sexta-feira, 18 de abril de 2014

Não sejamos ignorantes acerca dos que dormem



“Não sejamos ignorantes” – “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também cremos que aos que dormem em Jesus, Deus os trará com Ele” (cf. 1Ts.4:13,14). Não podemos enfrentar a morte como aqueles que já perderam a esperança. Sabemos que os que já dormiram em Cristo serão ressuscitados para a vida eterna. Essa é a grande esperança pela qual vive o cristão (cf. 1Cor.15).

Paulo inicia o verso 15 dizendo que não queria que os seus leitores fossem ignorantes sobre aqueles que dormem, ou seja, os mortos ("não quero que sejais ignorantes acerca dos que já dormem"), o que significa que ele não queria que os tessalonicenses não tivessem em conta o estado dos mortos, mas que eles tivessem conhecimento, para que não fossem ignorantes (i.e, não instruídos, sem conhecimento). Estranho o apóstolo não querer que eles ficassem sem conhecimento sobre os que dormem, e mesmo assim não dizer absolutamente nada sobre eles estarem no Céu! Desse modo, eles continuariam na ignorância sobre os que dormem!

Se Paulo não queria que eles fossem ignorantes sobre os mortos ele certamente teria dito aquilo que é a base de toda a doutrina imortalista: que os que morreram já estão no Céu, assegurados entre os salvos. Isso sim, além de tirar os tessalonicenses da ignorância, ainda serviria como uma boa base de consolo a eles, que era o objetivo do apóstolo (cf. 1Ts.4:18).

Contudo, nada é nos dito sobre eles já estarem salvos no Céu, mas tudo aquilo que eles precisavam saber sobre os que dormem a fim de serem consolados é que eles um dia irão ressuscitar, e que haverá o reencontro entre eles e nós nos ares. Uma concepção totalmente holista da natureza humana, onde somente nos reencontramos com nossos entes queridos na volta de Cristo, onde os mortos somente voltam à vida na ressurreição, e onde a única esperança e fonte de consolo é a expectativa pela da ressurreição da vida.

Seria um absurdo que Paulo, que não queria que seus leitores fossem ignorantes acerca dos que dormem, não dissesse nada sobre eles já estarem no Paraíso, caso eles lá estivessem. Não ser “ignorante” significa exatamente a falta de conhecimento, sabedoria e instrução sobre determinado tema. Então, após insistir que os tessalonicenses não tivessem falta de conhecimento ou instrução sobre os seus parentes falecidos, ele esclarece a situação deles sem dizer nada que os mortos já estivessem no Céu.

Ora, se os mortos já estivessem no Céu então Paulo teria deixado os tessalonicenses continuarem na ignorância, que era exatamente aquilo que Paulo estava lutando contra! Em termos simples, ele estaria dizendo para que “não fossem ignorantes” e depois tê-los deixado continuarem na ignorância! O mesmo apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (cf. 1Co.12:1). A mesma coisa que Paulo disse aos tessalonicenses sobre os mortos ele disse aos coríntios sobre os dons espirituais: que não queria que eles ficassem na ignorância. Então, o que ele faz em seguida?

Ele realmente não queria que eles tivessem falta de conhecimento a respeito de nada sobre os dons espirituais, e lhes fala tudo: fala sobre os dom de línguas (cf. 12:10), sobre o dom de sabedoria (cf. 12:8), sobre a palavra de conhecimento (cf. 12:8), sobre o dom de cura (cf. 12:9), sobre o dom da fé (cf. 12:9), sobre o dom de operação de milagres (cf. 12:10), sobre o dom de discernimento de espíritos (cf. 12:10), sobre o dom de variedades e de interpretação de línguas (cf. 12:10), sobre a diversidade de dons (cf. 12:4), sobre a diversidade de ministérios (cf. 12:5), sobre a diversidade de operações (cf. 12:6), sobre as manifestações do Espírito (cf. 12:7), sobre que nem todos tem os determinados dons (cf. 12:28-30), fala mais um capítulo inteiro sobre o dom de línguas (cap.14), fala quais são os dons de edificação coletiva (da Igreja) e quais são os dons de edificação pessoal (cf. 14:4), sobre quais são os dons maiores e quais são os dons menores (cf. 12:1,39), fala que o espírito dos profetas está sujeito aos profetas (cf. 12:32); enfim, fala sobre TUDO! Paulo realmente não queria que eles continuassem na ignorância!

Igualmente, ele fala que “não quero que sejais ignorantes acerca dos que dormem” (cf. 1Ts.4:13), ou seja, sobre aqueles que já morreram, mas não fala nada sobre eles já estarem no Céu, não fala nada sobre a imortalidade da alma, não fala nada sobre religação de corpo com alma na ressurreição, não fala nada sobre “almas” ou “espíritos” subsistindo à parte do corpo, não faz descrição nenhuma e nem qualquer menção do “estado intermediário”, e a sua única fonte de consolação a eles é voltada inteiramente e unicamente na ressurreição dos mortos, sem mencionar absolutamente nada daquilo que os imortalistas pregam!Parece até que ele queria que os tessalonicenses continuassem na ignorância!

E o mesmo apóstolo ainda diz: “... para que não vos entristeçais como os demais, que não tem esperança” (v.13). Por que Paulo diz isso? Porque, para algumas pessoas, a morte era o fim total da vida e nunca mais eles voltariam a viver um dia. Essas pessoas não tinham mais esperança nenhuma. Inscrições em túmulos e referências na literatura demonstram que os pagãos daquela região encaravam com pavor a morte, considerando-a o fim de tudo, para sempre. Paulo, contudo, não queria que os tessalonicenses fossem como essas pessoas. Consolou-lhes dizendo que não deviam ser como tais que não tinham mais esperança nenhuma.

Para o verdadeiro cristão, a morte não é o fim para sempre. A Bíblia nos traz a realidade da ressurreição no último dia, quando os mortos serão vivificados (cf. Jo.6:39,40; 5:28,29; 1Co.15:22,23). E é exatamente isso que Paulo escreve aos tessalonicenses: a morte não é o fim completo, existe ressurreição! Da mesma forma que Cristo ressurgiu, os mortos também ressurgirão um dia. Os outros não tinham mais esperança nenhuma por acreditarem que os mortos nunca mais viveriam, mas Paulo faz a ressalva de que ainda existe a esperança de alcançarem a ressurreição na vinda de Cristo.

Os outros não tinham mais esperança, mas Paulo lhes trazia uma esperança: a esperança de ressurgir dentre os mortos no último dia. Paulo não queria que os tessalonicenses se entristecessem, não porque os que “dormem” já estivessem no Céu, mas porque existia a esperança da ressurreição na volta de Cristo. É evidente que ele realmente não os deixou na ignorância, assim como na carta aos Coríntios em que ele não queria que fossem ignorantes nos dons espirituais e não os deixa na ignorância disso, pelo contrário, passa a expor-lhes detalhadamente a questão.

Da mesma forma, com os tessalonicenses ele disse absolutamente tudo aquilo que eles precisavam saber com respeito aos que já dormiram para que eles não continuassem na ignorância; ou seja, que eles iriam ressuscitar, passando a expor-lhes em detalhes como se dariam os eventos finais da ressurreição, pois isso é tudo o que é necessário para o cristão saber. O evangelho bíblico é algo realmente muito simples: você morre e só volta ao estado de vida na ressurreição, essa é a consolação do cristão, e tudo o que o crente precisa saber sobre os mortos é que eles voltarão à vida quando Cristo voltar e nos tomar com Ele.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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