terça-feira, 17 de março de 2015

PROFETA MIQUÉIAS


O livro de Miquéias é o sexto dos profetas menores. Seu autor profetizou nos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias (1.1).

AUTOR
Miquéias (quem é semelhante a Jeová) era contemporâneo de Isaías e Oséias. Natural da pequena cidade de Moresete localizada nas colinas de Judá, entre Jerusalém e o mar Mediterrâneo. É um dos poucos profetas mencionados em outro livro profético. Quando Jeremias foi ameaçado de morte por suas profecias a respeito da destruição de Jerusalém, ele foi defendido pelos anciãos que lembraram ao povo de que Miquéias profetizara o mesmo havia mais de cem anos (Jr 26.18,19). Isso indica o respeito que havia por Miquéias como porta-voz do Senhor.

Miquéias era um pregador da roça. Seu lar ficava a uns trinta quilômetros ao sul de Jerusalém, na fronteira com a Filístia. Pregava em Moresete ao mesmo tempo que Isaías pregava em Jerusalém e Oséias em Israel. Miquéias era profeta do povo simples e da zona rural e conhecia bem seus concidadãos. Quando Miquéias se refere ao povo do campo, chama-o de “meu povo” (3.3).  Profetizou a respeito de Samaria, capital de Israel, e de Jerusalém, capital de Judá, mas sua maior preocupação era com Judá. Entre ele e Amós há muita proximidade, apesar de terem vivido em épocas diferentes, Miquéias é de uma geração posterior a de Amós. Suas mensagens convergem. Ambos são defensores incontestes dos pobres e lavradores. São opositores ferrenhos das cidades e de suas instituições de opressão contra o povo da roça.

O nome de seu pai não é mencionado, pelo que os eruditos concluem que sua família era de posição insignificante e humilde. Seu apelo em favor da religião autêntica só é equiparado pelo apelo semelhante de Tiago (Mq 6.6-8 com Tg 1.27). O estilo de Miquéias tem muito da beleza poética de Isaías e do vigor de Oséias, mas é por vezes obscuro pela sua brevidade e repentinas transições.

DATA
Miquéias profetizou em algum período entre 750 e 686 a.C., durante os reinados de Jotão, de Acaz e de Ezequias, reis de Judá (1.1; Jr 26.18). Ele predisse a queda de Samaria (1.6) que aconteceu em 722-721. Esse fato colocaria o início de seu ministério nos reinados de Jotão (750-732) e de Acaz (735-715). 
e de Acaz (735-715). Os reinados de Jotão e de Acaz se sobrepuseram parcialmente um ao outro. A mensagem de Miquéias reflete as condições sociais antes das reformas religiosas dirigidas por Ezequias (715-686).

O seu conteúdo mostra que o livro foi escrito depois dos reinados de Onri e de Acabe (6.16), porém não se pode dizer quanto tempo antes da queda de Samaria, foram proferidas as palavras contidas no capítulo 1.5-7; porque desde os dias de Uzias e de Jotão, os profetas ainda estavam anunciando a queda de Samaria e a desolação de Judá. A alusão à queda de Basã e Gileade pode indicar um período mais distante do que 733-732 a.C., quando Tiglate-Pileser, da Assíria, invadiu esse território e levou cativo seus habitantes (7.14).

CONTEXTO
Os antecedentes históricos do livro são os mesmos que se acham em trechos anteriores de Isaías, embora Miquéias não revele os mesmos conhecimentos da vida política de Jerusalém que Isaías. Talvez porque Miquéias, assim como Amós, viessem de aldeias de Judá.

Miquéias ministrou durante a grande crise assíria. Ele testemunhou os acontecimentos resultantes na destruição e deportação do Reino do Norte. Era um período de medo e ansiedade entre as pequenas nações do leste.

