Texto Áureo Tg. 5.16 – Leitura Bíblica Tg. Tg. 5.7-20
INTRODUÇÃO
Tiago conclui sua Epístola apresentando vários conselhos aos seus ouvintes. Na aula de hoje atentaremos para esses conselhos, ressaltando sua atualidade para a igreja contemporânea. O primeiro deles diz respeito à importância da paciência, precisamos aprender a suportar as aflições e esperar em Deus. O segundo está relacionado às orações, devemos interceder por aqueles que estão aflitos, e confiar na eficácia da oração. O terceiro orienta quanto à restauração dos desviados, e também da unção com óleo.
1. A IMPORTÂNCIA DA PACIÊNCIA
Em uma sociedade imediatista as pessoas não têm mais paciência para esperar. A mensagem de Tiago, a esse respeito, é bastante pertinente. Devemos aguardar, sobretudo, a volta do Senhor Jesus, sem perder a esperança (Tg. 5.7-11). Nos atuais há aqueles que não mais aguardam a vinda do Senhor, tornaram-se tão secularizados que são incapazes de se voltarem para as verdades espirituais. Essa esperança nos coloca em uma posição ética, principalmente no uso da língua, tendo o cuidado de não fazer juramentos inapropriados (Tg. 5.19). A paciência do agricultor deve servir de inspiração para todos os cristãos, considerando que somos desafiados pela Palavra a ter esperança, mesmo diante das adversidades. O agricultor não tem controle do tempo, por isso entrega-se ao Deus da providência que, ao Seu tempo, enviará a chuva. Como cristãos, somos advertidos a frutificar, devemos ser produtivos na fé (Lc. 13.6-9; Gl. 5.22,23). Os profetas de Deus nos deixam o exemplo de paciência, pois mesmo sendo vituperados, não se distanciaram da Palavra de Deus. Estevão, em seu sermão, lembrou o sofrimento dos profetas, que se sacrificaram na defesa da revelação que receberam de Deus (At. 7.52). As perseguições, conforme nos ensinou Jesus, não devem nos distanciar da verdade, muito pelo contrário, somos bem-aventurados por sofrer por causa do Senhor (Mt. 5.11,12). Paulo deixa claro, pera seu filho na fé Timóteo, que todos aqueles que querem viver piamente padecerão perseguição (II Tm. 3.2). O fundamento da nossa esperança está na Palavra de Deus, pois tudo o que nela está escrito serve para constância e consolação, para não perdermos a esperança (Rm. 15.4).Tiago lembra que Jó foi um homem que padeceu muitas aflições, mesmo assim, não perdeu a esperança diante das adversidades, antes glorificou o Senhor (Jó. 13.15). Deus tem Seus propósitos, e para isso permitirá que sejamos afligidos, com vistas à maturidade espiritual do crente (Jó. 42.5).
2. A EFICÁCIA DA ORAÇÃO DO JUSTO
Diante da provação, devemos encontrar conforto não apenas na Palavra, mas também na oração. Ao invés de murmurar, precisamos nos voltar para a oração, buscando consolo na presença do Senhor. Através da oração Deus, de acordo com Sua soberana vontade, pode modificar as situações. Quando Deus não muda o curso da adversidade, nos dá através da oração, a força para enfrentá-la (II Co. 12.7-10). Através da meditação na palavra e na oração Deus alegra o coração do crente, dando-lhe poder para superar os momentos de aflições (Tg. 5.13). A maturidade cristã é medida pela capacidade do crente enfrentar as aflições com fidelidade (Hb. 11). Mesmo diante do sofrimento o cristão pode cantar hinos de louvores a Deus (Jó. 35.10), como fizeram Paulo e Silas na prisão (At. 16.25). Devemos orar pelos nossos irmãos, sentindo suas necessidades, intercedendo pelas suas dificuldades, inclusive cura das enfermidades. Inicialmente destacamos que os crentes não estão imunes às doenças, conforme apregoam alguns adeptos da teologia da saúde. O cristão pode ser afligido por doenças, considerando que estamos em um mundo caído, portanto estamos sujeitos às mesmas intempéries pelas quais passam os descrentes. Nem todas as doenças são resultantes de pecados, algumas delas servem para que o Senhor seja glorificado (Jo. 9.3,4). Mas existem casos específicos de enfermidades que decorrem de pecado, são doenças que se alojam no corpo e na alma por causa de práticas pecaminosas (Tg. 5.15,16). Em tais casos, os presbíteros da igreja devem ser chamados, e o pecador deve confessar seu pecado em arrependimento, e Cristo, o Paracleto, perdoará os pecados, podendo também restituir a saúde (I Jo. 1.9). Em tais casos os presbíteros deverão orar impondo as mãos sofre o enfermo, e a oração da fé, em conformidade com a vontade de Deus, será eficaz na cura do doente (I Jo. 5.14,15). Os presbíteros também devem ungir o enfermo com óleo, e ouvir a confissão daquele que se encontra em pecado. A confissão, no contexto de Tiago, tem um valor terapêutico, através das palavras, o pecador recebe não apenas o perdão de Deus, mas também se desfaz do fardo da culpa. Não devemos desprezar a oração, pois essa é poderosa em seus efeitos, podemos realizar muito para o Senhor, se dependermos dEle através da oração (Tg. 5.17,18). Tiago nos lembra do exemplo de Elias, que era um homem sujeitos as mesmas fraquezas que temos, mas que confiou em Deus, e teve resposta das suas orações em momento oportuno (I Rs. 18.41-46). A instrução em oração pelos desviados é uma tarefa importante para os cristãos, em amor devemos conduzi-los ao caminho da verdade (Lc. 22.32). Uma das missões dos crentes é arrebatar do fogo aqueles que se encontram em condição de risco ao longo da jornada da fé (Jd. 23).
3. A UNÇÃO COM ÓLEO
A unção com óleo não é uma assunto simples de ser tratado, e tem gerado variadas controvérsias teológicas ao longo da história da igreja cristã. Tiago recomenda a unção com óleo, pelos presbíteros, àqueles que os chamam, para confessarem seus pecados, e obterem saúde, através da oração (Tg. 5.14). É preciso deixar bem claro o que está revelado nesse texto, inicialmente a unção deve ser dada indistintamente, sem que a pessoa tenha solicitado. Não há qualquer respaldo bíblico para a unção de objetos, como acontece em algumas igrejas evangélicas. A unção com óleo não deve ser entendida como um sacramento, como o fazem algumas igrejas, defendendo que essa é necessária para que a pessoa seja salva. A unção com óleo não é suficiente para que alguém seja salvo, a salvação depende da graça de Deus, demonstrada em fé com arrependimento de pecados (Ef. 2.8.9). A unção com óleo, no texto de Tiago, nada tem a ver com extrema unção, trata-se de uma intervenção não para morte, mas para a vida. Devemos compreender o texto também no contexto da época, o óleo era um componente medicinal entre os judeus, associado ao tratamento de algumas enfermidades. Com base nesse princípio, temos respaldo para consultar os médicos, e fazer o tratamento conforme nos é orientado, ao mesmo tempo em que confiamos na intervenção divina, o próprio Jesus lembrou que os doentes precisam de médicos (Mt. 9.9-13). A instrução pra que os presbíteros da igreja orem pelos enfermos, ungindo-os com óleo é uma orientação comum, que nada tem de especial. O próprio óleo em si mesmo não tem poder, independentemente da sua procedência, seja do Brasil ou de Israel. Diante dos excessos que temos testemunhado em algumas igrejas, precisamos manter o equilíbrio espiritual a esse respeito. Não devemos proibir a unção com óleo, mas precisamos reprovar os exageros, compreendendo que sua função principal é restaurar a saúde física, sobretudo espiritual do enfermo.
CONCLUSÃO
Tiago desafia os crentes a viver uma vida cristã autêntica, sobretudo, equilibrada, que se fundamente em extremismos. Seus conselhos são práticos, e nos orientam para uma fé que seja manifesta através de obras. Mesmo diante das adversidades, devemos manter a fé firme no Senhor, que prometeu que retornaria para buscar Sua igreja (Jo. 14.1). Enquanto isso não acontece, devemos resistir às tentações, e ser fortes diante das provações. Na comunidade de fé precisamos ajudar uns aos outros, orando por aqueles que se encontram em condição de fragilidade, restaurando-lhe ao caminho da verdade (Jo. 14.6).
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