O livro de Miquéias é o sexto dos
profetas menores. Seu autor profetizou nos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias
(1.1).
AUTOR
Miquéias (quem é semelhante a Jeová) era
contemporâneo de Isaías e Oséias. Natural da pequena cidade de Moresete
localizada nas colinas de Judá, entre Jerusalém e o mar Mediterrâneo. É um dos
poucos profetas mencionados em outro livro profético. Quando Jeremias foi
ameaçado de morte por suas profecias a respeito da destruição de Jerusalém, ele
foi defendido pelos anciãos que lembraram ao povo de que Miquéias profetizara o
mesmo havia mais de cem anos (Jr 26.18,19). Isso indica o respeito que havia
por Miquéias como porta-voz do Senhor.
Miquéias era um pregador da roça. Seu lar ficava a
uns trinta quilômetros ao sul de Jerusalém, na fronteira com a Filístia.
Pregava em Moresete ao mesmo tempo que Isaías pregava em Jerusalém e Oséias em
Israel. Miquéias era profeta do povo simples e da zona rural e conhecia bem
seus concidadãos. Quando Miquéias se refere ao povo do campo, chama-o de “meu
povo” (3.3). Profetizou a respeito de Samaria, capital de Israel, e
de Jerusalém, capital de Judá, mas sua maior preocupação era com Judá. Entre
ele e Amós há muita proximidade, apesar de terem vivido em épocas diferentes,
Miquéias é de uma geração posterior a de Amós. Suas mensagens convergem. Ambos
são defensores incontestes dos pobres e lavradores. São opositores ferrenhos
das cidades e de suas instituições de opressão contra o povo da roça.
O nome de seu pai não é mencionado, pelo que os
eruditos concluem que sua família era de posição insignificante e humilde. Seu
apelo em favor da religião autêntica só é equiparado pelo apelo semelhante de
Tiago (Mq 6.6-8 com Tg 1.27). O estilo de Miquéias tem muito da beleza poética
de Isaías e do vigor de Oséias, mas é por vezes obscuro pela sua brevidade e
repentinas transições.
DATA
Miquéias profetizou em
algum período entre 750 e 686 a.C., durante os reinados de Jotão, de Acaz e de
Ezequias, reis de Judá (1.1; Jr 26.18). Ele predisse a queda de Samaria (1.6)
que aconteceu em 722-721. Esse fato colocaria o início de seu ministério nos
reinados de Jotão (750-732) e de Acaz (735-715).
e de Acaz (735-715). Os reinados de Jotão e de Acaz
se sobrepuseram parcialmente um ao outro. A mensagem de Miquéias reflete as
condições sociais antes das reformas religiosas dirigidas por Ezequias
(715-686).
O seu conteúdo mostra que o livro foi escrito
depois dos reinados de Onri e de Acabe (6.16), porém não se pode dizer quanto
tempo antes da queda de Samaria, foram proferidas as palavras contidas no
capítulo 1.5-7; porque desde os dias de Uzias e de Jotão, os profetas ainda
estavam anunciando a queda de Samaria e a desolação de Judá. A alusão à queda
de Basã e Gileade pode indicar um período mais distante do que 733-732 a.C.,
quando Tiglate-Pileser, da Assíria, invadiu esse território e levou cativo
seus habitantes (7.14).
CONTEXTO
Os antecedentes históricos do livro são os mesmos
que se acham em trechos anteriores de Isaías, embora Miquéias não revele os
mesmos conhecimentos da vida política de Jerusalém que Isaías. Talvez porque
Miquéias, assim como Amós, viessem de aldeias de Judá.
Miquéias ministrou durante a grande crise assíria.
Ele testemunhou os acontecimentos resultantes na destruição e deportação do
Reino do Norte. Era um período de medo e ansiedade entre as pequenas nações do
leste.
Os oráculos de Miquéias não são datados; logo, é
difícil atribuí-los a um incidente específico. Houve diversas invasões em Judá
pelos assírios no tempo de Miquéias, e muitas delas podem ter servido de pano
de fundo para algumas profecias. A mais ameaçadora, geralmente considerada
contexto de muitas profecias de Miquéias, foi o ataque de Senaqueribe que
culminou no cerco de Jerusalém em 701 a.C. Nessa campanha, muitas cidades de
Judá foram sitiadas e destruídas, particularmente Laquis (1.13). O fato não só
cumpriu alguns oráculos de juízo de Miquéias, como também revelou-se na oportunidade
para o livramento do Senhor. Apesar de os exércitos de Senaqueribe terem
cercado Jerusalém e estarem preparados para destruí-la, os registros assírios
não descrevem a conclusão da campanha. É compreensível, pois em 2Reis 19.35
registra que o exército assírio, com 185 mil soldados, foi assassinado durante
a noite pelo Anjo do Senhor.
