terça-feira, 20 de setembro de 2016

Prega a Palavra – 10 erros a evitar


“Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Timóteo 4.2)

Que pregues a palavra…”

Creio que essa era a principal preocupação do apóstolo Paulo ao escrever esta segunda carta a Timóteo. De fato, o jovem Timóteo jamais deveria ser levado por outras distrações que lhe desviasse o foco da mensagem cristocêntrica. Podemos dizer que o conselho dado a Timóteo não tem sido muito bem aproveitado por muitos pregadores do século 21. Em muitas igrejas o foco da mensagem cristocêntrica tem sido substituído por outras coisas totalmente alheias e desnecessárias.
Temos visto muitas “pregações” que nos deixam estupefatos e até mesmo preocupados. Devemos esclarecer que o nosso objetivo aqui não é ensinar a pregar a palavra, mas identificar e alertar sobre alguns desvios cometidos no meio do arraial dos santos. Mencionaremos pelo menos 10 incoveniências que freqüentemente ocorrem nos púlpitos de nossas igrejas, os quais devem ser evitados:

1. Abandonar o texto

Pregar a Palavra não consiste em ler um texto bíblico e imediatamente abandoná-lo para em seguida falar da própria experiência, dos sonhos, visões e conquistas espirituais e seculares. Por mais que tenha algo de interessante, nada deve substituir a exposição da Palavra. A exposição da Palavra por sua vez não deve ser confundida com a narração de várias histórias sem vínculo algum com a passagem em pauta. Iniciar, por exemplo, com a parábola do filho pródigo e completar com a cura do cego de Jericó e concluir com a mulher samaritana sem fazer a devida contextualização e aplicação prática. Isto feito pouco se aproveita. A falta de objetivo na pregação dificulta a compreensão por parte dos ouvintes. Esse tipo de pregação tem sido muito favorável às conversações paralelas na igreja.


Pregar não é citar intelectuais do mundo secular, dizendo o que eles pensam ou pensavam sobre Deus, sobre o pecado e sobre quaisquer assuntos espirituais. A igreja não está interessada em saber o que um sociólogo, psicólogo, ou filósofo tal disse sobre Deus, sobre o pecado, sobre a família, etc. O que importa para a igreja é o que Deus diz em Sua palavra.

2. Usar citações indevidas

Um homem por mais intelectual que seja, se não for um homem de Deus, a sua teologia não é correta, e portanto descartável. Sempre que o apóstolo Paulo precisava fundamentar seus argumentos ele se expressava assim: “Mas o que diz a Escritura?” (Gálatas 4.30)

3. Exagerar falando das novidades do mundo secular

Igualmente, pregar não é gastar boa parte do tempo tempo falando das tecnologias do século 21, de política ou mesmo comentar conteúdo de filmes, novelas ou noticiários veiculados na internet.
Não somos contra a informação e precisamos dela, mas a igreja não se reuniu para isto. O que acontece? Jesus foi bem claro em Lucas 6.45: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca.” A igreja se reuniu com objetivos específicos voltados à adoração. Ela jamais deve ser confundida com os atenienses, os quais nos dias de Paulo se ocupavam apenas em ouvir ou dizer as últimas novidades.

4. Testemunhar negativamente

Pregar não é falar detalhadamente sobre a nossa vida de pecado antes de receber a Cristo como Salvador, isto só gera constrangimento. Sim, testemunhos devem ser dados, mas só são proveitosos quando se tem em mente 1 Pedro 4.11: “Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém.”

5. Ter visão distorcida da glória de Deus

Igualmente pregar a Palavra não é avisar a igreja o tempo todo que vai descer a glória de Deus e nada acontece! A igreja cansa de esperar por esse momento “glorioso” o qual nunca chega. Qualquer crente instruído na Palavra de Deus sabe que a glória de Deus não se manifesta através desses expedientes. O máximo que esses “pregadores” conseguem é transmitir uma ideia errada acerca da glória de Deus, principalmente para os novos convertidos.

6. Querer atuar no lugar do Espírito

Pregar não é tratar asperamente a igreja porque ela não está dando “glória a Deus.” Qualquer pessoa sabe que quando o pregador está sob a unção do Espírito a igreja glorifica a Deus naturalmente sem pressão nenhuma. Comandos dessa natureza são indícios de que o pregador não orou, não se consagrou e negligenciou o estudo da Palavra. Ele deveria pelo menos lembrar que a igreja continua sendo a noiva de Cristo! Imagine como Cristo se sente vendo alguém brigando com a noiva dele!

