segunda-feira, 16 de abril de 2018

A Descida Pelo Telhado do Paralítico de Cafarnaum




“ E deixando Nazaré, Jesus foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulon e Naftali, para que se cumprisse a profecia de Isaías”.

Cafarnaum localizava-se na costa ocidental do mar da Galileia, na fronteira entre duas tribos antigas: Zebulon e Naftali. Uma profecia de Isaías dizia que a chegada de Jesus no local iria trazer libertação dos inimigos. Isaías 9:1,2 “Mas para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade. Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulon e a terra de Naftali; mas nos últimos dias, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, a Galileia dos gentios. O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz”. Assim, em Cafarnaum Jesus opera muitos milagres, dentre os quais destacarei a cura de um paralitico descrita nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.

"A ti te digo:Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.E levantou-se e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos." Marcos 2:11-12

Aconteceu na casa de Simão Pedro. Jesus estava reunido ali com os fariseus quando as pessoas ficaram sabendo e se aproximaram para ouvi-Lo. Era tanta gente que a porta principal da casa ficou lotada, interditada, ninguém podia mais entrar ou sair, a não ser quando a reunião terminasse. E eis que quatro homens apressados e decididos a falar com Jesus surgem entre a multidão, carregavam uma maca e nela estava deitado um paralitico, impossibilitado de movimentar pernas, braços e de voz prejudicada. Seus amigos eram as “mãos, pés e voz” do homem escravizado pela doença. Eles queriam falar com Jesus, precisavam falar com Ele. Só que , apesar da urgência e do estado, ninguém deu passagem. Todos e cada um, estavam ocupados demais com seus próprios problemas e a solução deles, o paralitico, era apenas mais um que buscava desesperadamente a cura.

Nem todos têm sensibilidade para perceber as necessidades do outro e encará-las com a mesma dor de quem a vive e ainda que o problema seja visível, poucos se dispõem a ajudar. No caso do paralitico de Cafarnaum, entre 100, 200, mais ou menos, quatro amigos foram sensíveis e determinados na busca pela felicidade do semelhante. De forma admirável, eles empreenderam tempo e esforço em busca de algo que parecia difícil de se realizar, e quem sabe, por esse motivo, as pessoas não tenham aberto o caminho, dado passagem para a maca e o doente. Para eles, aquele era um caso perdido. Mas, no coração dos amigos do paralitico, a fé já havia brotado, criado raízes, e agora, eles estavam ali, em busca do fruto da fé. Tinham certeza que estavam na hora e no lugar certo e nada poderia lhes impedir de ver o milagre.

Fico imaginando esses homens, enquanto carregavam a maca, conversando entre eles sobre o que Jesus já havia feito nas redondezas: ressuscitado mortos, curado leprosos, expulsado demônios. Apressados, cambaleando a maca de um lado para outro, mas tão designados que despertaram admiração no Filho de Deus: “Vendo a fé deles, Jesus disse ao paralitico: Filho, os teus pecados te são perdoados” Marcos 2:4. A maneira como chegam até Jesus, é no mínimo extraordinária! Já que ninguém lhes dá passagem, eles sobem até o telhado da casa, abrem um buraco no teto e descem o amigo paralitico até o centro da sala, onde Jesus estava. Quanta fé! As casas da antiga palestina, tinham abertura no telhado, pois, era comum espalhar trigo ou outros cereais na eira para que o vento carregasse a palha, limpando o grão (Rute 3). Também era costume manter uma escada fixa ou móvel ao lado da casa para possibilitar a subida ao telhado. Os amigos do paralitico de Cafarnaum certamente usaram a escada, e não deve ter sido nada fácil chegar ao cume da casa carregando a maca sob olhares curiosos, incrédulos e as dificuldades próprias da missão.

