Lição 03
Texto
Áureo Dn. 2.20,21 – Leitura Bíblica Dn. 2.12-23
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, a
partir do sonho de Nabucodonosor, e da revelação de Daniel, veremos que Deus
intervém na história. Inicialmente, destacaremos o mistério em relação ao
sonho, considerando que o próprio rei não foi capaz de contá-lo. Mostraremos
também as exigências descabidas do monarca, exigindo as vidas dos sábios do
palácio, caso esses não descrevessem e interpretassem. Ao final, explicaremos
que o Deus de Daniel, por conhecer e intervir na história, não apenas deu a
interpretação ao Seu servo, mas também revelou o que o rei havia sonhado.
1. O SONHO DE
NABUCODONOSOR
O sonho de
Nabucodonosor, que se encontra em Dn. 2, nos dá uma visão panorâmica dos
acontecimentos futuros. O monarca babilônico se encontrava em uma posição de
opulência, depois de ter dominado toda a terra (Jr. 27.6,7). A Babilônia, por
aquele tempo, se transformou na rainha das nações, a capital da civilização, o
centro da cultura, a sede do comércio. Mas certa noite o rei teve um sonho
perturbador, de modo que o fez perder o sono, justamente porque era incapaz de
saber o conteúdo daquela visão (Dn. 2.1). Tratava-se de um sonho misterioso,
que se encontrava no inconsciente do rei. Então mandou chamar os magos,
astrólogos, encantadores e caldeus para que declarassem o que o rei tinha
sonhado. Os sábios esperavam que Nabucodonosor revelasse o sonho, para que esse
fosse interpretado por eles (Dn. 2.3,4). A língua utilizada por eles foi o
siríaco, uma variação do aramaico, talvez uma maneira de mostrar identificação
com o rei. Em tom de ameaça o monarca exige dos sábios uma interpretação, mesmo
sem ter a capacidade de relatar o sonho. A crueldade desse rei é identificada
em suas palavras “se me não fizerdes saber o sonho e a sua interpretação,
sereis despedaçados” (Dn. 2.5). Por outro lado, ofereceu-lhes benefícios, caso
fossem capazes de revelar e interpretar o sonho: “receberei de mim dons, e
dádivas, e grande honra, portanto declarai-me o sonho e a sua interpretação”
(Dn. 2.6). Os sábios insistiram para que o rei contasse o sonho, para que
pudessem dar uma interpretação. Na verdade eles estavam tentando ganhar tempo,
por não terem competência para fazê-lo. Essa é uma demonstração das limitações
humanas em relação à revelação. Ninguém pode declarar as verdades ocultas de
Deus, a menos que Ele mesmo decida revelá-las (Mt. 11.28; Dt. 29.29).
2. O FRACASSO DOS SÁBIOS
DA BABILÔNIA
Os caldeus se
expressaram, mostrando a incompetência humana diante daquele mistério (Dn.
2.10). Eles reconheceram que ninguém “sobre a terra” poderia declarar o sonho
do rei, e nisso estavam corretos. A exigência do rei era difícil demais, apenas
uma intervenção sobrenatural, vinda de Deus, poderia satisfazer a vontade do
rei. Essa resposta deixou o rei irado, ao ponto de ordenar a matança de todos
os sábios da Babilônia (Dn. 2.12,13). Aquele decreto resultaria inclusive na
morte do jovem Daniel e seus amigos (Dn. 2.14). Ao invés de se exasperar,
Daniel, com brandura, buscou aplacar a ira dos emissários do rei. O
comportamento do jovem Daniel nos faz lembrar que a palavra branda desvia o furor
(Pv. 15.1). Tenhamos cuidado para não tomar decisões precipitadas, muito menos
nos adiantar nas palavras. Daniel resolveu pedir ao rei um tempo para que
pudesse dar a interpretação do sonho. Aquele jovem sabia que em tempos de
aflições, Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia
(Sl. 46.1). Ele tomou a decisão de partilhar a situação com seus amigos,
Hananias, Misael e Azarias, para que eles orassem em favor da situação. Como
Daniel, e seus amigos, devemos confiar que Deus intervém na história através da
oração. Como bem nos lembra Tiago, a oração do justo pode muito em seus efeitos
(Tg. 5.16). Nenhum cristão, entre eles os jovens, não deve desprezar o valor da
oração. O pragmatismo moderno tem distanciado os crentes das horas silenciosas,
e dos momentos particulares de oração. A oração é a porta aberta para os céus
(Lc. 3.21), o próprio Jesus orou, motivo suficiente para orarmos (Hb. 10.5-7).
Daniel também é um exemplo de confiança na soberania de Deus. O Senhor conhece
todas as coisas (Sl. 147.5), nEle está a profundidade da sabedoria (Rm. 11.33),
em Cristo repousa a plenitude da divindade (Cl. 2.9).
3. DANIEL INTERPRETA O
SONHO
Diante das autoridades,
Daniel defendeu, com sabedoria, que Deus revela o profundo e o escondido, porque
conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz (Dn. 2.22). Em seguida pede
para ser introduzido à presença do rei, para trazer a interpretação do seu
sonho (Dn. 2.24). Antes Daniel chama a atenção do rei, ressaltando que sua
exigência foi despropositada, considerando que aquele segredo ninguém seria
capaz de descobrir (Dn. 2.27). Existem pessoas, até mesmo entre os crentes, que
assim como fez Saul (I Sm. 28), querem forçar determinadas revelações. Mas não
adianta investir em profecias que não foram dadas por Deus, somente o Senhor
tem as revelações (Dn. 2.28). Paulo lembrou a grandeza desse Deus no Areópago
em Atenas (At. 17.23-25). E apelando a revelação do Senhor, Daniel declara que
o rei sonhou com uma grande estátua de material heterogêneo. Os vários
materiais daquela estátua tinham significados profundos, os quais foram
revelados pelo profeta do Senhor. A cabeça de ouro representava o império
babilônico, que durou de 606 a 539 a. C. Os braços e peito de prata
representava o império medo-persa, que durou de 539 a 331 a. C. O ventre e as
coxas de bronze representavam o império grego, que durou de 331 a 146 a. C. E
as pernas e pés de ferro e barro o império romano que durou de 146 a. C. a 476
d. C. Daniel viu ainda que “uma pedra foi cortada sem mão, a qual feriu a
estátua nos pés de ferro e barro, e os esmiuçou” (Dn. 2.34). A pedra se refere
a Cristo, em alusão às revelações do Senhor, em Seu sermão escatológico (Mt.
24.30). Isso acontecerá por ocasião da vinda de Jesus, a fim de despedaçar o
governo do anticristo (Mt. 21.44). Esse será o momento em que o Reino de Deus,
em sua plenitude, será inaugurado (Is. 2.2; Mt. 16.18; I Pe. 2.5), após a
batalha do Armagedom (Ap. 17.14; 19.16).
CONCLUSÃO
Como um verdadeiro
profeta de Deus, Daniel se negou a receber as recompensas oferecidas pelo
monarca. O Senhor, no entanto, usou aquela oportunidade, a fim de concretizar
Seu desígnio, em relação ao Seu povo. Em todas as circunstâncias devemos
confiar em Deus, que continua se revelando, e dependendo da Sua soberania,
certos que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, e que são chamados
segundo Seu propósito (Rm. 8.28). Como Daniel, devemos ser humildes,
reconhecendo que o Deus, além de revelar os mistérios ocultos, tem a história
em suas mãos.
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