7. Dar comandos exclusivistas

Pregar igualmente não é emitir comandos exclusivistas do tipo: “Só quem vai morar no céu levanta a mão ai” Se essa insinuação fosse verdadeira, alguém que sofresse de bursite não iria para o céu! Nem é necessário dizer que a nossa salvação depende destes modismos baratos para ser verdade. Graças a Deus, pela liberdade que temos em Cristo não somos obrigados a obedecer esses tipos de comando.

8. Manifestar inimizade

Pregar não é desabafar ou discordar direta ou indiretamente do pastor, dirigente da congregação, ou mesmo de qualquer membro da igreja. Esta “sabedoria” nunca servirá para a edificação da  igreja. Em Tiago 3.14-16 temos uma alerta de Deus: “Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.” Púlpito nunca foi lugar para desabafo!

9. Usar lendas e mitos como ilustrações

Pregar não é se valer de mitos ou lendas para ilustrar a mensagem. Embora essas história contenham lições morais, jamais tem autoridade para ilustrar a verdade da palavra de Deus. Diga-se de passagem, Deus jamais precisou de uma ajuda extra do diabo (que é o pai da mentira) para ilustrar a Verdade de sua Palavra. Para isso Deus nos deixou todo o Antigo Testamento e as parábolas de Jesus, estas são perfeitas ilustrações para qualquer doutrina bíblica.

10. Gritar em vez de pregar

Pregar não é ordenar publicamente ao sonoplasta que aumente o volume do microfone apenas para exibir a “excelência” do timbre de voz do pregador. Na verdade gritaria nada tem nada a ver com unção. Para muitos pregadores a igreja é composta apenas de surdos e, diga-se de passagem, é também por esta causa que muitos não-crentes não põem mais os pés no prédio da igreja. A Bíblia diz que Apolo pregava com veemência, mas em Atos 18.24 a qualidade mais destacada de Apolo era esta que ele era eloquente e poderoso nas Escrituras.
Devemos apenas lembrar que a pregação deve ser cristocêntrica do começo ao fim, sem subterfúgios para citações descabidas e modismos absurdos. A exposição do evangelho de Cristo deve ser feita de forma simples e pura. Isto é o suficiente para que a igreja seja edificada e os pecadores entendam o plano de Deus para a salvação.
John MacArhur, pastor norte-americano, quando manifestou a seu pai o desejo de ser pregador, imediatamente o pai lhe deu uma Bíblia na qual escreveu:
 “Pregue a Palavra”. De fato, quem se propor à pregação da Palavra deve estar atento ao significado de “manejar bem a Palavra da verdade” (2 Tm 2.15)

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A Missão dos Doze Discípulos

ESCOLA DOMINICAL BETEL                                           Conteúdo da Lição 12 - Revista da Editora Betel



A Missão dos Doze Discípulos
18 de setembro de 2016



Texto Áureo

“1 E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem e para curarem toda enfermidade e todo mal”. Mateus 10.1


Verdade Aplicada

O Mestre obteve êxito em espalhar as boas novas quando chamou, preparou e enviou os Seus discípulos.

Textos de Referência.


Mateus 10.5-10

5 Jesus enviou estes doze e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos;
6 Mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel;
7 E, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus.
8 Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
9 Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos,
10 Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento.

Introdução

Veremos nesta lição a necessidade de Jesus chamar, instruir e delegar tarefas específicas aos Seus discípulos. Tais movimentos do Mestre servem como modelo para agir evangelisticamente em nossos dias.

1. Chamados à missão.

A tarefa de levar as boas novas às “ovelhas perdidas da de Israel” era extensa, pesada e impossível para um homem só, visto que Jesus deveria atuar dentro de um prazo. Daí a necessidade de o Mestre convocar, instruir e enviar os doze discípulos.

