LIÇÃO 11
A FAMÍLIA E A
ESCOLA DOMINICAL
Texto Áureo: Dt.
31.12 – Leitura Bíblica: Ne. 8.1-7
INTRODUÇÃO
A Escola Bíblica Dominical (EBD) é uma das maiores agências de
ensinamento da igreja, mas, infelizmente, ainda pouco valorizada. Na aula de
hoje estudaremos a respeito da importância da EBD, principalmente para as
famílias cristãs. Antes trataremos sobre sua história, e por fim, sua vasta
contribuição para a formação de pessoas comprometidas com a Palavra e o Reino
de Deus. Esperamos que a aula de hoje sirva de despertamento, principalmente
para a liderança da igreja, a fim de que esta perceba o valor dessa escola para
a formação da família, e, por conseguinte, de obreiros.
1. A ORIGEM DA
ESCOLA DOMINICAL
A Escola Dominical como conhecemos hoje é resultado da
contribuição do jornalista anglicano inglês Robert Raikes. Preocupado com a
situação social das crianças inglesas em Glaucester, decidiu ocupa-las aos
domingos, para não se envolverem com vícios. Isso porque, em decorrência da
revolução industrial, as crianças trabalhavam nas fábricas durante a semana,
mas ficavam ociosas nesse dia da semana. A alternativa foi criar uma escola gratuita,
com a ajuda do Rev. Thomas Tock, ministro anglicano, que conseguiu matricular
cem crianças, com faixa etária entre seis a quatorze anos de idade. O objetivo
principal da Escola Dominical era trabalhar o desenvolvimento do caráter dessas
crianças através do ensinamento bíblico. Inicialmente a Escola Dominical era
uma atividade paraeclesiástica, que funcionava na Rua Saint Catharine, como uma
obra social. Algumas crianças não queriam vir para a Escola Dominical porque
suas roupas eram estavam rotas. Raikes providenciou roupas novas e material de
higiene para que elas não se envergonhassem de frequentar aquele instituto
infantil. As aulas iniciavam às 10h e prosseguiam até às 14h com aulas bíblicas
e também de matemática, história e inglês, com intervalo de uma hora para o
almoço. Após a aula as crianças eram conduzidas à igreja, onde recebiam
ensinamento doutrinário até às 17h30min. A Escola Dominical surtiu um efeito
tão positivo que levou Raikes a divulgar seu resultado em seu jornal no dia 03
de novembro de 1783, data em que se comemora, no Reino Unido, o dia da fundação
da Escola Dominical. Em 1784 a Escola Dominical contava com 250 mil crianças
matriculadas, como resultado, a criminalidade em Glaucester caiu. O trabalho
causou tanto entusiasmo que acabou sendo copiado em outros países, inicialmente
nos Estados Unidos. A igreja anglicana não aceitou de bom grado o movimento da
Escola Dominical, justificando que se tratava de um ensinamento realizado por
leigos. Houve uma solicitação, no parlamento inglês, em 1800, para que as
escolas dominicais fossem interrompidas. Quando Raikes faleceu, 1811, de um
ataque de coração, 400 mil alunos estavam matriculados nas diversas escolas
dominicais do mundo. Nesse mesmo ano a Escola Dominical se abriu para adultos,
criando, assim, a divisão em classes. A Escola Dominical foi fundada no Brasil
em 19 de agosto de 1855 pelo casal de missionários escoceses Robert Sarah
Kalley, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Apenas cinco crianças
assistiram aquela primeira aula, que, posteriormente, se espalhou para o Brasil
inteiro através das várias denominações evangélicas.
2. A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DOMINICAL
A Escola Dominical moderna surgiu através de uma necessidade
social, mas, sobretudo, espiritual. Seus princípios remetem ao período bíblico,
tendo em vista que Deus, já no Jardim do Éden, deu instruções claras ao
primeiro casal (Gn. 3.8-11). Posteriormente, Deus delegou aos pais a
responsabilidade de transmitirem aos filhos a Sua Palavra (Dt. 6.7-9). Com o
passar do tempo, e em decorrência da institucionalização da religião judaica,
os sacerdotes também assumiram essa tarefa (Dt. 24.8), e também os profetas
(Is. 6.8-10; Jr. 11.1-4). Os reis piedosos reconheciam a valor do ensinamento
da lei de Deus, para tanto favoreciam as condição para que a instrução
acontecesse (II Cr. 17. 7-9). O despertamento para a exposição da palavra
sempre resultou em despertamento espiritual, tanto na história de Israel quanto
da Igreja. Exemplo disso é o grande avivamento judaico após o cativeiro
babilônico, nos tempos de Esdras e Neemias (Ne. 8.1-9). No Novo Testamento,
Jesus é o exímio exemplo de ensinador, não por acaso era reconhecido como Rabi,
Mestre (Jo. 3.2). Após Sua morte e ressurreição, Jesus comissionou sua igreja a
fazer discípulos em todas as nações (Mt. 28.19). Esse é um dos principais
objetivos da Escola Dominical, ensinar tudo aquilo que Jesus fez e ensinou (At.
