quarta-feira, 18 de junho de 2014

O DIACONATO


O DIACONATO

Texto Áureo I Tm. 3.13 – Leitura Bíblica I Tm. 3.8-13



INTRODUÇÃO

Depois de ter estudado a função do presbítero na igreja local, nos voltaremos na aula de hoje para o diaconato. Inicialmente mostraremos sua origem, abordando tantos aspectos linguísticos quanto culturais. Enfocaremos também o sentido amplo e estrito do termo diácono em hebraico e grego. Mostraremos a atuação dos diáconos no contexto do Novo Testamento. Ao final, abordaremos, com base em I Tm. 3.8-13, as qualificações bíblicas para a seleção dos diáconos na igreja.

1. A ORIGEM DO DIACONATO

O diácono é um servo, que em hebraico é o ebed, e diz respeito à condição de qualquer pessoa diante de Deus, é nesse sentido que Israel é considerado servo de Deus (Lv. 25.55). No livro de Isaias, entre os capítulos 40 a 55, há alusões ao Servo do Senhor, relacionado à restauração de Israel e das nações. No capítulo 53 se encontra a revelação dAquele que viria a ser o Servo Sofredor: Jesus Cristo. Na verdade Jesus é o grande modelo de diácono (gr. diakonos), ou melhor, de servo. Paulo reconhece que Jesus, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp. 2.6,7). A palavra servo nessa passagem em grego é doulos, e se refere a muito mais que um servo, talvez a tradução mais apropriada seja “escravo”. Em consonância com essa verdade, em Jo. 13.12-17 Jesus se apresenta não apenas como Mestre, mas também como o servo, ao se dispor a lavar os pés dos discípulos. Antes de chegarmos ao trono, precisamos passar pelo caminho da “toalha e da bacia”. Essa é uma mensagem importante, considerando que muitos lideres querem apenas ser servidos, contrariando o ensino de Jesus. Ele mesmo testificou que o Filho do Homem veio para servir, não para ser servido (Mc. 10.45). O diaconato é um ministério de entrega, sobretudo de renúncia pessoal. Paulo descreve sua atuação ministerial como um diaconato (II Co. 6.1-4), sendo servo de uma nova aliança (II Co. 3.6), da justificação (II Co. 11.15), de Cristo (Cl. 1.7) e de Deus (II Co. 6.4), do evangelho (Ef. 3.7) e da igreja (Cl. 1.25). Qualquer obreiro na seara do Senhor deve se considerar um diácono, de preferência um escravo, fazendo não a sua vontade, antes a dAquele que o vocacionou.

2. O DIÁCONO NO NOVO TESTAMENTO

Em sentido específico, o diácono é um ofício na igreja cristã, referido por Paulo em Fp. 1.1; I Tm. 3.8,12.  A esse respeito é preciso fazer a distinção entre o uso amplo do termo diácono, englobando as mulheres, como o caso de Febe (Rm. 16.1), e o restrito, relacionado ao oficío eclesiástico (I Tm. 3.8-13). A instituição do diaconato na igreja aconteceu em virtude do crescimento, demandando atitudes para sua administração. Os helenistas da igreja argumentavam que as viúvas gregas estavam sendo preteridas da assistência social (At. 6.1). Para resolver esse importante negócio os diáconos foram escolhidos, a fim de que os apóstolos pudessem se dedicar mais à Palavra. Isso quer dizer que eles acumulavam as atribuições, faziam mais do que podiam. Ministros centralizadores acabam por arcar com as consequências da liderança insegura. Há pastores que estão sobrecarregados com tantas responsabilidades, querem suprir todas as carências da igreja sozinhos, por causa disso comprometem a integridade física e espiritual. A opção dos apóstolos para a solução desse problema na igreja foi a escolha de sete homens, a maioria deles helenistas, para cumprir essa função social. Os apóstolos não tiveram receio de partilhar a organização da igreja com os cristãos gregos. Entre esses se encontrava Estevão, um diácono que não se restringiu apenas em servir às mesas. Ele era um diácono cheio do Espírito Santo e de sabedoria (At. 6.3,10), cheio de fé (At. 6.5) e de poder (At. 6.8). Os diáconos da igreja, seguindo o exemplo de Estevão, não precisam ficar restritos ao trabalho social. Eles podem, com ousadia e intrepidez do Espírito, testemunhar do evangelho de Jesus (At. 1.8).

3. QUALIFICAÇÕES PARA O DIACONATO

Como aconteceu nos tempos dos apóstolos, a função diaconal na igreja alivia bastante as atribuições dos presbíteros (pastores). Esse era um trabalho tão importante para a vida social da igreja que Paulo apresenta instruções detalhadas para a escolha desses. Na seleção dos diáconos para o serviço na igreja deveriam ser observadas as seguintes qualificações: 1) respeitável – seu caráter deveria ser digno de imitação, levando suas atribuições a sério, não podiam apenas ocupar um cargo; 2) de uma só palavra – não deveria ser dado às conversas fúteis, tratava-se de uma pessoa digna de confiança; 3) não inclinado ao vinho – naquela região era comum as pessoas se embriagarem, os diáconos deveriam fugir da bebedeira; 4) não cobiçoso – a ganância tem conduzido muitos líderes à ruina, os diáconos deveriam se distanciar dessa prática, tendo em vista que é também da sua responsabilidade arrecadar as ofertas na igreja; 5) íntegros na doutrina – precisam ser conhecedores da Palavra de Deus, atentarem para as Escrituras, e sua conduta em piedade; 6) testado e experimentado – a vida dos candidatos ao diaconato deve ser provada, quando alguém assume um cargo de liderança sem ser provado pode decepcionar toda a congregação; 7) exemplo no lar – a esposa do diácono é parte do seu ministério, sua família deve ser um exemplo de piedade, sua mulher deve contribuir com o serviço diaconal; e 8) disposição para o trabalho – o diaconato é mais do que um título eclesiástico, as pessoas que são separadas para esse trabalho devem exercê-lo na igreja, com disposição e humildade. O versículo 13, de I Tm. 3, aponta para a possibilidade do diácono ser “promovido” a presbítero, isto é, para o ofício pastoral. O mais importante é saber que o exercício zeloso do diaconato resulta no reconhecimento de Cristo, e em galardão para todos aqueles que amam a Sua vinda (II Tm. 4.8).

CONCLUSÃO

Todos os cristãos, independentemente da condição, sejam homens ou mulheres, são chamados, em sentido amplo, para o diaconato, isto é, o serviço na igreja. Mas existem alguns que são escolhidos para essa função institucional, com vistas à organização dos trabalhos, principalmente o de ordem social. Esses devem ser selecionados a partir de critérios bíblicos, atentando para as especificações apresentadas por Paulo em I Tm. 3.8-13, a fim de esses que recebam do Senhor a recompensa.

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