1.1. A natureza da missão.

A missão era basicamente representar o Mestre. Eles deveriam se dirigir à casa de Israel, a começar pela cidade em que residiam, e preparar o ambiente para a chegada de Jesus (Mt 11.1). Todavia, era necessário que eles dessem explicações às pessoas das cidades e aldeias contatadas acerca do propósito deles, pregando-lhes: “é chegado o reino dos céus” (Mt 10.7). Não só deveriam levar a mensagem do Mestre, porém oferecer uma amostra de Seu poder, demonstrando assim que de fato já estava entre eles o Reino de Deus, à medida que cressem, pois haveria cidades e aldeias inteiras que não creriam neles e nem os receberiam (Lc 9.51-56). A missão preparatória e evangelizadora não é fácil, visto ser guerra declarada às trevas.

1.2. Quem foram os convocados?

Os convocados para esta missão foram doze. Quatro dentre esses já andavam com Jesus (Mt 4.18-22). Essa quantidade de convocados aponta para as doze tribos de Israel. Jesus convocou os discípulos que conhecessem a Sua visão e que entendessem do Seu sentimento. Nenhum desconhecido, sem qualquer conhecimento ou precipitado, pôde fazer parte dessa delegação, até porque era uma missão de confiança. Quando uma equipe se prontifica para evangelizar, deve sondar se já possuem boa convivência, se todos estão unânimes e minimamente preparados, para que o inimigo não sabote o trabalho evangelizador.

1.3. Por que eles foram escolhidos?

Jesus chamou a si os que Ele quis. Eram discípulos que depois de preparados se tornariam representantes enviados, isto é, apóstolos. Os pontos em comum que havia entre eles era o fato de serem galileus, de conhecerem Jesus há algum tempo e, possivelmente, tê-lo acompanhado. Por outro lado, não houve critério totalmente uniforme nas escolhas deles, pois havia pescadores, um zelote, um publicano etc. O mais importante, entretanto, era que cada um tivesse real desejo de colaborar, disposição em aprender e que fosse tratável. Não são estes os mesmos critérios hoje a serem aplicados no desenvolvimento de uma equipe evangelística? Claro que sim.

2. Instruídos e delegados para a missão.

A missão deles consistia em representar o mestre junto às aldeias e cidades. Para essa missão, eles foram chamados de apóstolos, que significa “enviado”. Antes, porém, de serem enviados, foi necessário dar-lhes treinamento e delegar-lhes poderes.

2.1. Instruídos aonde ir.

Havia entre os galileus muitas de pessoas que não eram da linhagem hebraica, os apóstolos, porém, deveriam se dirigir às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.5-6). Parece-nos estranho, pois que havia tantas pessoas próximas que precisavam também ser alcançadas. Deus estava comunicando uma nova dispensação e uma salvação perfeita, era justo que começasse pelo povo escolhido primeiro, para depois alcançar os outros. Lembremos que Jesus sabia que chegaria a hora em que seria desprezado, preso e morto. Apesar disso, naquele momento a missão deles foi um sucesso porque o Senhor se viu obrigado a ampliá-la.

2.2. Delegando poderes.

O Reino dos céus chegará e com ele coisas surpreendentes no que tange ao poder de Deus entre os homens. Os discípulos enviados deveriam pregar sobre isso dizendo: “É chegado o reino dos céus”. Jesus outorgou os poderes do Reino: para curar os enfermos, ressuscitar mortos e expulsar demônios, ou seja, o mesmo poder que operava em Jesus também foi conferido a eles (Mt 10.8). O que Jesus fazia já era surpreendente e eles fariam o mesmo pela fé. As portas do inferno seriam abaladas pela obra de nosso Senhor através dos Seus discípulos, posto que muitos vieram a crer nEle e porque as obras das trevas como enfermidades, possessões e mortes foram desfeitas pelo poder de Deus.

2.3. O cuidado que deveriam ter.
Alguns cuidados seriam necessários para que não atrapalhassem a missão (Mt 10.9-13). Eles não deveriam possuir nada que chamasse a atenção para eles mesmos, sem qualquer ostentação de coisas como ouro, prata, duas túnicas, etc. Simplicidade de quem está cumprindo uma missão dos céus entre os homens. Outra coisa importante é que eles deveriam descobrir alguém chave numa localidade, alguém que os acolhesse por causa da mensagem deles. Se eles saudassem a alguém com a paz e essa pessoa fosse digna, seria abençoada com paz. Caso isso não acontecesse, não era ali o lugar de compartilharem a mensagem. Isso nos ensina que não devemos insistir com quem é resistente à Palavra.