1.1,2). Mas muitas igrejas, inclusive obreiros, deixam de dar o devido valor à
Escola Dominical, colocando-a em segundo plano. A obsessão por um crescimento
meramente quantitativo tem distanciado muitas igrejas da visão de discipulado
ensinada por Jesus. O descaso com a Escola Dominical pode ser percebida, por
exemplo, pela ausência da liderança nas aulas. Antigamente esse era o principal
instituto de formação de obreiros. Os candidatos ao ministério não eram
consagrados a menos que fossem alunos assíduos da Escola Dominical. A realidade tem sido cada vez mais
modificada, a própria arquitetura das igrejas não considera a Escola Dominical.
Existem espaços para as multidões, mas não há salas de aulas preparadas para
receber seus alunos. Os professores são escolhidos não pelo esmero para ensinar
(Rm. 12.7), mas pela proximidade com algum líder da igreja. Na verdade, a frequência
na Escola Dominical deveria ser um critério para a escolha de pessoas para
atuar em todos os trabalhos da igreja. A Assembleia de Deus não tem ainda uma
tradição consolidada no ensinamento bíblico em institutos. Por isso, a Escola
Dominical, na maioria dos casos, funciona como o último reduto para a formação
de líderes. As Escolas Bíblicas, outrora realizadas por vários dias, são
realizadas atualmente em apenas um final de semana, deixando muito a desejar. Sem
um ensinamento consistente e sistemático da Bíblia estaremos fadados a uma
liderança franca, levada por qualquer vento de doutrina, que não maneja bem a
palavra da verdade (II Tm. 2.15).
3. A FAMÍLIA NA
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
As famílias também precisam aprender a valorizar a Escola Dominical
como recurso institucional para formação bíblica dos membros da Igreja. O
currículo da Escola Dominical favorece um ambiente que assiste a todas as
faixas etárias da igreja. A família inteira pode ser abençoada através da
instrução bíblica na Escola Dominical. Há currículos para as crianças, bem como
para jovens e adultos. A Escola Dominical é um instrumento valioso que
contribuiu para o cumprimento de Pv. 22.6 na vida das crianças. Os jovens
também podem aprender, através da Palavra de Deus (Sl. 119.9), a fugirem do
pecado (II Tm. 2.22). Isso porque como estava escrito na contracapa de Bíblia
de Dwight Moody “ou este livro me afastará do pecado ou o pecado me afastará
deste livro”. Os jovens evangélicos de hoje carecem de formação bíblica, os
adultos também. As pesquisas revelam que os evangélicos da atualidade não sabem
sequer encontrar passagens na Bíblia. Há quem não saiba, por exemplo, se
determinado livro se encontra no Antigo ou Novo Testamento. Existe um movimento
forte na igreja evangélico em prol da ortopraxia, isto é, de uma vida cristã
condizente com a verdade. Mas é pouco provável que tenhamos ortopraxia sem uma
ortodoxia firme (Fp. 4.9). Aqueles que se integram às igrejas somente poderão
fazer aquilo que forem ensinados (II Tm. 3.16). É a partir do conhecimento
revelado, e da intimidade com Deus que desenvolverão o fruto do Espírito (Gl.
5.22). Para que os crentes possam produzir frutos, é necessário que esses
permaneçam em Cristo, a Videira Verdadeira (Jo. 15.1-16). Ele é a Palavra,
devemos ouvi-LO, caso contrário, não passaremos de cristãos nominais,
descompromissados com a fé genuína, uma vez foi entregue aos santos (Jd. 3). A
ilusão das igrejas numerosas está causando um terrível mal ao movimento
evangélico brasileiro. O crescimento numérico está contribuindo apenas para um
acúmulo de gente, descompromissada com a Palavra, que não podem ser chamadas de
discípulos de Cristo, pois se negam a carregar a cruz (Mt. 16.24). A igreja
deve estimular as famílias a frequentarem a Escola Dominical, mas ao invés de
apenas enviarem seus filhos, os pais devem ir também, conduzindo seus filhos no
caminho, dando o exemplo.
CONCLUSÃO
Em alguns arraiais evangélicos já se fala na falência da Escola
Dominical, mas nem todos acreditam nessa falácia. Todos aqueles que reconhecem
seu valor inestimável, continuam a defendê-la, e a trabalharem por ela. Se
existe um trabalho na igreja que merece investimento, inclusive financeiro, é a
EBD. O retorno pode não ser financeiro, muito menos imediato, mas renderão dividendos
preciosos no futuro para o serviço cristão, sobretudo, para a eternidade. Pais
e mães, a família e a igreja como um todo, não devem medir esforços para
fortalecer a Escola Dominical na sua congregação. Fonte:Prof. José Roberto A. Barbosa
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