Os oráculos de Miquéias não são datados; logo, é difícil atribuí-los a um incidente específico. Houve diversas invasões em Judá pelos assírios no tempo de Miquéias, e muitas delas podem ter servido de pano de fundo para algumas profecias. A mais ameaçadora, geralmente considerada contexto de muitas profecias de Miquéias, foi o ataque de Senaqueribe que culminou no cerco de Jerusalém em 701 a.C. Nessa campanha, muitas cidades de Judá foram sitiadas e destruídas, particularmente Laquis (1.13). O fato não só cumpriu alguns oráculos de juízo de Miquéias, como também revelou-se na oportunidade para o livramento do Senhor. Apesar de os exércitos de Senaqueribe terem cercado Jerusalém e estarem preparados para destruí-la, os registros assírios não descrevem a conclusão da campanha. É compreensível, pois em 2Reis 19.35 registra que o exército assírio, com 185 mil soldados, foi assassinado durante a noite pelo Anjo do Senhor.

Nesse momento crítico o Senhor enviou Miquéias com uma mensagem para o povo. Era um período de instabilidade política e social. O grande sucesso militar do rei Uzias na primeira metade do século VIII floresceu em um período de prosperidade econômica. Com o crescimento econômico, surgiu uma classe de negociantes em Israel e novas divisões sociais. Agora o segmento agrário da sociedade se encontrava a mercê de comerciantes que desfrutavam de apoio real. A igualdade no mercado logo se tornou exceção em vez de regra. Foi nesse contexto que Miquéias denunciou injustiça e falsa religiosidade.

TEMAS E CARACTERÍSTICAS
A compaixão de Deus. Miquéias declara que o Deus santo e justo não tolerará mais a maldade persistente de seu povo. Assim como fizera o profeta Oséias, Miquéias usou figuras de prostituição para descrever o culto idólatra (1.7).

O profeta divide suas dezenove profecias em três ciclos, cada um dos quais se inicia com profecias de julgamento e finaliza com uma ou mais profecias de salvação, cada uma das quais iniciando-se com a mesma palavra hebraica que é traduzida por “ouvi” (1.2; 3.1; 6.1). O segundo ciclo possui três profecias de julgamento (cap. 3) e sete de salvação (caps. 4 -5). O profeta usa jogos de palavras para predizer o castigo e consegue demonstrar grande realismo e proximidade ao citar seus assuntos, como os falsos profetas que tentam silenciá-lo (2.6,7); e os gentios convertidos que se dirigem a Jerusalém para prestar culto (4.2).

O estilo de Miquéias é semelhante ao de Isaías. Os dois profetas empregam linguagem vigorosa e figuras de linguagem; ambos demonstram grande ternura quando ameaçam com o castigo e prometem a justiça.

MENSAGEM SOBRE O JUÍZO DIVINO E A VINDA DE CRISTO
Ouvi agora, vós, cabeças de Jacó, e vós, chefes da casa de Israel” (3.1). O que diz Deus deles? Leia Miquéias 3.1-4. Deus compara a cobiça e o enriquecimento deles a um ato de canibalismo. Os líderes estão devorando o povo pobre e indefeso (3.2,3).

A nação estava às portas do colapso, e os príncipes e sacerdotes eram responsáveis por isso. Deus denúncia o pecado dos dirigentes (3.9), o suborno entre os juízes (3.11), pesos falsos e balanças enganosas. “Assim diz o Senhor acerca dos profetas que fizeram errar o meu povo” (3.5).

Miquéias, de coração partido, fala do juízo de Deus contra Judá, por causa dos seus pecados. Jerusalém e o templo serão destruídos (3.12; 7.13). O povo será levado cativo para a Babilônia (4.10). Parece mencionar rapidamente palavras de juízo para se deter na mensagem do amor e da misericórdia de Deus. O Senhor trará seu povo de volta do cativeiro (4.1-8; 7.11,14-17). Miquéias era um profeta de esperança; por isso, sempre olhava além da condenação e do castigo para o dia de glória, quando o próprio Cristo reinará e a paz cobrirá a terra. Deus faz a promessa da vinda do Messias que vai nascer em Belém (4.8; 5.2-4). A pequena Belém, a menor das cidades de Judá, será honrada de maneira notável com o nascimento do Messias de Deus, Jesus Cristo, Nosso Senhor. Suas vitórias não serão por força ou poder político, mas pelo Espírito do Senhor. Setecentos anos depois essa profecia dada por Deus ao profeta Miquéias conduz os magos a Jerusalém para ver o novo Rei (5.2-5).