3. Enviados para a missão.
Os discípulos estavam prestes a ser enviados pelos termos de Israel a fora. Era necessário ainda que recebessem algumas instruções fundamentais e alertas para que não fossem pegos de surpresa.

3.1. Alertas quanto às perseguições.

Nem sempre eles encontrariam um ambiente e pessoas acolhedoras (Mt 10.16-33). Mesmo entre os judeus, seria como se estivessem entre pagãos, postos que encontrariam pessoas hostis. Seria como ovelhas entre lobos, portanto, deveriam ser amáveis como a pomba e prudentes como serpentes. A evangelização é a luta do bem contra o mal pela posse das almas e os evangelizadores encontrarão sistemas religiosos e governos controlados por demônios. Por isso, os servos de Jesus sofrem até hoje humilhações, processos na justiça e violências físicas, ou seja, as mesmas coisas que Ele sofreu (Mt 10.23).

3.2. As dificuldades e recompensas.

Assim que os contatado começassem a ouvir o Evangelho do Reino, como os apóstolos, sofreriam também (Mt 10.42). O grande campo de provas seria a convivência com a família. Como o Senhor exige lealdade exclusiva, haveria desarmonia entre pais e filhos, nora e sogra, etc. Quem quiser se alinhar a Cristo e receber a vida eterna deve colocar os relacionamentos familiares nas mãos de Deus e permanecer fiel a Ele. Mas se alguém amar os seus pais, filhos, bens mais do que a Cristo é indigno dele. As recompensas aguardam os que receberem bem aos enviados em nome de Jesus.

3.3. A partida para o trabalho.

Depois de convocados, preparados e advertidos dos perigos peculiares à evangelização, os discípulos estavam prontos para irem por todo Israel (Mt 11.1). Mateus omite detalhes sobre o sucesso da missão, porém Lucas não. Eles saíram por todas as aldeias, curando o povo por toda a parte (Lc 9.6). Posteriormente, eles regressaram e, empolgados, trouxeram um positivo relatório (Lc 9.10). Depois de preparados, é hora de partir a contatar as pessoas, posto que preparação demais é perda de tempo e falta de coragem. Temos que aproveitar a liberdade que há em nosso Brasil e compartilhar o Evangelho de modo sério.

Conclusão.

A missão dos doze discípulos é a nossa missão, pois somos uma extensão deles. Quantos deram suas vidas por fidelidade a Jesus Cristo e por amor a nós, para que o Evangelho atravessasse gerações e nos alcançasse. Agora cabe a nós continuar a cumprir essa missão.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

OS DEVERES DOS CÔNJUGES - COMO SALVAR UM CASAMENTO



O casamento traz consigo direitos e deveres. Tanto o marido como a mulher devem algo a seu cônjuge. O ensino das Escrituras é muito claro acerca disto:

“O marido pague a sua mulher o que lhe deve, e da mesma maneira a mulher ao marido”. (1 Coríntios 7.3)

Embora o texto acima fale de algo pertencente à vida sexual, é inegável que este conceito envolve um princípio existente no casamento como um todo. Os que se casaram tem deveres dos quais foram incumbidos por Deus na relação matrimonial. Na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, este texto é apresentado assim: “O homem deve cumprir o seu dever como marido, e a mulher também deve cumprir o seu dever como esposa” (1 Coríntios 7.3 – NTLH).

UMA DÍVIDA A SER PAGA

A palavra usada pelo apóstolo, no original grego, que foi traduzida como “o que lhe deve” (ou, em outras versões, “o que lhe é devido”), de acordo com o Léxico da Concordância de Strong, é “opheilo” e significa “dever; dever dinheiro; estar em débito com; aquilo que é devido; dívida”. Portanto, temos uma dívida a ser paga no casamento. Porém, convido-o a colocar o foco na sua própria dívida, e não na de seu cônjuge, uma vez que, em matéria de relacionamento, temos a inclinação natural de sermos melhores credores do que pagadores. Quase sempre que falo a casais sobre os deveres dos cônjuges percebo que eles sempre dão mais atenção ao que vão cobrar do outro do que à aquilo que eles deveriam fazer… E o que vemos nestes cônjuges é algo muito parecido com a parábola que Jesus contou acerca do credor incompassivo: na hora de cobrar a dívida de outros nunca usam da mesma compreensão e misericórdia que querem que outros tenham com eles.

