Tipos de amor na Bíblia
Vamos entender melhor o significado da palavra “amor” na Bíblia, e
compará-la com seu uso habitual. Temos basicamente 4 palavras gregas
para se traduzir como amor.
São elas:
Eros (físico, sexual),
Storge (familiar),
Philos (amizade)
e Ágape (amor incondicional).
1. EROS (físico, sexual):
Chamaremos eros de “amor bolo de morangos”. Eu quero o bolo. Eu o quero tanto, que se o conseguir irei consumí-lo sem ao menos pensar em como o bolo se sente. É exatamente assim que algumas pessoas tratam seus semelhantes.
Eros é um amor que toma.
Expressões que caracterizam o amor eros:
• Você me faz bem;
• Você é meu/minha;
• Você é lindo(a);
• Você me pertence;
• Teu corpo é perfeito;
• Eu amo você porque você me faz feliz.
• “O amor é cego”
Por exemplo, eros está
representado no livro de Cantares (onde Salomão deleitava-se com a
beleza de sua amada) e na tradução de Provérbios 7:18, onde uma
prostituta faz o seguinte apelo: “Vem,embriaguemo-nos com as delícias do amor, até pela manhã”. Nesse versículo, “amor” é uma representação para eros.
Eros é o deus grego do amor, também conhecido como o deus do caos.
A primeira palavra grega é eros. Aparece
com freqüência na literatura grega secular, mas não na Bíblia. Eros é o
amor totalmente humano, carnal, voltado para o sexo. Daí a nossa
palavra ERÓTICO.
Esse
tipo de amor pode até incluir algum sentimento verdadeiro, mas é,
basicamente, atração física, desejo sexual e expectativa de satisfação
pessoal. O eros apresenta-se como amor pelo outro mas é amor por si próprio.
Sua
melhor declaração é “Eu amo você porque você me faz feliz”. Ou “Eu me
sinto fortemente atraído por sua amabilidade (você me amará), por seu
temperamento alegre (você me diverte), por sua beleza e sensualidade
(você me dará prazer), por seu talento (eu me orgulho de você)!” Porém,
quando uma ou mais destas características desaparecem, o amor morre.
Esse tipo de amor só quer receber. O pouco que ele dá, é com o intuito
de receber algo em troca.
Infelizmente,
muitos jovens escolhem o namorado ou a namorada, que poderá ser o
companheiro ou companheira para toda a vida, com base apenas no eros. As relações físicas são antecipadas; a intensidade do eros prejudica
o amor genuíno. Os namorados, mesmo não sabendo quase nada um do outro,
pensam que esse tipo de amor os manterá juntos. Mas isto geralmente não
acontece. Seu amor não é o verdadeiro amor.
A ênfase exagerada no eros é
alimentada por uma filosofia playboy. Esta filosofia estimula em
extremo a sensualidade, tanto da mulher como do homem; a mulher
desnuda-se e exibe-se pelo prazer da sedução e do sexo; o homem cobiça e
apropria-se pelo prazer do machismo e do sexo; a mulher é mero objeto
sexual, um brinquedo (perigoso) para o homem (criança) egoísta. Nessa
filosofia, relação sexual é sinônimo de “fazer amor”.
Casamentos
construídos apenas sobre bases físicas e eróticas não duram muito...
Antes do pleno envolvimento físico, os pretendentes precisam se conhecer
nas áreas mais importantes da alma e do espírito. Para tanto, têm que
namorar e noivar, por algum tempo, antes de se entregarem um ao outro,
definitivamente, no casamento. O relacionamento sexual após o casamento
será a coroação de um relacionamento:
• consolidado,
• comprometido e
• crescente.
Se você cometeu o erro de se casar (formal ou informalmente) na base do eros, apenas,
aqui está uma boa notícia para você: O AMOR PODE CRESCER. Não crescerá
automaticamente, mas na medida em que você o cultivar. Portanto, a única
esperança para o seu casamento é ascensão aos níveis mais altos do
amor.
2. PHILOS (amizade):
Chamaremos
esse tipo de amor de “amor time de boliche”. Ele usa essa designação
porque há uma troca mútua, um compartilhar. Em geral, baseia-se numa
apreciação recíproca que pode ser destruída se um ou outro não for
recíproco. Por exemplo: digamos que você é um bom jogador de boliche, eu
sou um bom jogador de boliche e nós dois somos ótimos jogadores.