Essa é uma grande lição para todos nós. A fé, exige ação. Os homens buscaram o milagre, foram ao encontro de Jesus e por mais que houvessem obstáculos, eles não desistiram. Não sentiram vergonha ou desanimo. Não esmoreceram diante da passividade das pessoas. Eles não buscavam aprovação dos homens, não estavam interessados sobre o que iam falar deles, mas buscaram Jesus. Os fariseus estavam sentados dentro do recinto e quando viram o homem descer pelo telhado e Jesus o perdoar dos pecados, não deram glória, nem se compadeceram, mas ficaram furiosos e julgaram ser Jesus um enganador arrogante se fazendo passar por Messias: “ “Por que fala desse modo? Isto é blasfêmia!Quem pode perdoar pecados senão um que é Deus?” Marcos 2:7. Os fariseus estavam entre os mais importantes religiosos de Israel e não tinham discernimento espiritual, porque eram orgulhosos, cheios de si mesmos. Mas os humildes homens que carregavam a maca, eram simples moradores de Cafarnaum. Pequenos diante dos homens, mas grandes diante de Deus. Não tiveram receio de se humilharem por uma boa causa, de amor ao próximo.

E de repente, o desprezível cortejo da maca que até pouco tempo implorava por entrar na casa pela porta, sem ser ouvido, recebe a atenção do Mestre da vida e se torna o centro da atenção de todos. O paralitico de Cafarnaum, estava doente por causa do pecado e foi primeiramente perdoado, em seguida curado da paralisia. Foi quando desceu pelo telhado, como um grão de trigo caindo em terra, morrendo para o mundo e escolhendo viver para Deus que recebeu libertação. E como profetizou Isaías: o homem que estava assentado sobre as trevas, viu uma grande Luz, chamada Jesus! Nem toda enfermidade é ocasionada pelo pecado, mas a desse homem era e deve ter ocorrido de maneira progressiva, privando-lhe de felicidade. O paralitico de Cafarnaum era prisioneiro duas vezes: do pecado e da doença. Não bastaria devolver-lhe a saúde física se sua condição espiritual era a causa de todos os seus males. E aqui cabe a nós compreendermos que Jesus veio para libertar o homem por inteiro (Isaías 54). Em que outro lugar o paralitico Galileu encontraria tamanho favor? Em que outro lugar nós encontraríamos tamanho favor? Somente em Jesus.

É louvável a fé desses homens que carregaram o amigo sob a maca. Eles demonstram a importância da intercessão. O comportamento do doente também contribuiu para a realização do milagre: apesar de seu estado critico, era um homem que exercia certa influência em seu meio social. Sua presença era querida. E como não devem ter saído daquele lugar felizes, saltitando, glorificando a Deus. Um testemunho que aproximou muitas outras vidas de Jesus. Aquele buraco no teto testemunha também a nosso favor. Se são muitos os obstáculos, por mais que digam que é impossível, improvável, se o Caminho é Jesus a Luz haverá de raiar. Assim como raiou nos confins de Zebulon e Naftali.

Deus o abençoe

sábado, 14 de abril de 2018

Lição 3 - Usando as lentes da fé e dos propósitos de Deus

ESBOÇO DA LIÇÃO

                                                            Introdução




1. Cosmovisão: significado e importância.
2. O exemplo de José.
3. A fé e os propósitos de Deus

                   
TEXTO ÁUREO

“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto”. (Romanos 8:28)
Professor é muito importante explicar que tal convicção e segurança e gerado em nós pelo Espírito Santo, Jesus prometeu que nos enviaria o consolador e Ele estaria conosco. Esta promessa tem se cumprido na vida daqueles que nasceram de novo.
È o espírito Santo que testifica dentro de nós que somos filhos de Deus, e que o mesmo está no controle de nossas vidas independente das circunstancias. Reforce a idéia que aflições e dificuldades não são sinônimo de ausência de Deus,mas pode estar dentro de um propósito de Deus,como foi o caso de José que estudaremos nesta lição.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;
O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.(Jo 14:16,17)

VERDADE APLICADA

        Enquanto estão “debaixo do sol”, os discípulos de Cristo precisam ter sempre em mente a importância de usar as lentes da fé e dos propósitos de Deus.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

1 - Explicar a importância e o significado da cosmovisão;
2 - Destacar a postura de José diante de realidades adversas e favoráveis;
3 - Mostrar que a base da cosmovisão do discípulo de Jesus Cristo é a revelação de Deus nas Escrituras Sagradas.