Como Jesus ensinou, temos a capacidade de ver o cisco no olho do irmão e não reparar na trave que está em nosso próprio olho (Lc 6.41); vemos os “pequenos” defeitos dos outros e não queremos enxergar os nossos próprios grandes defeitos. O fato é que deveríamos focar primeiro em nossa parte dos deveres, até por que assim seria bem mais fácil não somente cobrar, mas estimular o parceiro a também fazer sua parte. Quem dera todo marido e esposa pensasse mais no que ele deve ao seu cônjuge do que naquilo que lhe é devido!

Nosso foco principal na relação conjugal jamais deveria ser os nossos direitos (que de fato possuímos – e pelos quais tanto reclamamos) e sim os nossos deveres! Precisamos viver em função de nossos cônjuges, não em função de nós mesmos. O problema de muitos é que eles entram no matrimônio atrás de um nível de realização que desejam mais para si mesmos do que para o seu companheiro de aliança.

A MENTALIDADE PARASITA

Talvez não haja nada tão destrutivo para um relacionamento como o que chamo de “mentalidade parasita”. No livro de Provérbios lemos acerca disto:

“A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam, sim, quatro que não dizem: basta Elas são a sepultura, a madre estéril, a terra, que não se farta de água, e o fogo, que nunca diz: basta!”. (Provérbios 30.15,16)

A sanguessuga é um verme parasita. Ela estabelece uma associação onde não oferece nada ao hospedeiro e tira dele tudo o que puder. Mas este texto do livro de Provérbios fala da sanguessuga e suas filhas não apenas como quem só quer receber e não nada tem a oferecer; além desta atitude – que já é tão nociva – o texto bíblico acrescenta que, não importa o quanto receba, a pessoa que tem a mentalidade parasita nunca está satisfeita e sempre quer mais!

A definição de parasitas encontrada na Wikipédia é a seguinte: “Parasitas são organismos que vivem em associação com outros dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, um processo conhecido por parasitismo. Todas as doenças infecciosas e as infestações dos animais e das plantas são causadas por seres considerados, em última análise, parasitas. O efeito de um parasita no hospedeiro pode ser mínimo, sem lhe afetar as funções vitais, como é o caso dos piolhos, até poder causar a sua morte, como é o caso de muitos vírus e bactérias patogênicas”.

É como diz o antigo ditado (muito bem explorado por Craig Hill em seu livro de mesmo título): os que se casam com a mentalidade parasita são “duas pulgas e nenhum cachorro”. A maioria, ao casar-se, age como uma pulga que encontrou um cachorro, com o desejo de sugar do outro tudo que o satisfaça. Porém, normalmente o outro cônjuge também é uma pulga esperando a vida toda por seu cachorro e não demora muito tempo para que descubram a relação na qual entraram: duas pulgas e nenhum cachorro! Se queremos um casamento abençoado devemos abandonar esta atitude parasita e procurar entender a visão bíblica de servir ao cônjuge. Mais do que compreender os direitos, necessitamos entender os deveres da aliança!

Devemos focar os direitos do outro (que são os nossos deveres) e não os nossos direitos (que são os deveres do outro). É assim que Deus vê o casamento. Ninguém deveria casar para SER feliz; este é um mito acerca do casamento que tem sido propagado, erroneamente, há muito tempo – mesmo nas igrejas (que deveriam estar ensinando a visão correta do matrimônio). O princípio bíblico fala de casar para FAZER seu cônjuge feliz. Veja o que a Palavra de Deus diz acerca do objetivo do homem recém-casado (e de como mesmo as coisas mais importantes tornavam-se secundárias diante deste propósito):

“Homem recém-casado não sairá à guerra, nem se lhe imporá qualquer encargo; por um ano ficará livre em casa e promoverá felicidade à mulher que tomou.” (Deuteronômio 24.5)

Gosto desta frase: “promoverá felicidade à mulher que tomou”. É o que todo marido deve promover para sua esposa! É claro que isso não significa que somente a mulher deva ser feita feliz nesta relação. Em Gênesis 2.18 lemos que Deus criou a mulher por causa do homem. O Senhor viu que o homem estava só; percebeu o quanto ele precisava não só de companhia, mas de uma ajudadora. Então. por causa de Adão, fez a Eva! Logo, na revelação bíblica o homem vive em função da mulher e vice-versa! Foi isso que Paulo ensinou aos irmãos de Corinto:

“Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, de como agradar ao Senhor; mas o que se casou cuida das coisas do mundo, de como agradar à esposa, e assim está dividido. Também a mulher, tanto a viúva como a virgem, cuida das coisas do Senhor, para ser santa, assim no corpo como no espírito; a que se casou, porém, se preocupa com as coisas do mundo, de como agradar ao marido”. (1 Coríntios 7.32b-34)

Se cada um dos cônjuges procurar a felicidade do outro, então ambos serão realizados. Porém, se cada um buscar apenas a sua própria felicidade e realização, o seu relacionamento desmoronará e só restará decepção e tristeza. Esta é a razão de ensinarmos sempre que, ao entrar na aliança matrimonial, cada um deve estar ciente da necessidade de morrer para si mesmo e procurar agradar ao seu cônjuge. É uma instrução bíblica muito clara:

“Ninguém busque o proveito próprio, antes cada um o de outrem.” (1 Coríntios 10.24)

O apóstolo Paulo ensinava constantemente estas verdades, e não somente por preceitos mas, principalmente, por meio do seu próprio exemplo (que, por sua vez, era uma extensão do exemplo dado pelo Senhor Jesus):

“Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus; assim como também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos. Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.” (1 Coríntios 10.32,33 e 11.1)

A Palavra de Deus nos ensina que, no processo de transformação, devemos passar por uma renovação de mente (Rm 12.2), o que inclui o abandono da mentalidade parasita. Precisamos aprender a viver em função de nosso cônjuge se queremos viver o melhor de Deus em nosso matrimônio. A Bíblia gira em torno de relacionamentos. No Antigo Testamento, o que encontramos nos Dez Mandamentos é ordem para os relacionamentos: os quatro primeiros falam de nossa relação com Deus e os demais falam de nossa relação com as pessoas… No Novo Testamento o Senhor Jesus ordenou um novo mandamento: o AMOR.

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que são meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13.34,35)

É lógico que a ordem de amar em si mesma não era novidade, pois o maior de todos os mandamentos já determinava que deveríamos amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a nós mesmos. Mas a expressão de amor do Antigo Testamento era um tanto quanto egoísta: amar ao próximo como a nós mesmos. Já o ensino neo-testamentário orienta-nos a amar aos outros como Cristo nos amou: de forma sacrificial, ou seja, em detrimento de si mesmo!

FOCANDO NO INTERESSE DOS OUTROS

A Palavra de Deus nos ensina – como já vimos nas afirmações anteriores do apóstolo Paulo – a buscar os interesses dos outros, não os nossos próprios:

“Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. (Filipenses 2.4)

A palavra traduzida do original grego para “ter em vista” é “skopeo” e significa: 1) olhar, observar, contemplar; 2) marcar; 3) fixar os olhos em alguém, dirigir a atenção para alguém. Fala do nosso foco, de onde colocamos a nossa atenção. A Nova Tradução da Linguagem de Hoje traduziu esSe texto assim: “Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros” (NTLH).

Foi depois de falar que devemos focar os interesses dos outros que Paulo destacou o exemplo dado por Jesus (lembre-se que devemos amar aos outros como Cristo também nos amou):

“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Filipenses 2.5-8)

Precisamos aprender a servir nosso cônjuge! É uma clara ordenança bíblica e, como toda ordem divina, é para o nosso próprio bem. Gary Chapman, um extraordinário estudioso e observador do comportamento conjugal, afirmou (via twitter): “Se me pedissem para dar uma chave que abre um casamento feliz esta seria a atitude de serviço mútuo. Praticar o serviço.”