MENSAGEM AO POVO ESCOLHIDO
Ouvi, montes, a demanda do SENHOR, e vós, fortes fundamentos da terra; porque o SENHOR tem uma demanda com o seu povo, e com Israel entrará em juízo” (6.2). Deus é descrito como alguém que está processando seu povo. O povo havia ignorado Deus, e Deus então os faz lembrar da sua bondade e de como guardara a aliança feita aos patriarcas (6.3).

O povo então pergunta como poderá agradar a Deus e como se apresentará perante ele com holocaustos? (6.6,7).

Deus requer conduta íntegra e uma experiência real e pessoal com ele. Por causa da sua conduta ímpia, o povo teve de sofrer consequências terríveis, Deus é justo juiz (1.3,5; 3.5; 3.12).

ANÁLISE GERAL
Os três primeiros capítulos do profeta Miquéias apresentam os juízos de Deus contra Judá e Israel, bem como a iminente condenação que aguardava aquelas nações.

Os capítulos quarto e quinto oferecem consolação e esperança em vista da questão dos dias vindouros, quando a casa do Senhor será restaurada sobre o monte de paz permanente; um remanescente regressará a Sião, libertado do cativeiro babilônico; um libertador proveniente de Belém fará o seu remanescente justo ser uma benção para todos os povos da terra.

Os capítulos sexto e sétimo declaram o caminho da salvação por meio de analogia de um tribunal onde o Senhor é o denunciante e Israel é o réu. Relembrando a seu povo como eles foram libertos de Egito, e ensinando-lhes o que é a verdadeira adoração. O Senhor lamenta seus tesouros de iniquidade e opressão.

Miquéias conclui seu livro usando um jogo de palavras baseado no significado de seu nome: “Quem é semelhante ao Senhor?” Somente Deus pode perdoar e mostrar compaixão ao povo com o qual estabeleceu a Sua aliança. Fiel as suas promessas de aliança com os patriarcas (7.20), o Senhor preservará o restante do seu povo (2.12; 4.7; 5.3,7-8). Finalmente o profeta declara que Sião terá maior glória no futuro que em qualquer período anterior. O reino davídico, embora pareça ter chegado ao fim, alcançará grande crescimento por meio do futuro libertador messiânico.

O LIVRO FOI CITADO
a)     Pelos anciãos, salvando assim a vida do profeta Jeremias (Jr 26.16-19; Mq 3.12);
b)    Pelo Sinédrio, a Herodes o Grande, por ocasião do nascimento de Jesus Cristo (Mt 2.5-6; Mq 5.2);
c)     Por Jesus, ao enviar os discípulos (Mt 10.35-36; Mq 7.6).
ESBOÇO DE MIQUÉIAS
Tema: Quem é como o Senhor?
I. A dramática vinda do Senhor em Julgamento 1.1-2.13
Sobre as cidades capitais de Samaria e Jerusalém 1.1-9
Sobre as cidades localizadas a sudoeste de Jerusalém 1.10-16
Sobre os crimes que trazem ocupação estrangeira 2.1-11
Sobre todos, exceto um restante liberto pelo Senhor 2.12-13
II. A condenação dos líderes feita pelo Senhor 3.1-12
Sobre os líderes que consomem o povo 3.1-4
Sobre os profetas, exceto Miquéias 3.5-8
Sobre os oficiais: chefes, sacerdotes e profetas 3.9-12
III. A vinda do reino universal do Senhor 4.1-5.15
Atração de todas as nações pelo nome do Senhor 4.1-5
Compaixão sobre o povo dependente e rejeitado 4.6-13
O lugar de nascimento e a administração do Messias 5.1-6
A restauração de um restante num lugar sem ídolos 5.7-15
IV. A apresentação da contenda do Senhor 6.1-7.6
O seu cuidado redentor na sua história 6.1-5
Suas expectativas para uma reação apropriada 6.6-8
Seu fundamento para o julgamento do ímpio 6.9-7.6
V. A salvação do Senhor como esperança do povo 7.7-20
Apesar do julgamento temporário 7.7-9
Apesar dos inimigos do povo 7.10—17
Por causa da sua incomparável compaixão 7.18-20


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