Nesse momento crítico o Senhor enviou Miquéias com
uma mensagem para o povo. Era um período de instabilidade política e social. O
grande sucesso militar do rei Uzias na primeira metade do século VIII floresceu
em um período de prosperidade econômica. Com o crescimento econômico, surgiu
uma classe de negociantes em Israel e novas divisões sociais. Agora o segmento
agrário da sociedade se encontrava a mercê de comerciantes que desfrutavam de
apoio real. A igualdade no mercado logo se tornou exceção em vez de regra. Foi
nesse contexto que Miquéias denunciou injustiça e falsa religiosidade.
TEMAS E CARACTERÍSTICAS
A compaixão de Deus. Miquéias declara que o Deus
santo e justo não tolerará mais a maldade persistente de seu povo. Assim como
fizera o profeta Oséias, Miquéias usou figuras de prostituição para descrever o
culto idólatra (1.7).
O profeta divide suas dezenove profecias em três
ciclos, cada um dos quais se inicia com profecias de julgamento e finaliza
com uma ou mais profecias de salvação, cada uma das quais iniciando-se com a
mesma palavra hebraica que é traduzida por “ouvi” (1.2; 3.1; 6.1). O
segundo ciclo possui três profecias de julgamento (cap. 3) e sete de salvação
(caps. 4 -5). O profeta usa jogos de palavras para predizer o castigo e
consegue demonstrar grande realismo e proximidade ao citar seus assuntos, como
os falsos profetas que tentam silenciá-lo (2.6,7); e os gentios convertidos que
se dirigem a Jerusalém para prestar culto (4.2).
O estilo de Miquéias é semelhante ao de Isaías. Os
dois profetas empregam linguagem vigorosa e figuras de linguagem; ambos
demonstram grande ternura quando ameaçam com o castigo e prometem a justiça.
MENSAGEM SOBRE O JUÍZO DIVINO E A VINDA DE CRISTO
“Ouvi agora, vós, cabeças de Jacó, e vós, chefes
da casa de Israel” (3.1). O que diz Deus deles? Leia Miquéias 3.1-4. Deus
compara a cobiça e o enriquecimento deles a um ato de canibalismo. Os líderes
estão devorando o povo pobre e indefeso (3.2,3).
A nação estava às portas do colapso, e os príncipes
e sacerdotes eram responsáveis por isso. Deus denúncia o pecado dos dirigentes
(3.9), o suborno entre os juízes (3.11), pesos falsos e balanças enganosas. “Assim
diz o Senhor acerca dos profetas que fizeram errar o meu povo” (3.5).
Miquéias, de coração partido, fala do juízo de Deus
contra Judá, por causa dos seus pecados. Jerusalém e o templo serão destruídos
(3.12; 7.13). O povo será levado cativo para a Babilônia (4.10). Parece
mencionar rapidamente palavras de juízo para se deter na mensagem do amor e da
misericórdia de Deus. O Senhor trará seu povo de volta do cativeiro (4.1-8;
7.11,14-17). Miquéias era um profeta de esperança; por isso, sempre olhava além
da condenação e do castigo para o dia de glória, quando o próprio Cristo
reinará e a paz cobrirá a terra. Deus faz a promessa da vinda do Messias que
vai nascer em Belém (4.8; 5.2-4). A pequena Belém, a menor das cidades de Judá,
será honrada de maneira notável com o nascimento do Messias de Deus, Jesus
Cristo, Nosso Senhor. Suas vitórias não serão por força ou poder político, mas
pelo Espírito do Senhor. Setecentos anos depois essa profecia dada por Deus ao
profeta Miquéias conduz os magos a Jerusalém para ver o novo Rei (5.2-5).
MENSAGEM AO POVO ESCOLHIDO
“Ouvi, montes, a demanda do SENHOR, e vós,
fortes fundamentos da terra; porque o SENHOR tem uma demanda com o seu povo, e
com Israel entrará em juízo” (6.2). Deus é descrito como alguém que está
processando seu povo. O povo havia ignorado Deus, e Deus então os faz lembrar
da sua bondade e de como guardara a aliança feita aos patriarcas (6.3).
O povo então pergunta como poderá agradar a Deus e
como se apresentará perante ele com holocaustos? (6.6,7).
