A
FAMÍLIA, CRIAÇÃO DE DEUS
Texto
Áureo: Gn. 2.18 – Leitura Bíblica: Gn. 2.18-24
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a respeito da família,
com ênfase nos desafios dessa no século XXI. Na aula de hoje atentaremos para a
família como criação de Deus, não como mero produto cultural, conforme apontam
algumas filosofias modernas. A princípio, mostraremos que Deus, e não o homem,
é a base da família, em seguida, que a família se sustenta na relação, pois o
próprio Deus é relacional. Por fim, ressaltaremos alguns fundamentos bíblicos para
a família cristã.
1. DEUS, A
BASE DA FAMÍLIA
A sociedade ocidental, e mais especificamente os cristãos,
estão diante do desafio de apresentarem uma definição do que seja família e
casamento. Isso porque o padrão de família normal, em conformidade com a
Bíblia, está sendo cada vez mais questionada. A visão judaico-cristã de
família, exarada nas Escrituras, está sendo substituída por valores pautados
nos direitos humanos. A família cristã, no entanto, parte do pressuposto que a
família é uma instituição divina, por conseguinte, Ele, e não os homens, devem
determinar a partir de quais princípios a família deve ser estabelecida. A
ideologia libertária, que predomina na sociedade, e respaldada pela mídia,
propõe um conceito de família que supervaloriza a liberdade humana em
detrimento da vontade de Deus. Não existe outro modelo bíblico, e mais
especificamente cristão, para a família e o casamento, diferente daquele
revelado por Deus. A partir de Gn. 1-3, compreendemos que: 1) o homem e a
mulher foram criados à imagem de Deus para governar a terra para Deus; 2) o
homem foi criado primeiro e incumbido da responsabilidade final pelo
relacionamento conjugal, enquanto a mulher é colocada junto ao homem para ser
sua ajudadora; e 3) a queda da humanidade no pecado implicou em consequências
negativas tanto para o homem quanto para a mulher. Ao longo do tempo, a família
se constituiu, dentro dos parâmetros bíblicos, a partir de um paradigma
patriarcal, ou seja, o pai, no Antigo Pacto, era o senhor da família, de cunho
heterossexual, isto é, macho e fêmea, e monogâmico, um homem para uma mulher, e
vice-versa.
2. FAMÍLIA, PRINCÍPIO
RELACIONAL PARA O CRESCIMENTO
O Deus da Bíblia é trinitário, portanto,
relacional: Pai, Filho e Espírito Santo, no Gênesis, Ele é revelado como o
Elohim. Essa premissa fundamenta o relacionamento conjugal, para a mutualidade
(Gn. 1.26,27). Esse relacionamento tem a ver com distinção e unidade, isto é,
pessoas diferentes estão envolvidas em uma unidade. Assim como o Deus
estabeleceu uma aliança com Seu povo, o casamento, e a própria família, é uma
aliança entre pessoas, com vistas ao crescimento. Mas não existe crescimento
sem envolvimento das partes envolvidas, essa é uma premissa. Não existe possibilidade
de construção da família, a menos que todos se sintam participantes e
responsáveis por ela. O crescimento familiar pode ser interrompido caso um dos
componentes da aliança deixe de contribuir. Os pontos fundamentais para o crescimento
é o ciclo de amor, graça, empoderamento e intimidade. Isso porque o casamento,
como todo relacionamento, é dinâmico, e envolve mudanças. Se o casamento e a
família não estiverem preparadas para enfrentar os ciclos de mudanças, correm o
risco de se desintegrarem. Quando as mudanças chegarem, caso não sejam bem
resolvidas, tudo resultará em um mero contrato, ao invés de aliança (pacto),
estará fundamentado na lei (legalismo) e não na graça (favor imerecido), será
mantido pelo poder possessivo e não pelo empoderamento, e pela distância ao
invés da proximidade. Não podemos esquecer que o Deus da Bíblia deseja se
relacionar com a humanidade e espera que as pessoas também se relacionem.
Estamos cientes dos desafios porque temos a convicção de que somos pessoas
caídas, por isso falhamos, não apenas no relacionamento com Deus, mas também
com outras pessoas. Mas temos Cristo como modelo de relacionamento, e o
Espírito Santo que nos guia a fim de que possamos crescer em graça nos
relacionamentos, inclusive os familiares.
3.
FUNDAMENTOS PARA A FAMÍLIA CRISTÃ
A aliança que fundamenta a família é o amor, a
convicção de amar e ser amado, cuja expressão maior é o próprio amor de Deus
(Jo. 3.16). A primeira aliança de Deus com a humanidade se encontra em Gn.
6.18, na qual Deus faz um pacto com Noé, e por extensão, a toda sua família. Em
seguida, Deus faz um pacto com Abrão, e nele, todas as famílias da terra
recebam a promessa de bênçãos (Gn. 17.1-2). A aliança de Deus com o Seu povo é
o fundamento do casamento e da família cristã, que está sustentado no amor,
tendo em vista que o próprio Deus é amor (I Jo. 4.10-16). Por isso a vida
familiar deve se pautar pela mutualidade, disposição entre os cônjuges, e
também dos filhos, para o amor-agape, que envolve sacrifício (I Co. 13). Outro
fundamento para a família cristã é a graça, para perdoar e ser perdoado, esse
princípio se encontra já no Antigo Pacto (Ex. 22.25-27), por isso se espera que
o ambiente familiar seja pautado na graça, não em mero legalismo. O amor de
Deus, manifestado em Sua graça maravilhosa, é a base para o amor e o perdão no
casamento (Rm. 10.4). O autoritarismo, ou melhor, o poder possessivo, não é o
sustentáculo da família cristã. O contexto familiar precisa ser um ambiente de
empoderamento. As pessoas que fazem parte dessa aliança tem como propósito
servirem e serem servidas. Não há como uma família subsistir, a não ser que
essa seja um espaço de vida abundante (Jo. 10.10). Não podemos esquecer que o
Verbo, Jesus, se fez carne, e habitou entre nós, por conseguinte, a família deve
ser encarnacional, com espírito de serviço, de diaconia (Jo. 1.1,14). O fruto
do Espírito, listado por Paulo em Gl. 5.22,23 deve ser o alimento principal da
família cristã, é a partir dele que o crescimento se concretiza (I Co. 8.1). A proximidade,
em amor, é o padrão para a família cristã, desde os tempos antigos (Gn. 2.25), é
ela que afasta o medo (I Jo. 4.18,19).
CONCLUSÃO
A família, ao invés de ser tomada como uma
construção humana, produto da cultura, é uma criação divina. Como tal deve ser
respeitada, e se pautar em conformidade com os padrões bíblicos em suas
relações pessoais. O compromisso deve está sustentado em uma aliança de amor
(incondicional e sacrificial); mantida em uma atmosfera de graça (favor
imerecido), que considere a aceitação e o perdão, menos controladora e mais
empoderadora, e com proximidade, com vistas ao cuidado para o crescimento
(maturidade).
BIBLIOGRAFIA
Deus, Casamento e Família:
reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário