Texto Áureo Rm. 12.6,7 – Leitura Bíblica Mt. 7.28,29; At. 13.1; Rm. 12.6,7; Tg. 3.1
INTRODUÇÃO
Mais um dom ministerial será estudado na aula de hoje, desta feita o de mestre ou doutor (gr. didaskalos). Há teólogos que defendem, com bastante sentido, que o ministério de mestre está diretamente atrelado ao de pastor, tendo em vista a ausência de um artigo no grego. Em todo caso, conforme estudaremos, Deus dá para igreja pessoas para a instrução na Palavra, que são reconhecidos como mestre. Ao final da aula destacaremos a relevância desse ministério para o amadurecimento espiritual da igreja.
1. JESUS, O MESTRE DOS MESTRES
Com Nicodemos devemos reconhecer a respeito de Jesus que era “um Mestre vindo da parte de Deus” (Jo. 3.2). De modo que Jesus se tornou o maior modelo de Mestre para os cristãos da igreja. Ele se destaca dos outros mestres porque Sua doutrina vem diretamente de Deus (Jo. 7.17). Ele ensinava com autoridade tal que chamava a atenção daqueles que O ouviam, atestando que ninguém ensinava como Aquele homem (Jo. 7.46). A maneira como Jesus ensinava causava maravilha para os ouvintes, principalmente porque se distinguia da forma dos escribas, pela autoridade que demonstrava (Mt. 7.28,29). A ministração de Jesus fazia o coração dos discípulos arder, e se fundamentava nas Escrituras (Lc. 24.32, 45). Jesus fora chamado, por dezessete vezes, de “Rabi”, termo hebraico para Mestre (Mt. 23.7; Mc. 9.5; 14.65; Jo. 1.38,49; 4.31; 11.8), assim sendo, não podemos desconsiderar a relevância de Seu ministério como ensinador. O Senhor, na verdade, sempre demonstrou acreditar no ensino (Jo. 3.2), por isso, Ele mesmo chamou a si mesmo de Mestre (Jo. 13.13) e não perdia oportunidades de pregar nas sinagogas (Mt. 4.23), no templo (Jo. 8.2), nas ruas (Mc. 10.17) e nas casas (Lc. 14.1). Dentre os métodos que utilizava, destacamos: parábolas (Mc. 4.11; Mt. 13.13), declarações curtas (Mt. 10.16; 10.39; Jo. 11.25), lições experienciais (Mt. 18.1-6; Lc. 21.1-4; Mt. 4.19; Mt. 6.26,28) e perguntas (Mt. 9.5; 16.26; Mc. 8.29). Seus ensinamentos partiam, basicamente, das Escrituras (Mt. 4.1-11; Lc. 4.18; 24.27; Mt. 5.17-48; Jo. 3.14). Além do conhecimento bíblico, Jesus demonstrou também ter a capacidade de compreender o comportamento humano (Jo. 2.25; Mt. 9.4; Jo. 6.61,64). Os ensinamentos do Mestre tinham objetivos claros e definidos: 1) formar ideais justos (Mt. 5.48); Jo. 3.1-14); 2) firmar convicções fortes (Mt. 18.12; 22.42; Jo. 21.15-17); 3) levar os Seus ouvintes a se relacionarem com Deus (Mt. 6.33; Mc. 12.30; Lc. 15.18); 4) a amar o próximo (Mc. 12.31; Jo. 13.34); e 5) a preparar seus discípulos para o serviço (Mt. 4.19; 28.19-20; Mc. 3.14).