A mentalidade correta de cada cônjuge deveria ser a de servir, e não a de ser servido. Infelizmente a forma errada de pensar tem afetado todos os níveis de relacionamento. Jesus ensinou aos seus discípulos a importância de ser servo em vez de, como dita o comportamento egoísta, querer colocar-se no centro:

“Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Marcos 10.42-45)

O padrão divino para os relacionamentos está claramente revelado na Bíblia: eu não exijo (dos outros) aquilo que desejo (para mim mesmo). Eu primeiramente ofereço (aos outros) aquilo que desejo e, então, como consequência, eu mesmo recebo de volta o que dei! Foi o que o Senhor Jesus ensinou-nos a fazer:

“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.” (Mateus 7.12)

O egoísmo, que tenta centralizar o relação somente em torno dos nossos próprios interesses, tem sido um fator de grande dano não apenas para o casamento como também para toda e qualquer forma de relacionamento. E meus deveres, de acordo com Jesus – e até para o perverso (Mt 5.39-41), incluem: dar a outra face; entregar a capa junto com a túnica e andar a segunda milha.

Compreendendo tudo isto, devemos viver os relacionamentos não apenas removendo a mentalidade parasita (de só querer receber), mas indo muito além e adotando a mentalidade divina (de que dar é mais importante). Como declarou Paulo aos presbíteros de Éfeso:

“Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus Mais bem-aventurado é dar que receber.” (Atos 20.35)

E o lucro de cultivar este tipo de atitude não é só fazer ao cônjuge feliz (o que já deveria ser suficiente para nos motivar a isto), como também envolve a lei espiritual de semeadura e ceifa – uma vez que tudo que faço aos outros volta para mim:

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.” (Mateus 7.1,2)

Se este princípio, de buscar – altruisticamente – o interesse dos outros, e não – egoisticamente – o nosso próprio, já deveria estar presente em qualquer relacionamento de um cristão, o que não dizer do seu relacionamento mais importante – que é o conjugal? Isto me faz recordar uma frase de Walter J. Chantry que li certa vez: “Como terminariam logo as sessões de aconselhamento matrimonial se maridos e esposas competissem seriamente em negar-se a si mesmos!”

Por que tantos casamentos se desfazem hoje? Porque quem só quer receber, vivendo da mentalidade parasita, na hora difícil (quando o cônjuge talvez nada tenha a oferecer) acaba “abandonando o barco”. Por outro lado, quem procura a felicidade de seu marido ou esposa, alcança sua própria felicidade! O apóstolo Paulo declarou aos efésios que “quem ama a esposa a si mesmo se ama”. Logo, é justo declarar que quem alegra seu cônjuge, a si mesmo se alegra:

“Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja.” (Efésios 5.28,29)

Quando falamos de amor, alguns tem apenas aquela ideia vaga de um sentimento romântico, mas o amor é mais do que isto! O amor não depende do “clima” que há entre o casal. A mentalidade de amor é o oposto da mentalidade parasita: dá mesmo quando não recebe, pois “não procura seus interesses”. O que Deus ensina sobre o amor é muito mais intenso e profundo do que normalmente dimensionamos. Vamos refletir um pouco sobre a definição bíblica do amor:

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará.” (1 Coríntios 13.4-8 – NVI)

A maioria dos casais (mesmo os cristãos) não entendem o nível de amor em que deveriam caminhar. Já ouvi muitos dizerem – justificando o motivo da separação que estavam buscando – que “o amor acabou”. Mas se acabou é porque não era amor. As Escrituras declaram que “o amor nunca perece”, ou seja, nunca acaba! Talvez os sentimentos se deterioraram, talvez a paixão tenha acabado, mas se um casal andar no amor do Senhor, este amor nunca irá acabar!

Na Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo também ensinou que, os que alcançaram a maturidade espiritual, não devem viver apenas em função de si mesmos:

“Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação”. (Romanos 15.1,2)

O casamento envolve suportar fraquezas um do outro. Não se trata apenas do que cada um vai usufruir de bom, mas das boas coisas que vai oferecer ao seu cônjuge!

Portanto, antes de detalhar os papéis, as responsabilidades do marido e da esposa no matrimônio, entendemos ser importantíssimo estabelecer o maior dever de cada cônjuge: viver para amar, agradar, servir e promover a felicidade do outro. Precisamos olhar para os deveres do matrimônio sob este prisma. Procure focar a sua parte e ore (e até peça gentilmente) para que seu cônjuge faça o mesmo.

Quem pode tomar a Santa Ceia?

  De acordo com a Bíblia, se você é salvo, você pode tomar a Santa Ceia.   Cada um deve examinar a si mesmo antes de participar da Santa Cei...