Texto Áureo Ef. 4.8 – Leitura Bíblica Rm. 12.3-8; I Co. 12.4-7
INTRODUÇÃO
Ao longo deste
trimestre estudaremos os dons espirituais e ministeriais, uma oportunidade
ímpar para conhecer os dons que Deus disponibiliza para o serviço cristão. Na
aula de hoje apresentaremos os dons espirituais (charismata/pneumatikon) e
ministeriais (diakonia). Mas antes, destacaremos os doadores: o Espírito Santo
e Jesus Cristo. Ao final, mostraremos a necessidade de que homens e mulheres
sejam capacitados para o serviço, e que isso acontece por meio desses dons que
são disponibilizados por Deus.
1.
E ELE DEU
Há um equívoco entre
os cristãos evangélicos, mas propriamente entre os pentecostais. Alguns
acreditam que são proprietários dos dons, ou seja, donos deles, mas os dons são
de Deus, disponibilizados para a igreja. Ele é o doador, que concede, aos
homens, para o serviço cristão no Corpo de Cristo. Outro equívoco é o de pensar
que os dons são para dar status eclesiástico àquele que os utiliza. Na verdade,
os dons são funcionais, ou melhor, têm serventia para cumprir um proposito,
mais especificamente a edificação da igreja (Ef. 4.12-16). Há também o equívoco
de pensar que os dons espirituais são dispensados por méritos pessoais. Ninguém
é usado por Deus, através dos dons espirituais ou ministeriais, por que é digno
(Rm. 12.6; I Pe. 4.10), não podemos esquecer que fomos salvos pela graça de
Deus (Ef. 4.9,10). Os dons procedem de Deus, Ele é a fonte dos dons, tanto os
espirituais (charismata/penumatikon) quanto os ministeriais (diakonia). Mas a
distribuição dos dons é um trabalho da Trindade, o Pai enviou Cristo, e depois
o Espírito Santo (Jo. 14.6; 20.21). A concessão dos dons espirituais e
ministeriais vem de Deus, sendo que existem os dons do Espírito (I Co. 12.4-7),
e os dons de Cristo (Ef.4.11). É importante destacar que há mais de nove dons
espirituais, não apenas aqueles listados por Paulo em I Co. 12.8-11. Em Rm.
12.3-8 encontramos uma lista, diferente da de I Co., no tocante aos dons:
profecia, ministério, ministração, ensino, exortação, partilha, presidência e
misericórdia. Esses dons, de acordo com o texto, são todos provenientes de
Deus. Os dons, grosso modo, partem de Deus para a igreja, a fim de constituir
uma unidade na diversidade (Rm. 12.5). A dispensação dos dons, tanto os
espirituais quanto ministeriais, é de Deus, mas há também participação humana.
No texto de Rm. 12.3-8, Paulo instrui os crentes a desenvolverem os dons.
Diferentemente dos dons de I Co. 12.8-11, que têm caráter mais instantâneo, e
aspecto notadamente sobrenatural.
2.
DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
Há diferentes palavras
para dons em hebraico, destacamos: berekah, minhah, korban e teruma. Berekah é
geralmente traduzida por benção, e diz respeito aos pronunciamentos de coisas
boas em relação a outros (I Sm. 25.27; II Rs. 5.15-18). A palavra minhah traz o
significado de oferta, geralmente entregue como parte do culto. Korban também
significa oferta ou dádiva, trata-se de um dos termos mais gerais no hebraico
para a oferta. Teruma pode ser traduzido como oferta, porção, dom ou
contribuição. O verbo dar é natan em hebraico, que comunica a ação de entregar
algo a alguém (Lv. 26.4; Dt. 11.14). No grego do Novo Testamento, temos as
palavras doreá, no sentido de dádiva, sendo Cristo a maior dádiva de Deus (II
Co. 9.15; Rm. 5.15; Ef. 3.4). O próprio Espírito Santo é uma dádiva de Deus,
depois que o pecador se arrepende dos seus pecados (At. 2.38; 8.20; 10.45;
11.17). O termo dóron também transmite o significado de dádiva, relacionado
especificamente às ofertas a Deus (Mt. 5.23,24; Lc. 21.1-4). Outra palavra
grega associada às dádivas é eleemosuné, de conotação mais social, relacionada
à contribuição aos necessitados (Mt. 6.2; Lc. 11.41; At. 9.36; 10.2). Palavras
de bênçãos também podem ser pronunciadas na Nova Aliança, são as eulogias, cujo
significado é o de expressar nosso desejo de que Deus abençoe os outros. A
palavra charisma, em grego, está associada aos dons do Espírito Santo (I Co.