Gostamos de estar no mesmo time de boliche. Mas você começa a beber
demais e só lança bolas na canaleta. Resultado: você é tirado do time de
boliche. Por mais caloroso que seja o amor philos, ele tem suas deficiências.
Relaciona-se
com a alma, mais do que com o corpo. Lida com a personalidade humana – o
intelecto, as emoções e a vontade. Envolve compartilhamento mútuo. Em
português, a palavra mais próxima é amizade. A forma nominal é usada
apenas uma vez no Novo Testamento (Tg 4.4), mas o verbo “amar”, no
sentido de “gostar”, e o adjetivo “amável” são usados muitas vezes. Este
é o grau de afeição que Pedro disse ter por Jesus quando este lhe
perguntou, “Simão, filho de João, tu me amas?”. O pescador respondeu:
“Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. No original grego, o sentido é:
“Sim, Senhor, tu sabes que gosto de ti, que sou teu amigo” (Jo 21.
15,16).
Neste
nível, o amor é menos egoísta, mas ainda contempla o prazer, a
realização e os interesses pessoais. Não deveria, mas... Normalmente,
desenvolvemos amizades com pessoas cujas características nos agradam,
cujos interesses intelectuais e gostos compartilhamos. Desejamos e
esperamos que estes relacionamentos sejam agradáveis e nos beneficiem de
algum modo. Damos, sim, amizade, atenção e ajuda, mas com alguma
motivação egoísta. Mesmo assim, philos é um nível de amor mais elevado do que eros. Nesse nível, “nossa” felicidade é mais importante do que “minha” felicidade.
Muitos
casamentos comparativamente felizes são construídos nesse nível. É
muito bom quando marido e mulher são amigos. Alguns maridos e esposas
dizem que se amam, mas, no dia a dia, nem amigos eles são. Prova disto é
que não têm sequer prazer e empolgação com a companhia, os interesses e
assuntos um do outro.
Um casamento não pode sobreviver a menos que cresça pelo menos até ao nível do philos.
Se você é jovem e está pensando em se casar, você deve tomar tempo para
verificar se gosta realmente da pessoa com quem você pretende se unir
para o resto da vida. Seguramente, essa pessoa tem defeitos,
características e hábitos que poderão irritá-lo ou mesmo exaspera-lo no
dia a dia da vida conjugal. Você vê mais virtudes do que defeitos e
gosta dessa pessoa o bastante para perdoá-la, ajudá-la e fazê-la feliz?
Provavelmente você já ouviu esta frase romântica: “O amor é cego!” Cuidado! O único amor cego é o eros.
Esse tipo de amor realmente fecha os olhos para as faltas, ri dos
defeitos e racionaliza os problemas potenciais (a menos que a pessoa
amada não seja interessante em seu aspecto físico). Philos, por outro lado, honestamente encara os defeitos e decide se eles podem ser superados pelas virtudes.
Philos é
o meio caminho do amor verdadeiro – dá um pouco para receber um pouco,
numa proporção de 50% a 50%. Um casal pode viver razoavelmente bem com
esse tipo de amor, enquanto cada um fizer a sua parte e as
circunstâncias forem favoráveis. Porém, se um deles deixa de fazer a sua
parte, ou se ocorrem circunstâncias adversas (crise financeira,
enfermidade grave, tensões com parentes, problemas sexuais, problemas
com os filhos etc), a amizade sofre. Philos não agüenta muita
pressão. No fim, torna-se egoísta e exigente. Vêm os conflitos. A
amizade vira inimizade. A única esperança para um casamento estável,
bem-sucedido e feliz é o crescimento para o nível mais alto do amor.
Philos é um amor que troca.
Entenda a seguinte comparação:
Você
têm um amigo, aqui chamado Manoel. Você, Manoel e outros amigos em
comum sempre saem juntos. Vão a uma lancheria, por exemplo. Vocês sempre
dividem a conta. Mas Manoel nunca participa desta divisão. Não
“colabora” com nenhum real. Exemplo do amor 50% dado – 50% recebido.