Deus requer conduta íntegra e uma experiência real
e pessoal com ele. Por causa da sua conduta ímpia, o povo teve de sofrer
consequências terríveis, Deus é justo juiz (1.3,5; 3.5; 3.12).
ANÁLISE GERAL
Os três primeiros capítulos do profeta Miquéias
apresentam os juízos de Deus contra Judá e Israel, bem como a iminente
condenação que aguardava aquelas nações.
Os capítulos quarto e quinto oferecem consolação e
esperança em vista da questão dos dias vindouros, quando a casa do Senhor será
restaurada sobre o monte de paz permanente; um remanescente regressará a Sião,
libertado do cativeiro babilônico; um libertador proveniente de Belém fará o
seu remanescente justo ser uma benção para todos os povos da terra.
Os capítulos sexto e sétimo declaram o caminho da
salvação por meio de analogia de um tribunal onde o Senhor é o denunciante e
Israel é o réu. Relembrando a seu povo como eles foram libertos de Egito, e
ensinando-lhes o que é a verdadeira adoração. O Senhor lamenta seus
tesouros de iniquidade e opressão.
Miquéias conclui seu livro usando um jogo de
palavras baseado no significado de seu nome: “Quem é semelhante ao Senhor?”
Somente Deus pode perdoar e mostrar compaixão ao povo com o qual estabeleceu a
Sua aliança. Fiel as suas promessas de aliança com os patriarcas (7.20), o
Senhor preservará o restante do seu povo (2.12; 4.7; 5.3,7-8). Finalmente o
profeta declara que Sião terá maior glória no futuro que em qualquer período
anterior. O reino davídico, embora pareça ter chegado ao fim, alcançará grande
crescimento por meio do futuro libertador messiânico.
O LIVRO
FOI CITADO
a) Pelos anciãos, salvando assim a vida
do profeta Jeremias (Jr 26.16-19; Mq 3.12);
b) Pelo Sinédrio, a Herodes o Grande,
por ocasião do nascimento de Jesus Cristo (Mt 2.5-6; Mq 5.2);
c) Por Jesus, ao enviar os discípulos
(Mt 10.35-36; Mq 7.6).
ESBOÇO
DE MIQUÉIAS
Tema: Quem é como o Senhor?
I. A dramática vinda do Senhor em Julgamento 1.1-2.13
I. A dramática vinda do Senhor em Julgamento 1.1-2.13
Sobre as
cidades capitais de Samaria e Jerusalém 1.1-9
Sobre as cidades localizadas a sudoeste de Jerusalém 1.10-16
Sobre os crimes que trazem ocupação estrangeira 2.1-11
Sobre todos, exceto um restante liberto pelo Senhor 2.12-13
Sobre as cidades localizadas a sudoeste de Jerusalém 1.10-16
Sobre os crimes que trazem ocupação estrangeira 2.1-11
Sobre todos, exceto um restante liberto pelo Senhor 2.12-13
II. A condenação dos líderes feita pelo Senhor
3.1-12
Sobre os
líderes que consomem o povo 3.1-4
Sobre os profetas, exceto Miquéias 3.5-8
Sobre os oficiais: chefes, sacerdotes e profetas 3.9-12
Sobre os profetas, exceto Miquéias 3.5-8
Sobre os oficiais: chefes, sacerdotes e profetas 3.9-12
III. A vinda do reino universal do Senhor 4.1-5.15
Atração
de todas as nações pelo nome do Senhor 4.1-5
Compaixão sobre o povo dependente e rejeitado 4.6-13
O lugar de nascimento e a administração do Messias 5.1-6
A restauração de um restante num lugar sem ídolos 5.7-15
Compaixão sobre o povo dependente e rejeitado 4.6-13
O lugar de nascimento e a administração do Messias 5.1-6
A restauração de um restante num lugar sem ídolos 5.7-15
IV. A apresentação da contenda do Senhor 6.1-7.6
O seu
cuidado redentor na sua história 6.1-5
Suas expectativas para uma reação apropriada 6.6-8
Seu fundamento para o julgamento do ímpio 6.9-7.6
Suas expectativas para uma reação apropriada 6.6-8
Seu fundamento para o julgamento do ímpio 6.9-7.6
V. A salvação do Senhor como esperança do povo
7.7-20
Apesar
do julgamento temporário 7.7-9
Apesar dos inimigos do povo 7.10—17
Por causa da sua incomparável compaixão 7.18-20
Apesar dos inimigos do povo 7.10—17
Por causa da sua incomparável compaixão 7.18-20
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