TEXTO ÁUREO: “Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas" ( I Timóteo 5.3).
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Lucas 2.35-38; Tiago 1.27
Publicado em 26 de Julho de 2012 as 09:39:37 AM
INTRODUÇÃO
Dentre
os temas sociais abordados na Bíblia, certamente os mais comentados estão
relacionados com a orfandade e a viuvez, pois nos tempos bíblicos quando uma
mulher se tornava viúva, além de sofrer a perda da companhia física e afetiva
do seu cônjuge, ela também declinava vertiginosamente do ponto de vista social,
passando à pobreza extrema. Por isso, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento,
Deus estabeleceu normas para o amparo dessas pessoas.
I - A VIUVEZ NO ANTIGO TESTAMENTO
Já
havia uma atenção específica dedicada à viuvez no Antigo Testamento. Deus
advertiu de forma contundente o povo de Israel para que não desprezassem tais
pessoas. O texto de Ex 22.22-24 declara o profundo zelo do Senhor para com os
órfãos e viúvas que, se fossem afligidos e clamassem, certamente seriam ouvidos
e a ira de Deus se acenderia contra os opressores.
No
texto de Dt 14.28,29 vemos o Senhor estabelecendo uma forma específica de
arrecadação para os menos favorecidos, dentre eles, as viúvas. Interessante que
se Israel não negligenciasse esse
mandamento, o Senhor abençoaria o seu povo em todas as obras de suas mãos (Dt
14.29).
No
caso de uma mulher, a viuvez seria extremamente penosa, principalmente se ela
não tivesse filhos. Nesses casos, ela retornaria à casa de seus pais e ficaria
sujeita a lei do levirato, segundo a qual um parente próximo do falecido a
desposaria para lhe dar um filho (Dt 25.5-9).
Há vários exemplos de viuvez no Antigo Testamento e
podemos observar as características de cada um:
1.1 A viuvez de Abraão. O grande patriarca perdeu a sua
querida esposa Sara quando esta completou 127 anos de idade. Ela foi profundamente
lamentada pelo nosso pai na fé (Gn 23.1,2), que adquiriu um valioso território
para ali sepultá-la (Gn 23.16-18).
1.2 A viuvez de Ló. Essa foi uma trágica forma de perder
o cônjuge. Certamente a mulher de Ló estava conformada com o estilo de vida mundano
e pecaminoso de Sodoma, e se sentiu triste por ter que deixar aquela cidade,
por isso olhou para trás e morreu tragicamente (Gn 19.26). Jesus fez menção
dela como figura daqueles que não estarão preparados por ocasião da sua vinda
(Lc
17.32-37). Lembremos que a viuvez precoce do patriarca deu ocasião ao
terrível pecado de incesto, que deu ocasião aos terríveis inimigos do povo de
Israel (Gn 19.31-37).
1.3 A viuvez de Rute e Noemi. Esse é um dos
relatos mais tristes da Bíblia em termos de perdas familiares. Noemi e suas
duas noras ficaram viúvas em um pequeno espaço de tempo nos campos de Moabe.
Rute e Noemi regressaram vazias à terra de Judá. O Senhor, porém, demonstrou
com o passar do tempo não estar alheio às aflições dessas duas mulheres e
provou ser o seu amparo. Rute, mesmo sendo gentia, contraiu novas núpcias com o
judeu Boaz e o fruto dessa nova relação passou a ser contado na linhagem
messiânica, sem contar que sua sogra Noemi também foi beneficiada por tal
relação (Rt 1-4);
1.4 A viuvez de Abigail. No caso dessa mulher,
a viuvez acabou lhe trazendo um certo alívio, pois o seu marido Nabal era um
homem ímpio, vil, avarento, egoísta e beberrão. Diante de tantos pecados, o
próprio Senhor o feriu e ele acabou sem vida (I Sm 25.18-38). Vale salientar,
porém, que em momento algum
Abigail pediu a morte do seu marido, feri-lo de morte foi uma decisão
divina. Convém clamar pela libertação e salvação do cônjuge, e não pela sua
morte;
1.5 A viúva de Sarepta. Observamos que esta
viúva era uma mulher piedosa, temente a Deus e humilde. Ela foi submissa ao
homem de Deus mesmo atravessando a pior das crises. O resultado disso foi que o
Senhor não a desamparou e encheu sua casa de provisões (I Rs 17.9-16). A fé de
tal viúva era tão grande que Deus ressuscitou o seu filho, um dos únicos casos
de ressurreição em todo o Antigo Testamento (I Rs 17.17-24).
