Lição 06
Texto Áureo Tg. 2.8,9 – Leitura Bíblica Tg. 2.1-13
INTRODUÇÃO
Calvino dizia que a salvação é somente pela fé, mas essa não vem sozinha, vem acompanhada de boas obras. Na aula de hoje estudaremos a respeito da verdadeira fé, que justamente se manifesta pelas obras, que comprovam a salvação. Destacaremos também que as atitudes dos cristãos são respaldadas no amor, sendo este o grande mandamento. Ao final, veremos que uma das formas de demonstrar essa fé verdadeira é o fato de não fazermos acepções de pessoas, independentemente da sua condição socioeconômica.
1. A FÉ VERDADEIRA
A palavra fé, no grego do Novo Testamento, é pistis e tem significados diversos, dependendo do contexto. Pode significar o ato de crer em Deus (Mc. 11.22; I Ts. 1.8; I Pe. 1.21; Hb. 6.1). Nas Epístolas de Paulo aos Romanos e Gálatas, o tema central é a justificação por meio da fé, e não pelas obras (Rm. 3.28, 30; 4.5-16; 5.1,2; 9.30-32; Gl. 2.16; 3.13-24; 5.5). Paulo destaca a relação entre fé e obras na justificação. A justificação é recebida pela fé, mas a fé verdadeira resulta em obediência (Rm. 1.5; 16.26; Gl. 5.6; I Ts. 1.3; I Tm. 1.5; Tt. 1.1). As declarações paulinas estão em consonância com a mensagem de Tiago, ressaltando que a fé verdadeira é demonstrada por meio de boas obras (Tg. 2.14-20). A análise comparada dessas passagens de Tiago e Paulo mostrará que elas, ao invés de se contradizerem, se complementam. A fé, em algumas passagens bíblicas, se refere à doutrina cristã (Tg. 2.17; Fp. 1.27; I Tm. 1.13; Tt. 2.2; Jd. 3). É nesse sentido que existe apenas uma esperança, uma fé e um só batismo (Ef. 4.5). Além desses significados, a palavra fé carrega o sentido de convicção, certeza da fé em Jesus Cristo, ou mesmo da operação de um milagre, associada ao dom espiritual (I Co. 12.9). A palavra fé também pode ser traduzida por fidelidade, mais próxima do fruto do Espírito (Gl. 5.22). Essa é a fé de Hb. 11.1,6, que se manifesta através de uma entrega incondicional a Cristo, mesmo diante das situações adversas, e momentos de perseguição (Ap. 14.12). A fé destacada por Tiago em sua Epístola deve ser verdadeira, ou seja concretizada por meio de atitudes. E essas, por sua vez, estão fundamentadas no amor. O amor, conforme ensina Paulo, é o cumprimento dos mandamentos (Rm. 13.8-10), de modo que quem ama não precisa de lei (Gl. 5.23). O evangelho nos libertou da dimensão legal, os preceitos mundanos não têm mais controle sobre nós (Rm. 6.18), considerando que, em Cristo, a justiça do crente excede a dos fariseus (Mt. 5.20). Isso porque Deus já colocou a Sua lei em nossos corações, ela está agora em nosso íntimo, é por meio desta que nos conduzimos (Jr. 31.33).
2. MANIFESTADA PELAS OBRAS
A lei dos homens tem como objetivo determinar os limites e conduzir as ações, tendo em vista a propensão para a desobediência. Para alguns estudiosos essa é a lei real, que se fundamenta nos princípios morais (Tg. 2.8). A lei, a partir da qual os cristãos vivem, é proveniente de Deus, não dos homens. Essa é a lei da liberdade, por analogia é representada na saída do povo de Israel do Egito (Ex. 20.2). Os cristãos são livres para servirem a Deus, não dependem mais de imposições humanas. O amor de Cristo nos constrange para a obediência, de modo que, como declarava Agostinho, podemos fazer o que quisermos, ainda que não o faremos, tendo em vista que o amor nos limitará. A lei que impera sobre nós é a da obediência (At. 5.32), o pecado nos escravizava, mas a obediência nos liberta (Hb. 10.16,17). Isso não quer dizer que estamos isentos de pecar, se dissermos que não temos pecado fazemos Deus mentiroso (I Jo. 1.8). Mas podemos descansar na convicção de que temos um Advogado, Jesus Cristo, que nos purifica de todo pecado (I Jo. 2.1). Fato é que todos aqueles que são nascidos de Deus não vivem mais na prática do pecado (I Jo. 3.9). Aqueles que se acostumam com o pecado se tornarão alvo do julgamento divino. O autor da Epístola aos Hebreus dirige uma palavra de advertência àqueles que voltam na caminhada da fé (Hb. 6.1-10), esse estão na trilha da apostasia, que finda em perdição. O juízo de Deus se voltará contra todos aqueles que não levam a sério a mensagem do evangelho, esses serão culpados do vitupério de Cristo. Essa mensagem é oportuna nos dias atuais, marcados pelo desprezo e falta de seriedade em relação à fé cristã. Alguns crentes estão com a mente cauterizada, por não se espelharem na Palavra de Deus, não conseguem mais perceber suas transgressões (I Tm. 4.2). Sobre esses sobrevirá maior julgamento, pois depois de conhecerem a verdade, dela se distanciaram, como a porca lavada que retorna ao lamaçal (II Pe. 2.22).
3. NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS
Existem várias maneiras de demonstrar falta de fé verdadeira, uma delas é a parcialidade, demonstrada na acepção de pessoas. Essa é uma prática social bastante comum, advertida por Deus ainda no Antigo Pacto (Lv. 19.15). O Senhor Deus de Israel identificou-se com os pobres e as viúvas, geralmente esquecidas pela sociedade (Dt. 10.17,18). As glórias humanas podem nos distanciar do valor que as pessoas têm, mas não podemos nos esquecer da glória de Cristo, que se fez pobre, mesmo sendo o próprio Deus (II Co. 8.5). João viu a Sua glória, como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade (Jo. 1.14). Por isso não podemos discriminar os pobres por causa da sua condição socioeconômica. Os ricos comentem três pecados, de acordo com Tg. 2.6: 1) desprezam os pobres; 2) arrastam os pobres para os tribunais; e 3) blasfemam o nome de Cristo. A igreja cristã não pode demonstrar favoritismo, muito menos fazer discriminação entre ricos e pobres. Com Jesus aprendemos a não julgar as pessoas pelas aparências (Jo. 7.24), seja pelo veículo que possui ou roupas que vestes. Ter riqueza não é pecado em si mesmo, na Bíblia temos exemplos de homens piedosos, que foram ricos, tais como Abraão (Gn. 13.2) e Jó (1.3). Mas essa não é uma regra geral, como querem estabelecer os adeptos da famigerada Teologia da Ganância. O mais comum, nas igrejas cristãs, é a pobreza, pois Deus não escolheu os poderosos, antes os mais pobres (I Co. 1.26). Em Cristo todas as barreiras socioeconômicas foram desfeitas, de modo que não existe mais grego nem judeu (Cl. 3.11). Não podemos admitir a acepção de pessoas em nossas comunidades cristãs, as pessoas não devem ser valorizadas pela condição financeira (Tg. 2.2,3). Existem igrejas que segregam as pessoas por motivos diversos, e líderes eclesiásticos que demonstram favoritismo pelos mais ricos. Essa atitude desonra o Senhor, considerando que bem-aventurados são os pobres, porque deles é o reino de Deus (Lc. 6.20).
CONCLUSÃO
Deus não faz acepção de pessoas, não opta pelos pobres, muito menos pelos ricos. Os homens olham para o exterior das pessoas, mas Deus vê a intenção do coração (I Sm. 16.7). Precisamos ter cuidados para não incorrer no engano de olhar pelas pessoas através das lentes meramente humanas. Isso diferencia a fé verdadeira da falsa, que mostra favoritismo pelas pessoas. Não podemos esquecer que a salvação nos foi dada, por meio da fé em Cristo, para vivemos em novidade de vida, em conformidade com a Palavra de Deus, e não com as doutrinas e pensamentos humanos.
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