TEXTO REFERÊNCIA

Gênesis 45:4-5,7-8 
4 E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse ele: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
5 Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque, para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face.
7 Pelo que Deus me enviou diante da vossa face, para conservar vossa sucessão na terra e para guardar-vos em vida por um grande livramento.
8 Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito.

INTRODUÇÃO

Sendo discípulos de Jesus, como temos percebido o mundo ao nosso redor? Como estamos lidando com as adversidades e a prosperidade? Reflitamos sobre este assunto à luz da Palavra de Deus, nossa lâmpada e luz.

1. Cosmovisão: significado e importância.
Nem sempre paramos para pensar sobre a nossa vida de mundo, principalmente no presente século, quando estamos sempre muito ocupados. Porém, ainda que o ser humano não pense sobre isso, faz parte das nossas ações e reações, bem como da nossa compreensão da realidade. Sendo assim, trata-se de um aspecto intensamente prático. Inicialmente, nos deteremos nos aspectos do significado, importância e as diversas formas adotadas pelos seres humanos para explicar e reagir diante da realidade do mundo e dos diversos acontecimentos que nos envolvem, sejam (aos nossos olhos) positivos ou negativos.

1.1. Significado e conceitos.
Considerando o exposto acima, todo ser humano possui uma cosmovisão. Segundo o Dicionário Aurélio, cosmovisão é “concepção ou visão do mundo”. Ou seja, a maneira de ver e entender o mundo. Essa maneira é resultado de um conjunto de ideias e crenças que funcionam como base ou lentes para vossos conceitos, atitudes e decisões na vida. Trata-se de como interpreto a vida, afetando assim, a forma de pensar, sentir, e viver dia após dia. Envolve todas as áreas da vida: fé em Deus; razão de viver; riqueza; valores; família; morte; eternidade; prosperidade; entre outros aspectos.
Norman L. Geisler, escritor e apologista cristão, assim definiu o termo cosmovisão: “Modo pelo qual a pessoa vê ou interpreta a realidade. A palavra alemã é weltanschau-ung, que significa um ‘mundo e uma visão da vida’, ou ‘um paradigma’. É a estrutura por meio da qual a pessoa entende os dados da vida. Uma cosmovisão influencia muito a maneira em que a pessoa vê Deus, origens, mal, natureza humana, valores e destino”.(Revista do professor)
Veja um exemplo bem atual:
“No século XXI, a família está sob ataque das forças do inferno de maneira sistemática e insidiosa. Em todos os tempos, esse ataque tem sido real. Mas nunca como nos dias presentes. Satanás tem conseguido mobilizar governos, sistemas judiciários, escolas e faculdades, para minar as bases da instituição familiar. Só em Cristo a família pode resistir às investidas satânicas.
Formadores de opinião trabalham para a destruição da entidade familiar, tal como Deus a criou, pela união de um homem e de uma mulher através do casamento. A sociedade sem Deus admite outros ‘arranjos’ de família.
Hoje, porém, com a influência dos meios de comunicação, os costumes têm mudado drasticamente, alcançando todos os rincões do país. Seja nas grandes capitais, seja nos menores distritos, vilas e povoados, a influência nefanda desse falso ‘progresso’ tem chegado, dominando as mentes e as consciências.
Infelizmente, os governos estão alinhados com o espírito do Anticristo. Quase sem exceção, todos estão de acordo com as mudanças perniciosas que se voltam contra a família. Até porque, com a ‘nova visão de mundo’, a família tradicional é considerada ultrapassada. O casamento monogâmico e heterossexual é retrógrado e precisa dar lugar a ‘novas configurações de família’”
  