12). Mas tem uma dimensão mais ampla, tendo em vista que Timóteo recebeu um
charisma, quando lhe impuseram as mãos, um dom para o exercício ministerial (I
Tm. 4.14; II Tm. 1.6). Dentre os charisma que Paulo recebeu, destacamos o do
celibato, tratando-se, portanto, de uma capacitação de Deus, não de uma
imposição humana (I Co. 7.7). As palavras gregas relacionadas aos dons
espirituais são charismata e pneumatikon, o primeiro diz respeito aos aspectos
da graça na capacitação dos dons, e o segundo, ressalta o Espírito Santo como a
fonte dos dons (I Co. 12.11).
3.
AOS HOMENS
Os dons espirituais e
ministeriais foram destinados aos homens e mulheres da igreja, com vistas ao
serviço (diakonia), e mais especificamente, à edificação do Corpo de Cristo. Os
dons espirituais e ministeriais não devem ser ignorados, é necessário que os
membros da igreja se interessem por eles, mas é preciso usá-los com equilíbrio
(I Co. 12.1). Os homens e mulheres de Deus, quando usados pelo Espírito,
através dos dons, devem exercitá-los com responsabilidade, sobretudo com zelo e
amor (I Pe. 5.2,3). Há igrejas ditas pentecostais que estão se distanciando dos
dons espirituais, algumas delas sequer ensinam a respeito do batismo no
Espírito Santo, bem como pela busca dos dons espirituais. Uma pesquisa feita
recentemente nos Estados Unidos constatou que cada vez mais pentecostais estão
falando menos em línguas. Se uma pesquisa desse tipo for feita no Brasil talvez
o resultado não seja diferente. Os pentecostais estão se envergonhado dos
fundamentos da sua fé. O batismo no Espírito Santo, como virtude de poder, para
testemunhar de Cristo, precisa ser resgatado (At. 1.8). Os dons espirituais
também devem ser estimulados, não devemos proibir os membros da igreja de
buscá-los (I Co. 14.9), a responsabilidade pastoral é a de instrui-los à
utilização, com decência e ordem (I Co. 14.40). Todos devem buscar os dons,
visando sempre o outro, a valorização de um dom, repousa justamente na
capacidade de edificação dos membros (I Co. 12.31; 14.1). Os dons, tanto
espirituais quanto ministeriais, devem ser exercidos em amor, considerando que
esse – agape - é o caminho sobremodo excelente (I Co. 13). Muitos dons, sem
amor, e mais apropriadamente, sem o fruto (Gl. 5.22), pode resultar em
desequilíbrio espiritual. A igreja de Corinto era muito fervorosa, mas
deficiente na espiritualidade, com demonstração de carnalidade,
implicando nas dissenções no seio da igreja (I Co. 3.3-5).
CONCLUSÃO
Os dons espirituais e
ministeriais são fundamentais para o desenvolvimento espiritual das igrejas
locais. Os membros do Corpo de Cristo devem desejar e buscar os dons, para a
edificação (I Co. 12.31; 14.1). Os dons espirituais de I Co. 12.8-10) se
caracterizam por serem instantâneos, enquanto que os dons de Rm. 12.6-8, e de
Ef. 4.11 são desenvolvidos ao longo de um processo. Teologicamente os dons
espirituais, com base na lista de I Co. 12.8-10, são categorizados em 1)
Sabedoria: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento e discernimento de
espírito; 2) Poder: fé, curas e operação de maravilhas; e 3) Elocução:
profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas. Busquemos, pois, os
melhores dons, mas sem esquecer-se de cultivar o amor cristão. Em relação aos
dons ministeriais, conforme Ef. 4.11, são: 1) apóstolos, 2) profetas, 3)
evangelistas, 4) pastores e mestres, todos para o aperfeiçoamento dos santos.
Gloria a Deus
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