Você divide a conta porque isto te beneficia também. Porém, você se
sente incomodado com o fato de Manoel nunca participar da divisão. Você
começa a não convida-lo mais para sair. Afinal, ele não dá retorno algum
pra ti. Resumindo... um “amor” um tanto quanto egoísta. O amor do tipo Philos não é um amor que doa; sempre espera algo em troca.
Expressões que caracterizam o amor philos:
• metade da laranja;
• ele/ela me completa;
• ele/ela pensa como eu;
• ele/ela me ajuda em casa;
• ele/ela me dá presentes;
• Gostamos da mesmas coisas;
• Fazemos muitas coisas juntos;
3. STORGE (familiar):
Chamaremos
esse amor de “amor da tia Maria”. Amamos tia Maria e tentamos ajudá-la,
não com base na atração física (eros) dela, mas porque ela é a nossa
tia Maria. Ela pode ficar velha, surda e meio-cega, mas ainda é a nossa
tia Maria.
Um
excelente exemplo desse tipo de lealdade encontra-se em 2 Samuel 21:10 e
11, onde “Rispa montou guarda ao lado dos corpos de seus dois filhos e
outros parentes, espantando dali aves de dia e animais do campo à
noite”.
É o amor mais relacionado à família
– Rm 12.10 – Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal,
preferindo-vos em honra uns aos outros. O desaparecimento desse amor é
mencionado em Rm 1.31 – insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem
misericórdia e 2 Tm 3.3 – sem afeto natural, irreconciliáveis,
caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons.
O AMOR
FAMILIAR – num certo sentido todos somos filhos de Adão, porém nem todos
somos filhos de DEUS, somente os nascidos de novo, regenerados pelo
poder da Palavra de DEUS, assim a família de DEUS só é formada por
salvos em CRISTO.
A
família moderna estrutura-se basicamente em torno do casamento, e nesse
sentido, é uma família conjugal – sei que há a “família pós-moderna” e
seus novos arranjos sociais, aos quais não vou tecer considerações nesse
momento (pais separados, casais homoafetivos, adoção pelos avós e
outros).
A
relação familiar é algo extremamente COMPLEXA e DINÂMICA. Daí o amor se
constituir em um desafio de escolha à cada dia: escolher amar o outro
apesar das diferenças e do desgaste que muitas vezes a relação apresenta
diante do fator tempo.
Você
pode estar pensando que isso não é fácil, mas com a sua escolha
adicionada à graça de Deus torna-se possível. Porque família é projeto
de Deus em primeiro lugar; Ele é o maior interessado. Mas família também
tem que ser projeto de homens e mulheres; ou seja, É PRECISO IMPLICAÇÃO
DE CADA MEMBRO FAMILIAR.
4. ÁGAPE (amor incondicional):
Chamaremos portanto, o amor ágape
de “amor chuva-sobre-justos-e-injustos”. Deus não isola pequenas áreas
onde estão as pessoas boas e faz chover somente ali. Ele deixa a chuva
cair sobre os maus também. A ilustração clássica desse tipo de amor
encontra-se na história do bom samaritano (Lucas 10:29–37), que é
contada para ilustrar o amor (agape) ao próximo (v. 27). Quando o samaritano olhou para o homem ferido e sangrando, não houve atração física (eros). O homem que havia sido açoitado não era um ente ou conhecido querido; os judeus e os samaritanos se odiavam(não tinham amor storge).
O homem deixado à beira da estrada não era um amigo; ele não tinha nada
para oferecer; não havia possibilidade de ação recíproca (philos).
Qual seria a única motivação possível para o viajante ajudá-lo? Ele era
um semelhante, um ser humano e o bom samaritano disse, em outras
palavras: “Por isso eu vou ajudá-lo”. Isto é amor agape.
Não existe amor maior do que entregar sua própria vida por alguém |
Esse tipo de amor não é alimentado pelo mérito ou valor da pessoa amada, mas por Deus. Ágape
ama até mesmo quando a pessoa amada não é amável, não tem muito valor,
não corresponde. Esse amor não é egoísta, não busca a própria
felicidade, mas a do outro, a qualquer preço. Não dá 50% para receber
50%; dá 100% e não espera nada em troca.
Há
quem diga: “Mas isto não é possível, não é humano!” Tem razão. Ninguém
pode amar desse jeito... a menos que Deus lhe dê esse tipo de amor. Ágape
é amor divino! Jesus e os apóstolos usaram este substantivo (e o verbo
correspondente) quando se referiram ao amor de Deus. Veja estas
passagens: Jo 3.13; Rm 5.8; I Jo 4.8-10. O Novo Testamento nos ensina
também que quando nós nos arrependemos dos nossos pecados e cremos em
Cristo, recebendo-o como nosso Salvador e Senhor, Deus derrama seu amor
em nosso coração (Rm 5.5). A partir daí, espera-se que o amor de Deus se
manifeste através de nós, nos nossos relacionamentos, principalmente
com o cônjuge. Veja Ef 5.25 e Tt 2.3-4.
Isto
não é fácil... Todos queremos ser amados... Fazemos de tudo para
conseguir um pouco de amor... E o que acontece? Nossos esforços neste
sentido acabam dificultando ainda mais as coisas; talvez até afastem de
nós a pessoa cujo amor tanto almejamos. A duras provas, descobrimos que é
preciso amar primeiro... com amor ágape!
Em I
Jo 4, há várias referências ao amor de Deus por nós e recomendações
para nos amarmos também uns aos outros. Nesse contexto, o apóstolo
explica porque ou como isto é possível: “Nós amamos porque Deus nos amou primeiro” ( I Jo 4.19). O amor de Deus por nós ensina-nos a amar ou gera amor em nosso coração.
Deus
nos ama como somos, a despeito da nossa pecaminosidade, das nossas
atitudes e atos egoístas. Refletindo sobre isto, observando e
agradecendo as manifestações diárias do seu amor, aprenderemos a amar de
verdade. Além disso, o Espírito Santo faz alguma coisa sobrenatural em
nosso coração... “O fruto do Espírito é amor...” (Gl 5.22). Só assim, seremos capazes de amar, no sentido mais elevado e nobre do termo.
Note que esse amor não é um esforço que fazemos porque é a única maneira de conseguirmos que uma certa pessoa nos ame.
Esse amor, o amor de verdade:
• É ordenado por Deus... para nos induzir.
• É exemplificado por Deus... para nos ensinar.
• É produzido por Deus... para nos capacitar.
O
marido ou esposa que ama assim não tenta mudar o cônjuge, não cobra dele
o amor desejado. Simplesmente ama, sem cobrar nada em troca.
Entretanto, assim como “nós amamos porque Deus nos amou primeiro”, o
cônjuge amado, mais cedo ou mais tarde, responderá com amor. O princípio
é simples: amor gera amor! Outras passagens ensinam esta mesma verdade.
Lc 6.38; Gl 6.7.
Ágape é o amor que dá, de graça; dá 100% e não espera nada em troca.
Frases típicas:
• Eu te amo (sem um porquê).
• Você precisa ficar internado algum tempo, porque eu te amo (numa clínica de drogas, ou até mesmo preso) – chamados por uns de “amor firme”;
• Eu te amo e por isso você precisa de correção (lembra de Hb 12:6?);
• “Vai doer mais em mim do que em você” – sem o sentido pejorativo.
Conclusão
Não amamos porque somos naturalmente bons, mas porque nascemos da graça. Não cumpriremos a lei para fazer-nos “justos”, mas porque ele nos justificou com sua justiça. Não brilharemos porque temos luz própria, mas porque refletimos o sol da justiça.
Ora, o mandamento é este:
1 – que creiamos em o nome de seu Filho Jesus Cristo
2 – e que amemo-nos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou.
E aquele que guarda os Seus mandamentos, permanece nele e Ele naquele.
O
AMOR CRISTÃO precisa ser demonstrado no dia-a-dia por todos os crentes,
para que possamos alcançar os perdidos para Deus. Sem amor, não se
evangeliza, não se discipula.
O
amor leva-nos a realizar a obra missionária e a evangelizar. Através
dele, podemos louvar e adorar a Deus em “espírito e em verdade”.
Por Leandro Teixeira.
Baseado em Lições Bíblicas.
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