1.2. Diferentes cosmovisões.
Como destacado no item anterior a cosmovisão de uma pessoa vai depender do conjunto de crenças, valores e ideias adotados pela mesma. Há aqueles que adotam como base da sua vida o materialismo. Ou seja, a visão de mundo dessas pessoas não considera ou valoriza a realidade espiritual e a eternidade. Há aqueles que têm como base o existencialismo. Acreditam que o sentido da vida está em conquistar, realização pessoal, alcançar sonhos e projetos. Há os que creem em Deus, porém não acreditam que Ele interfere na história da humanidade (são os deístas). Os humanos supervalorizam a capacidade humana: você pode, consegue e muda a realidade.
Como discípulos de Jesus Cristo, qual é a nossa visão de mundo? Como está formada a nossa base? Quais são as nossas crenças e os nossos valores? Quais as lentes que estamos usando para ver o mundo? A escritora evangélica Nancy Pearcey diz que “a cosmovisão é como um mapa mental que nos diz como navegar de modo eficaz no mundo”. O texto sagrado diz que a Palavra de Deus é lâmpada para o nosso caminho (Sl 119.105).(Revista do professor)
“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23).
1.3. A importância da cosmovisão.
Não se trata apenas de olhar a realidade na qual estamos inseridos, mas perceber de uma forma mais profunda a totalidade desta realidade. Não decidir escolher, agir ou reagir somente pelo que vemos, ouvimos ou sentimos, mas procurar perceber as razões, motivos e consequências nos acontecimentos e atitudes da vida. Vide o exemplo de Caim. Após Deus não ter atentado para sua oferta, ficou irado. O Senhor Deus procurou conduzi-lo a uma reflexão, lhe dirigindo três perguntas e fazendo um alerta (Gn 4.4-7). Porém ele decidiu agir por conta própria (Gn 4.8). Qual era a visão de mundo de Caim?
“‘E irou-se Caim fortemente’ (4.5). A ira de Caim mostra quão decidido ele estava em agir por conta própria, sem se submeter a Deus. A ira é uma emoção destruidora. Nunca poderemos nos desculpar por ter ofendido alguém dizendo: ‘Tenho um temperamento agressivo’. Precisamos considerar a ira como pecado e conscientemente nos submeter à vontade de Deus”
[...] Que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão [...]” (1Jo 3.11,12).
Vejamos o exemplo de José, marido de Maria, registrado em Mateus 1.18-25. Quando soube que sua noiva estava grávida, ele não agiu por impulso, mas pensou, planejou, intentou, meditou acerca de como agiria. Não se precipitou. A Bíblia diz que José era justo (um aspecto relacionado ao caráter). Notemos que o texto diz: “projetando ele isto... lhe apareceu um anjo do Senhor”. José decidiu agir de acordo com a Palavra de Deus! Mattew Henry escreveu: “Deus guiará aqueles que pensam”. Tenhamos uma cosmovisão coerente com a vida de discípulos de Cristo!

2. O exemplo de José.
Dentre muitos exemplos encontrados na Bíblia, destaca-se a postura de José diante de realidades adversas e favoráveis. Ele demonstrou uma visão de mundo baseada não somente na superficialidade dos fatos, mas na sua fé em Deus e nas promessas e propósitos do Senhor na sua vida e dos seus.

2.1. José e a realidade no lar.
José era filho de Jacó e Raquel. Seu pai gerou vários filhos de diferentes mulheres (Gn 35.22-26). A preferência de Jacó por José era notória, resultando grande descontentamento entre seus irmãos. José procurava ajudar e obedecer seu pai *Gn 37.2); discordava do comportamento de seus irmãos (não deixou influenciar e nem pactuava com seus erros, mesmo tendo lhe custado o isolamento) e sofreu inveja e violência por parte dos irmãos (Gn 37.8, 11, 18, 23-28).
A realidade em seu lar e os relatos bíblicos sinalizam que José era um jovem com valores bem definidos e seguro de sua postura, mesmo num ambiente com possibilidade de sofrer influências negativas por parte de pessoas tão próximas a ele. O historiador Flávio Josefo diz que José tinha “...melhores qualidades de espírito e de corpo e grande sabedoria”. Assim, já demonstrava que a formação de sua base estava sendo construída com elementos que fariam a diferença também na realidade fora do lar.

Professor, embora o nosso tempo de aula não nos permite ir muito alem do que o comentarista muito bem nos ensina em cada tópico, todavia se possível leia o artigo abaixo e observe os pontos em destaque:

No texto de Gênesis 37.1-11, há o registro de algumas situações que vitimaram José, um homem de Deus. Essas situações comprovam o grande prejuízo resultante pela não observação dos princípios éticos que devem nortear todos os serem humanos.
Infelizmente, a família de Jacó era um verdadeiro desastre, até porque o patriarca, conquanto fosse um homem de Deus, continuador das promessas de seu avô Abraão, como líder da sua família, tinha um procedimento altamente reprovável, visto que, como diz o versículo 3, “Israel amava a José mais do que a todos os seus outros filhos”.

A atitude de Jacó despertou nos irmãos de José um ódio mortal, de forma que não havia mais o diálogo normal entre familiares. Em meio aos tumultos familiares, Deus começa a revelar a José, por meio de sonhos, qual o projeto que tinha para ele. O que lhe cabia fazer com tais sonhos ante os tumultos familiares? Guardá-los consigo, esperando pacientemente o cumprimento deles. Entretanto, diz o texto sagrado que ele logo o contou a seus irmãos. Como resultado, “tanto mais o odiavam por causa de seus sonhos” (v.8).
Ora, se o relacionamento com seus irmãos estava desgastado e tumultuado, de maneira que já não lhe falavam mansamente, por que ele tinha que contar-lhes os sonhos?

Analisando a conduta de José, chegamos à conclusão óbvia de que ele conduziu-se de maneira antiética. Considerando ter ele profunda consciência da situação desagradável que marcava o convívio com seus irmãos, pelos princípios éticos e morais que governam a conduta dos seres humanos, manter-se calado acerca das revelações era o mais recomendável, até porque os resultados produzidos foram os piores.

A Bíblia Sagrada contém inúmeros princípios que estabelecem um padrão ético a ser observado pelo obreiro no relacionamento com a sua família. Disse o apóstolo Paulo que aquele que “não cuida dos seus, principalmente os da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel” (1Tm 5.8).

Por exemplo, há uma ética a ser observada no relacionamento conjugal, no convívio dos pais com os filhos, dos filhos com os pais, dos netos com os avós etc., conforme nos ensina 1 Coríntios 7, Efésios 5.22-33 e 6.1-4, e 1 Pedro 3.7.
A situação aqui estudada deixa uma verdade absoluta bastante clara: aquele que não se conduz eticamente atrai para si prejuízos consideráveis e danos que poderiam ser evitados.

A Bíblia expressa, em Provérbios 17.28, que “até o tolo, quando se cala, é tido por sábio, e o que cerra os lábios, por entendido”. No estudo do procedimento de José em contar os sonhos, observa-se claramente o desprezo ao sentimento alheio, uma vez que seus irmãos estavam magoados com a distinção que lhe era conferida por seu pai. Ou seja, observando os princípios éticos que devem nortear todos os humanos, há que ser praticada a regra de que somente se deve falar aquilo que produzirá edificação em quem ouve, e nunca falar por falar. E a situação de quem sabe algo de uma pessoa, e a revela em momento impróprio. O resultado, por certo, será o pior

2.2. José e a realidade longe do lar.
Sendo José ainda bem jovem, foi vendido aos ismaelitas e, no Egito, a Potifar, eunuco de Faraó (Gn 37.28, 36). Que grande mudança na realidade de José. De filho passou a ser escravo e depois prisioneiro. Esta realidade perdurou por longos treze anos (Gn 41.46), antes de se tornar governador do Egito. Foi alvo de tentação, calúnia e esquecimento. Porém, “...Deus era com ele” (At 7.9). Mesmo nas adversidades e dificuldades, na casa de Potifar e na prisão, o Senhor o abençoava, usando com ele de benignidade e fazendo-o prosperar no trabalho que desenvolvia (Gn 39.2-5, 21-23). 
Que grande desafio para José manter sua fé e continuar temendo a Deus, mesmo vivenciando momentos tão difíceis. O segredo é preservar a comunhão com Deus nas mais difíceis situações e em diferentes lugares (Rm 8.31-39). Os reformadores usavam uma expressão teológica em latim: “Coram Deo”, que significa “diante de Deus” Ou seja, como disse o teólogo e pastor R. C. Sproul: “Viver a vida na presença de Deus, sob a autoridade de Deus e para a glória de Deus”. Assim vivia Jose, mesmo na realidade longe do lar. Notemos também o exemplo de Daniel, mesmo vivendo num contexto de grandes desafios (Dn 1.8-9; 6.10).(Revista do professor)
Sobre este assunto Jesus também nos deixou algumas recomendações:
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.(Mt 5:13-16)

2.3. José e a mudança da realidade.
A história de José é rica de ensinamentos práticos para a vida do discípulo de Cristo. São diversas as realidades do nosso viver, pois abrange diferentes ambientes e circunstâncias. A história de José não se resume a inveja, violência, escravidão, esquecimento e calúnia. Há, também, benignidade de Deus, exaltação, casamento, filhos, honrarias, perdão, prosperidade, trabalho, testemunho e esperança. Precisamos, como José, saber vivenciar essas diferentes realidades.
Antes escravo e prisioneiro, agora José era o governador do Egito. Somente no trono Faraó era maior do que ele naquele país (Gn 41.38-46). A Palavra de Deus nos instrui tanto a lidar com as dificuldades e momentos difíceis com as bênçãos (Dt 8.2-5, 10-18). José aprendeu (e nós precisamos ter esta verdade bíblica em mente) que a realidade das dificuldades e das bênçãos vai além do momento e dos acontecimentos visíveis. Precisamos olhar mais além, usando as “lentes” da fé e dos propósitos de Deus revelados em Sua Palavra.
3. A fé e os propósitos de Deus.
Vários são os pressupostos que devem nortear a maneira do discípulo de Cristo perceber o mundo e suas decisões, atitudes e reações diante das diversas realidades vivenciadas. Entre outros objetivos, destacamos: fomos resgatados para pertencermos a Deus (1Co 6.20); estamos no mundo, porém não somos do mundo (Jo 17.14, 16); devemos fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31); a fé é indispensável no relacionamento com Deus (Hb 11.6); nossa existência não se resume à vida debaixo do sol (1Co 15.19).
Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.16).

3.1. A lente da fé.
Sendo filho de Jacó, José ouviu acerca da história de Abraão, Isaque e seu Pai, inclusive como eles se relacionavam com Deus. Ele nasceu e cresceu numa família que cria no Deus Criador de todas as coisas e Todo Poderoso. Assim, ele usava a “lente da fé” para perceber as diversas realidades que vivenciava. Foi assim quando tentado na casa de Potifar (Gn 39.9), na prisão lidando com outros presos (Gn 40.8), perante Faraó (Gn 41.16), quando do nascimento dos filhos (Gn 41.51-52), ao encontrar com os irmãos (Gn 45.5-8) e no final de sua vida (Gn 50.25; Hb 11.22).
A fé professada por José fez a diferença em com percebia as diversas situações. Precisamos manter o uso da “lente da fé”, pois “o justo pela sua fé viverá” (Hc 2.4). É a “lente da fé”que nos faz ver o invisível (Hb 11.27). Ela nos leva a perceber além do que os olhos físicos e a mente humana conseguem captar.
3.2. A lente dos propósitos de Deus.
Ao reencontrar seus irmãos, José testemunhou sobre a sua percepção, compreensão e convicção acerca dos acontecimentos adversos de sua vida: “Deus me enviou”; “não fostes vós...senão Deus” (Gn 45.5-8). Notemos, agora, o seu testemunho após a morte de seu pai e antes de encerrar seus dias na terra: “Deus o tornou em bem” e “Certamente vos visitará Deus” (Gn 50.20, 25). Ele venceu a tentação de perceber a realidade somente pela conduta má de seus irmãos.
José cria no Deus Todo-Poderoso, que tinha firmado uma aliança, com promessas, com seus antepassados e confirmado com seu pai e seus descendentes. Tanto que, mesmo no final de sua vida, quando a realidade era de prosperidade, aceitação no Egito, proteção e preservação, não se desviou do foco: aliança com Deus e promessa de retornar para a Terra Prometida. Assim, também, como discípulos de Jesus Cristo vivamos neste mundo com a expectativa do retorno do Senhor. Somos peregrinos e forasteiros (Fp 3.20-21; 1Ts 1.9-10; Hb 11.13; 2Pe 3.13-14).
A marca da trajetória do filho amado de Jacó é que mesmo em meio a tanto desprezo e desconsideração, José não permitiu que o seu coração fosse devorado pelo ódio. Humanamente, seria justo José devolver na mesma moeda quando teve a primeira oportunidade de fazê-lo. Mas não o fez. Preferiu compreender que tudo o que ocorreu era o Deus de seus pais preparando o caminho para conservar a sua família num contexto de fome e miséria mundial.
A vida de José nos ensina que devemos guardar o nosso coração do ódio, da vingança e da ação maligna. Saber gerenciar as crises com o olhar e a sabedoria de Jesus é o nosso grande desafio hoje. Sob os cuidados e a orientação do mestre divino isso é possível!

3.3. A importância das Escrituras Sagradas.
Evidente que a base da cosmovisão do discípulo de Jesus Cristo é a revelação de Deus nas Escrituras Sagradas. A Bíblia é a nossa regra de fé e de conduta. Ela é a base de nossas crenças e valores que nortearão nossa percepção das diversas realidades. Assim, evitaremos a utilização de “lentes” que estejam embaçadas, ou seja, informações e referências a partir da televisão, das redes sociais, de filmes, filosofias e intelectualidade, sem passar pela luz da Palavra. Somente nas Escrituras Sagradas vamos encontrar o conteúdo da fé e a revelação dos propósitos de Deus (2Tm 3.14-17).
Estamos num processo de aperfeiçoamento e crescimento (Ef 4.12; 2Pe 3.18), até que cheguemos “à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13) e sejamos “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). E, neste processo, sabemos que todas as coisas contribuem (Rm 8.28). Foi essa a percepção de José. Deve ser também a nossa percepção. Jesus falou para Pedro que ele não compreendia, no momento, tudo o que O Senhor estava fazendo, mas saberia depois (Jo 13.7). O conhecido escritor John Stott, refletindo sobre a complexidade do mundo em que vivemos, lançou um alerta: “Como cristãos, precisamos estar certos de que temos uma cosmovisão cristã, o que só acontece se tivermos um entendimento bíblico completo sobre as doutrinas básicas da nossa fé”.(revista do professor)
Tal entendimento da palavra de Deus vai muito além do que um conhecimento teórico das escrituras que pode se adquirir em um curso teológico, mas é abraçar e amar a palavra de Deus como única regra de fé.
Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.
Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.(Sl 1:1-3) 
CONCLUSÃO

Precisamos aprender a vivenciar os bons e os maus momentos, pois ambos fazem parte do processo de formação do discípulo de Cristo. É preciso cuidado para que nossa mente não fique contaminada com a cosmovisão mundana, mas que nosso entendimento seja sempre renovado para a glória de Deus.




1. Após o alerta de Deus o que Caim fez?
R: Decidiu agir por conta própria (Gn 4.8).

2. O que resultou em grande descontentamento entre os irmão de José?
R: A preferência de Jacó por José Gn 37.3-4).

3. O que é indispensável no relacionamento com Deus?
R: A fé (Hb 11.6).

4. O que José usava para perceber as diversas realidades que vivenciava?
R: A lente da fé (Gn 39.9).

5. Qual é a base da cosmovisão do discípulo de Jesus Cristo?
R: É a revelação de Deus nas Escrituras Sagradas (2Tm 3.14-17).

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