II - A VIUVEZ NO NOVO TESTAMENTO
Já
nas páginas do Novo Testamento, Jesus condenou de forma contundente os escribas
e fariseus, que desrespeitavam as viúvas e as exploravam financeiramente (Mt
23.14; Lc 20.47). Isso demonstra o zelo e o cuidado que ele tinha por esta
classe tão sofrida. A Bíblia nos mostra que devemos honrar as verdadeiras
viúvas (I Tm 5.3).
É
importante também lembrar que o diaconato foi estabelecido, dentre outras
coisas, por causa do desprezo que vinha sendo dispensado para com as viúvas dos
gregos (At 6.1). O cuidado com essas mulheres aparece na definição do que vem a
ser a verdadeira religião (Tg 1.27). Alguns exemplos de viuvez são mencionados
no Novo Testamento:
2.1 A profetisa Ana (Lc 2.26-38). Tratava-se de uma
mulher piedosa que nunca se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e
orações de noite e de dia.
2.2 A viúva de Naim (Lc 7.11-17). Após perder o seu
marido, esta pobre mulher também perdeu o seu único filho. A sua
bem-aventurança foi ter se encontrado com Jesus, que não deixa desamparadas as
viúvas. A Bíblia diz que ele olhou para ela e se moveu de íntima compaixão.
Ele, então, consolou-a com as palavras: “Não chores”(Lc 7.13), mas principalmente com a operação de um
grande milagre, pois disse ao defunto: “Jovem, eu te digo: Levanta-te”. (Lc 7.14);
2.3 A viúva pobre (Lc 21.1-4). Temos aqui um
verdadeiro exemplo de fé, devoção e desprendimento das coisas materiais. Ela
estava oferecendo o melhor ao Deus que podia ampará-la em meio às aflições da
viuvez;
III - CRITÉRIOS PARA SE AJUDAR AS VIÚVAS
Dentre
alguns textos no Novo Testamento que tratam da questão da viuvez, a primeira
carta de Paulo à Timóteo estabelece alguns pré-requisitos para que se possa
amparar as viúvas: “Honra as viúvas
que verdadeiramente são viúvas” (I Tm 5.3). É bom lembrar que
naquela época não havia pensão alimentícia e nem outras políticas de amparo
social como hoje se vê. Logo, a assistência que a igreja presta nos dias atuais
é muito mais espiritual do que financeira, à exceção de alguns casos. Vejamos
quem são as verdadeiras viúvas:
3.1 Aquelas que não têm quem as ampare. A Bíblia recomenda
que se dê o apoio necessário àquelas que perdem o marido e não têm nenhum
parente para ajudá-las. O texto é muito claro: “Mas, se alguma viúva tiver filhos ou netos, aprendam primeiro a exercer
piedade para com a sua própria família e a recompensar seus pais; porque isto é
bom e agradável a Deus” (I Tm 5.4);
3.2 Aquelas que não são relaxadas, preguiçosas e
tagarelas.
O apóstolo Paulo é enfático na sua recomendação à Timóteo quando fala de alguns
tipos de viúvas: “E, além disto,
aprendem também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também
paroleiras e curiosas, falando o que não convém” (I Tm 5.13).
Tais mulheres demonstravam um total desinteresse pela obra do Senhor e uma vida
de santidade. A igreja não poderia usar os o dinheiro dos santos irmãos para
ajudar mulheres totalmente comprometidas com o mundo;
3.3 As que tivessem mais de sessenta anos de idade. Em I Tm 5.9 está
escrito: “Nunca seja inscrita viúva
com menos de sessenta anos, e só a que tenha sido mulher de um só marido”. A
igreja não poderia sustentar mulheres que estavam mais preocupadas em
conquistar um novo marido do que em se dedicar ao serviço de Deus. O apóstolo
Paulo as chama no versículo 11 de “levianas”, e o termo grego usado no original
significa “orgulhosas e cheias de luxúria”. Vale salientar que a Bíblia não
condena que a pessoa viúva venha a contrair novas núpcias e recomeçar na vida (
I Co 7.8,9). O texto de I Tm 5.14 é claro: “Quero, portanto, que as viúvas mais novas se casem, criem filhos, sejam
boas donas de casa e não deem ao adversário ocasião favorável de maledicência”.
3.4 Aquelas que têm bom testemunho. O texto de I Tm 5.10
nos mostra pelo menos cinco qualificativos que compõem o bom testemunho de uma
verdadeira viúva, que é digna de ser amparada pela igreja.
CONCLUSÃO
O
cristão que está enfrentando a viuvez deve fazê-lo consciente de que o Senhor
não o desamparou.
Portanto,
não deve entregar-se à inércia ou à melancolia, e sim, dedicar-se ao serviço
divino onde encontrará consolo e graça, e poderá ser, mesmo em meio às
aflições, um poderoso instrumento de Deus para abençoar a vida de muitos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário