Texto Áureo Ef. 4.11 – Leitura Bíblica Ef. 4.7-16
INTRODUÇÃO
Após o estudo dos dons espirituais, nos voltaremos ao longo das próximas aulas para os dons ministeriais, isto é, para a obra do ministério (gr. eis ergon diakonia). Inicialmente destacaremos os propósitos desses dons, comparando-os com os dons espirituais. Em seguida apresentaremos as especificidades do ministério apostólico no Novo Testamento. E ao final, faremos uma apreciação a respeito do ministério do apostolado nos dias atuais.
1. OS PROPÓSITOS DOS DONS MINISTERIAIS
Os ministérios de Deus sempre têm propósitos, conforme estudamos anteriormente em relação aos dons espirituais (I Co. 12.7). Os dons ministeriais são provenientes de Cristo, e destinados à igreja, para o aperfeiçoamento dos santos. Isso quer dizer que esses dons devem edificar os outros, ou seja, para serem compartilhados, para contribuir com a santificação dos irmãos e irmãs. Paulo acrescenta que eles são para o trabalho do ministério (gr. diakonia). Portanto, uma das especificidades desses dons, diferentemente dos espirituais, é que eles são para o serviço, para os que lideram na igreja. Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres trabalham com vistas à edificação do Corpo de Cristo. A atuação dos dons ministeriais acontecerá, no seio da igreja, até que venhamos à unidade da fé em Cristo. É uma pena testemunhar tantas divisões nas igrejas, algumas delas infundadas, por motivos meramente egoístas. Isso acontece por causa dos interesses individuais, geralmente pela busca de títulos. A igreja não pode esquecer que foi chamada para a unidade (Jo. 17.21), não apenas nos aspectos doutrinários, mas, sobretudo, para o amor (gr. agape), que é o vínculo da perfeição que promove a paz (Ef. 4.3; Cl. 3.14). O objetivo primordial do ministério deve ser o crescimento em amor da igreja, e o conhecimento do Filho, Jesus Cristo. Para tanto, devemos ensinar, a partir dos evangelhos, quem foi e é o Senhor. Como Paulo devemos ser imitadores de Cristo, somente assim chegaremos à estatura de perfeição, ou melhor, a completude em Cristo. A intenção de Deus é a maturidade da Sua igreja, infelizmente alguns preferem continuar crianças na fé. Uma das características da infância é a falta de critérios para avaliação. As crianças tendem a ser levadas por todo e qualquer vento de doutrina. O ministério tem uma função primordial nesse sentido, a de evitar que os irmãos sejam enganados por falsas doutrinas de homens, e seguirem segundo os rudimentos do mundo (Cl. 2.4-8).
2. OS APÓSTOLOS DO NOVO TESTAMENTO
O ministério de apóstolos (gr. apóstolos) geralmente está relacionado aos doze, mas tem uma atuação bem mais ampla no Novo Testamento. Existem pelo menos vinte e quatro apóstolos mencionados ao longo do Novo Testamento. O termo grego diz respeito a alguém que foi delegado, ou melhor, enviado com autoridade para agir em lugar de outro. O apóstolo, de acordo com essa definição, é alguém que age não em benefício próprio, mas pelo Espírito Santo, em benefício do Corpo de Cristo. Essa é uma diferença fundamental de alguns apóstolos televisivos, que assim se intitulam, para tirarem benefício do rebanho. Ninguém se faz apostolo, esses são chamados por Deus, para serem enviados. Os apóstolos são mensageiros, arautos do evangelho de Jesus Cristo, que cumprem uma missão (II Co. 8.23; Fp. 2.25). Os apóstolos são listados primeiro, entre os dons ministeriais, porque eles são os plantadores de igreja, aqueles que chegam primeiro ao campo. Barnabé, em I Co. 9.5,6, é também chamado de apóstolo, tendo em vista sua atuação missionária, juntamente com Paulo (At. 14.14). Há outros apóstolos no Novo Testamento, dentre os quais destacamos, Andrônico, Júnia (Rm. 16.7), Apolo (I Co. 4.6,9), Tiago, irmão do Senhor (Gl. 1.19; Tg. 1.1), Silas e Timóteo (I Ts. 1.1; 2.6), Tito (II Co. 8.23) e Epafrodito (Fp. 2.25). A lista de apóstolos no Novo Testamento é muito mais ampla, considerando os setenta, também enviados por Cristo (Lc. 10.1-20). Uma das características marcantes desse ministério é a disposição para desbravar territórios que ainda não foram alcançados. Jesus é o maior exemplo de Apóstolo, pois Ele mesmo foi enviado para a salvação do mundo (Jo. 3.16). Paulo também se reconhece apóstolo, não da parte de homens, mas de Deus, que O chamou para as nações (Gl. 1.1). O ministério apostólico, ou mais precisamente missionário, pode ter direções específicas. Paulo foi chamado por Deus para o apostolado entre os gentios, enquanto que Pedro para os judeus (Gl. 2.8). Um missionário pode ter chamado divino para pregar entre as etnias, outro na zona rural, e outro, por sua vez, na urbana. Esse ministério apostólico tem alguma relação com os doze, tendo em vista que aqueles também foram enviados por Jesus (Mt. 10.2-4). Esse colégio tem destaque no Novo Testamento, já que acompanharam Jesus, e foram testemunhas da Sua ressurreição. Quando Judas traiu Jesus e foi se suicidar resultou em uma lacuna. Lucas, em At. 1.26, registra que a substituição de Judas teria sido feita por Matias, ainda que haja controvérsias em relação à aprovação divina dessa substituição. Há quem defenda que o substituto de Judas na escolha de Deus teria sido Paulo, já que Matias teria sido escolhido por sortes (At. 1.21-26). Essa perspectiva teológica tem fundamento, considerando que Paulo viu Cristo ressurreto (At. 9.5; I Co. 15.8,9), sendo este um critério para que alguém fosse contado entre os doze.
3. O APOSTOLADO NOS DIAS ATUAIS
O ministério apostólico permanece nos dias atuais e é exercido por aqueles que são ou foram pioneiros na obra de Deus, alguém que fora enviado para iniciar um trabalho (I Co. 3.10; Ef. 2.20). Para tanto, há um preço a ser pago, o qual nem todos estão dispostos. Há uma relação direta entre o ministério apostólico e a obra missionária. Na verdade, o apóstolo dos dias atuais é um missionário, alguém que sai da sua terra, se distancia da sua cultura, para ganhar almas para o reino de Deus. Como aconteceu com Paulo, os apóstolos enfrentam muitas dificuldades, e às vezes, são perseguidos (I Co. 4.9; II Co. 5.14-17). Eles são os plantadores das igrejas, não ficam muito tempo no mesmo lugar, pois precisam levar a mensagem adiante, em alguns casos gemendo e chorando (Sl. 126.6). Para consolidar o trabalho, deixam presbíteros (bispos) e diáconos, a fim de firmarem os irmãos e irmãs na fé (At 14.21-23; Fp. 1.1). Aqueles que são deixados em determinado lugar receberam o dom de governo, para organizar a igreja local (I Co. 12.28). Somente nesse sentido podemos dizer que existem apóstolos nos dias atuais, pois doze apóstolos do Cordeiro já estão estabelecidos (Ap. 21.14). É importante ressaltar que esses apóstolos não pertencem a uma sucessão, a relação com eles está fundamentada na Palavra, que é apostólica. É mais apropriado afirmar que os apóstolos são os missionários, aqueles que são enviados para ganhar almas, dentro e fora de determinado país. Esses servos e servas de Deus receberam uma chamada específica, não têm a vida por preciosa (At.20.24), antes se gastam para a glória de Deus, e por amor às almas perdidas (II Co. 12.15). Como acontecia nos primórdios da igreja, devemos continuar enviando missionários, seguindo a direção do Espírito Santo (At. 13.1-5). Existem pessoas em várias etnias que precisam de Cristo, mas como crerão se o evangelho não for pregado? A responsabilidade da igreja é a de fazer missões, enviar obreiros e obreiras com o coração direcionado às almas perdidas (Rm. 10.14,15).
CONCLUSÃO
O ministério apostólico continua nos dias atuais, mas não como sucessão eclesiástica, como querem defender aqueles que querem status. O apostolado não tem relação com títulos eclesiásticos, que em alguns casos servem apenas para a promoção pessoal. Alguns acham pouco serem “pastores” ou “bispos” por isso querem ser “apóstolos”, se pudessem seriam “deuses”. Se por um lado precisamos ser cautelosos quanto a esses falsos apóstolos, precisamos, por outro, legitimar o verdadeiro ministério apostólico. A igreja deve reconhecer, enviar, orar e contribuir com aqueles que são mensageiros de Deus em terra estranha, que se sacrificam pelo Reino de Deus, que arrebatam as almas perdidas da condenação eterna.
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