pisídia, atravessando a cordilheira montanhosa do Sultão Dagh, e prosseguindo para o norte, aonde chega aos limites da Bitínia, uma província senatorial a noroeste da Ásia (At. 16.6). Mas ao tentar entrar na Bitínia, pela estrada do norte, para a Nicomédia, Paulo foi impedido novamente (At. 16.7), voltando-se para oeste. Em seguida desceu para a costa de Trôade, onde recebeu uma visão, a qual o desafiou: “Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At. 16.9). Em companhia de Lucas, viajou imediatamente para Samotrácia, chegando a Filipos. De acordo com o relato de At. 16.12, essa cidade era da Macedônia, “primeira do distrito, e colônia”. A relevância dessa cidade remete ao Sec. IV a. C., quando Filipe II, da Macedônia, tomou-a dos tracianos. Por isso ela recebeu esse nome, em sua própria homenagem. Em 42 a. C., essa cidade foi cenário da batalha entre as forças republicanas de Brutos e Cassius e as imperiais de Otávio e Antonio. Por volta de 52 d. C., Paulo, acompanhado por Silas e Timóteo, chega à cidade de Filipos, durante sua Segunda Viagem Missionária (At. 15.40; 16.1-3). O grupo apostólico se encontra com Lídia, de Tiatira, uma comerciante que negociava púrpura (At. 16.14), que se converte a Cristo, levando o primeiro grupo de cristãos de Filipos a congregar-se em sua casa (At. 16.15). O contexto religioso daquela cidade era de sincretismo, o panteão grego de deuses congregava uma série de divindades, tanto de origem grega quanto romana. A deusa Artemis era adorada, sob o nome de Bendis, Marte também era adorado, como deus tanto da agricultura quanto da guerra. Esse sincretismo religioso pode ser atestado em At. 16.16, em que uma jovem escrava era usada por um espírito de adivinhação. Paulo e Silas, após expulsarem aquele espírito da jovem, são presos por causarem prejuízo, sendo posteriormente libertos, tendo a oportunidade de plantar uma igreja naquela cidade (At. 16.16-40). Paulo teve a oportunidade de visitar a igreja de Filipos durante sua Terceira Viagem Missionária (At. 20.3-6).

2. DATAÇÃO, PROPÓSITO E ESTRUTURA

A Epístola de Paulo aos Filipenses está categorizada entre as Cartas da Prisão, as outras seriam Colossenses, Efésios e Filemon. A data provável de escrita é entre 60 a 63 d. C., em Roma, local no qual o Apóstolo estava em prisão domiciliar (At. 28.30,31). O objetivo do Apóstolo, nessa epístola, é agradecer uma oferta generosa que lhe fora enviada pelos filipenses, cujo portador foi Epafrodito (Fp. 4.14-19); e também para fortalecer a fé deles, mostrando que a verdadeira alegria é Jesus Cristo. A expressão-chave da Epístola aos Filipenses se encontra em Fp. 4.4: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos!”. O conceito de alegria, chara em grego, aparece 16 vezes em quatro capítulos. É maravilhoso observar que o Apóstolo, mesmo se encontrando em situação adversa, em pobreza extrema, não perdeu a alegria, que é um dos aspectos do fruto do Espírito (Gl. 5.22). Isso porque, conforme atestaremos mais adiante, ele aprendeu a viver contente (Fp. 4.11,12), a encontrar a verdadeira alegria ao focar sua atenção no conhecimento de Cristo (Fp. 3.8), e a obedecer-LHE incondicionalmente (Fp. 3.12,13). O conteúdo da Epístola pode ser assim sumarizado: 1) alegria apesar das vicissitudes da vida (Fp. 1.4,12; 2.17); 2) humildade e serviço como característica do verdadeiro cristão (Fp. 2.1-6); e 3) o valor inestimável de conhecer as profundezas de Cristo, a fonte da alegria (Fp. 3.1-21). Essa Epístola é altamente cristocêntrica, mostrando a comunhão do Apóstolo com Cristo (Fp. 1.21). Existem várias propostas de estrutura, a seguir destacamos uma delas: Introdução (1.1-11) – Saudações e Ações de Graça; As circunstâncias em que Paulo se encontrava (1.12-26) – O avanço do evangelho por causa da prisão de Paulo; a Proclamação de Cristo de todas as maneiras; A disposição de Paulo para viver ou morrer; Assuntos de Interesse da Igreja (1.27-4.9) – Exortação de Paulo aos Filipenses – perseverança, unidade, humildade, serviço e obediência; Os mensageiros de Paulo à Igreja – Timóteo e Epafrodito; Advertência de Paulo a respeito de falsos ensinamentos – a falsa e a verdadeira circuncisão – a mentalidade terrena diante da espiritual; Conselhos finais de Paulo – firmeza, harmonia, alegria, equidade, liberdade da ansiedade, controla da mente; Conclusão (4.10-23) – Reconhecimento e gratidão pela oferta; saudações e benção final.

3. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Paulo, juntamente com Timóteo, servos de Jesus Cristo, dirigem essa Epístola aos “santos em Cristo que estão em Filipos”, esse adjetivo “santo” diz respeito àqueles que creem em Cristo (Fp. 1.1). Isso porque esses filipenses, tal como os coríntios, foram santificados em Cristo Jesus, que também os chamou para a santificação (Rm. 1.6,7; I Co. 1.12). A expressão “em Cristo” é relevante nas epístolas paulinas, pois revela que a salvação vem dessa condição. Por causa dela, podemos desfrutas da “graça e paz”, do favor imerecido de Deus (Ef. 1.7), e da paz com Deus, podendo, agora, nos aproximar dEle (Rm. 5.1; Cl.1.20). Em Fp. 1.3-7, Paulo agradece a Deus e intercede pelos filipenses, reconhecendo que o Senhor começou uma boa obra na vida deles, e que a completará. O verbo começar, em grego, é enarchomai, que dá ideia de inaugurar. Ele levará adiante o que começou, não desistirá, pois o verbo, no original, revela intensificação. Isso quer dizer que Deus, em cada detalhe das nossas vidas, está trabalhando para construir nosso caráter. Sua meta é nos conduzir até aquele dia, no qual Cristo aparecerá, para arrebatar a Sua igreja (I Ts. 4.13-17; II Ts. 1.10). Enquanto isso, o Apóstolo revela sua preocupação com a expansão do evangelho, do qual os filipenses são também participantes, sendo nele também perseverantes. Essa é uma verdade que Paulo destacará nessa Epístola, que a fé deve nos levar a seguir adiante, apesar das circunstâncias. Essa fé, fundamentada no genuíno amor cristão, deve ser abundante. O alicerce da fé que gera crescimento é o amor, que deve está atrelado ao conhecimento e discernimento, com vistas à sinceridade. Existem muitas versões de cristianismos e evangelhos atualmente. Mas essas não apresentam “frutos de justiça”, e o pior, não são “para glória e louvor de Deus” (Fp. 1.11). A marca da verdadeira fé, e que conduz ao crescimento, é o amor, que deve abundar sempre mais. Todas as versões de cristianismos devem ser avaliadas com base nesse critério, pois é o amor que mostra nossa nova natureza em Cristo (II Co. 5,17), e que somos participantes da natureza divina (II Pe. 1.3,4).CONCLUSÃO
A Epístola de Paulo aos Filipenses, a ser estudada ao longo deste trimestre, terá como foco a revelação da pessoa de Cristo. Na medida em que temos consciência que estamos nEle, poderemos crescer em amor cada vez mais, mostrando que somos participantes do Seu evangelho. Nesses dias difíceis, nos quais outros evangelhos têm sido pregados, que sejamos despertados por essa mensagem para uma vida de humildade, sobretudo de alegria, independentemente das circunstâncias.

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