2. O DOM MINISTERIAL DE MESTRE OU DOUTOR
O mestre ou doutor (gr. didaskalos) necessariamente não é uma pessoa que obteve formação acadêmica na área do magistério, ou mesmo que concluiu uma pós-graduação em nível de doutorado, é uma dádiva de Deus para a igreja (I Co. 12.28). Evidentemente aqueles que atuam no ministério do ensino são orientados a buscarem qualificação, ou melhor, desenvolverem o ministério (Rm. 12.6,7). Sendo assim, é aconselhável que os mestres da igreja busquem conhecer melhor as Escrituras, frequentando assiduamente a EBD e/ institutos bíblicos. Alguns deles também fazem carreira acadêmica, buscando formação institucional em universidades que têm cursos de mestrado e doutorado. O que importa é a motivação desse dom, que seja para a “edificação da igreja” (I Co. 14.12), já que Paulo reconhece a necessidade de pessoas idôneas para ensinar nas igrejas (II Tm. 2.2). O próprio apóstolo dos gentios se identifica entre aqueles que foram designados por Deus para ser mestre (I Tm. 2.7; II Tm. 1.11). Reconhecidamente Apolo foi um mestre da igreja primitiva, mas que demonstrava humildade, sentando-se entre aqueles que careciam da orientação divina (At. 18.24-26). O mestre é comparado no texto bíblico àqueles que regam as plantas, edificando na doutrina os que foram alcançados pela graça de Deus (At. 18.27; I Co. 3.6-10). Os mestres ou doutores da igreja enfrentam tentações, a principal delas é o orgulho, para evitar esse pecado, precisam ter a consciência firmada na palavra, e a convicção de que forma separados por Deus (I Co. 8.1). É nesse sentido que Tiago admoesta aqueles que querem ser mestres apenas para se colocarem sobre os demais, sem humildade e temor a Deus (Tg. 3.1) Os mestres também precisam saber que são passíveis de ensino, não devem achar que já sabem tudo. Aqueles que caem nesse pecado acabam por se distanciar do caminho de Deus, considerando que a soberba conduziu Satanás à perdição (Is. 14.12-14). Mesmo os mestres que muitos sabem, através do estudo dedicado às Escrituras, são limitados, ou seja, conhecem apenas em parte (I Co. 13.9), por isso ninguém deve jactar-se do conhecimento bíblico-teológico que detém.
3. O VALOR E A NECESSIDADE DOS MESTRES
Infelizmente há muitos crentes que desprezam o ministério do mestre na igreja, esses geralmente seguem o caminho do fanatismo ou dos falsos ensinamentos. Os mestres exercem papel fundamental na igreja, eles dão prosseguimento ao trabalho desenvolvido pelos apóstolos e evangelistas (I Co. 12.28). Os mestres atuam na igreja a fim de prevenir contra a tentação e o pecado, eles não se cansam de ensinar as mesmas coisas, para a segurança da igreja (Fp. 3.1). O ensinamento dos mestres serve como remédio e prevenção para evitar que os crentes sejam engodados pelo pecado, na medida em que os direciona para guardarem a palavra de Deus (Sl. 119.9,11). Os mestres também corrigem atitudes equivocadas na igreja, direcionando os crentes para a mansidão consolidada por meio da poderosa palavra de Deus (Tg. 1.21). É justamente na Palavra que o mestre fundamenta seu ensino, não em especulações filosóficas, ou teorias psicológicas, se firma “na doutrina dos apóstolos” (At. 2.42). Principalmente nos dias atuais, nos quais os cristãos estão sendo solapados pela superficialidade, carecemos de mestres para produzir convicções fortes nos crentes, para compreenderem o mistério de Deus em Cristo (Cl. 2.2). Paulo sabia da importância desse ministério, por isso instrui Timóteo a doutrinar a igreja, evitando que essa seja conduzida pelos falsos mestres, que semeiam ensinamentos distanciados das Escrituras, apenas para alimentarem a cobiça (II Tm. 4.2,3). Os mestres exercem papel fundamental na igreja a fim de preparar os cristãos para o serviço, tendo em vista que é a Palavra de Deus que habilita o crente para a obra do Senhor (II Tm. 3.16,17).
CONCLUSÃO
Jesus é o maior exemplo de Mestre para a igreja, na verdade Ele é o Mestre dos mestres. Se o Senhor exerceu esse ministério com propriedade, sendo reconhecido pelos seus ouvintes como Rabi, a igreja não pode desprezar a atuação daqueles que labutam no ensino. Devemos apoiar os mestres e doutores da igreja para que esses possam exercer o ministério com maestria. Eles também não podem desprezar esse dom, antes são instados a praticá-lo, esmerando-se ao fazê-lo. Mas não podem esquecer-se de ser humildes, reconhecendo que são despenseiros dos mistérios revelados de Deus, mas somente dos revelados (Dt. 29.29).
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