Lição 02
INTRODUÇÃO
A Primeira Epístola a Timóteo foi escrita por Paulo, a quem denomina o jovem pastor de “meu verdadeiro filho na fé” (I Tm. 1.2). Com essa declaração objetiva reconhecer e legitimar o ministério espiritual desse obreiro perante a congregação. Na aula de hoje, nos voltaremos para as orientações do Apóstolo à igreja, considerando a necessidade de refutar os falsos ensinamentos. Ao final, destacaremos a importância de não nos apartarmos do evangelho da graça, sob pena de comprometer o evangelho genuíno.
1. A DOUTRINA DOS APÓSTOLOS
Paulo está preocupado em manter a sã doutrina, e refutar os falsos ensinamentos que comprometiam o verdadeiro evangelho. ÉA onda de subjetivismo ainda hoje mina muitas igrejas evangélicas. Há pastores que criticam o liberalismo nas igrejas, mas não sabem que a experiência, distanciada da Palavra também é liberalismo. Os falsos mestres dos tempos de Paulo estavam se infiltrando nas igrejas, trazendo um ensino diferente (gr. heterodidaskaleo). Uma ala desse ensinamento não apostólico se respaldava em uma interpretação equivocada da lei (I Tm. 1.7). Existem movimentos estranhos ao evangelho, semelhantes aos judaizantes do passado, que querem resgatar a prática da lei como condição para a salvação. Paulo reconhece que a Lei é boa, tendo em vista que ela busca orientar o ser humano. Mas essa é incapaz de salvar, pois serve apenas como um aio, um pedagogo que conduz o aluno à escola, mas não pode modificar seu comportamento (Gl. 3.24,25). O uso equivocado da Lei acaba por favorecer mitos e genealogias intermináveis, lendas que não edificam e contrariam o evangelho (I Tm. 4.7). Essas mitologias e genealogias também causam contendas nas igrejas, e uma espécie de especulação vazia de verdade. Mas a Torah aponta o caminho correto, para que o pecador reconheça suas limitações, e se volte para Deus. Até mesmo na sociedade, as leis servem tão somente para deter os instintos rebeldes do ser humano. Contudo, não podem modificar o caráter, ainda que sejam necessárias para evitar o caos (I Tm. 1.9-10). A mudança na natureza somente acontece a partir do interior (Cl. 3.5-11), quando o novo homem é construído, através do Espírito Santo, em Cristo (Gl. 5.22).
2. O ENSINAMENTO DOS FALSOS MESTRES
Os falsos mestres dos tempos de Paulo impunham proibições e penalidades, e ao mesmo tempo, as contradiziam, praticando imoralidades. A coerência deve ser buscada pelos servos de Deus, ainda que reconheçam que são incapazes de alcançar o padrão divino por conta própria. Faz-se necessário ter cuidado com o mero moralismo, às vezes, exige-se um padrão moral dos outros, atentando para algumas áreas, principalmente restrita à sexualidade. A hipocrisia é demonstrada quando pessoas exigem demais em uma área, mas transgridem em outras, naturalizando determinados pecados. Esse era o pecado de alguns fariseus dos tempos de Jesus, eles faziam de tudo para conseguir prosélitos, coavam um mosquito e engoliam um elefante (Mt. 23). A sã doutrina identifica a realidade do pecado, sobretudo sua universalidade (Rm. 3.23), ao mesmo tempo em que reconhece que ninguém é salvo pelas obras (Ef. 2.8,9), mas pela graça por meio da fé, gratuitamente (Rm. 6.23), como resultado do amor de Deus (Jo. 3.16; Rm. 5.8). Paulo sabe que foi um dos piores pecadores, um perseguidor da igreja de Jesus Cristo, tendo sido alcançado pela graça maravilhosa de Deus (I Tm. 1.16). Por isso destina a honra e a glória a Deus, não aos homens. Há líderes que pensam que a salvação depende deles, os méritos não são de Cristo, mas das obras que realizam. Esse é outro evangelho, nada tem a ver com o evangelho de Jesus (Gl. 1.7-9). Muitos estão se deixando enfeitiçar por essa falsa doutrina, que defende a salvação pelas conquistas humanas. Somos todos pródigos, é a graça de Deus que nos acolhe, a graça de Deus deve continuar nos causando espanto.
3. O EVANGELHO DA GRAÇA
Desfrutamos da graça e paz de Deus, que excede todo e qualquer entendimento, principalmente o religioso. A graça (gr. charis) é o favor imerecido de Deus, Ele nos dá muito além do que merecemos. Quando somos alcançados pela graça de Deus, podemos não apenar ter paz (gr. eirene) com Deus, mas também a paz de Deus (Fp. 4.7). Essa é uma paz que o mundo não conhece, mas que nos foi prometida por Cristo, antes de partir da terra (Jo. 14.27). Muitos cristãos estão perdendo a surpresa diante da graça de Deus. As responsabilidades eclesiásticas estão naturalizando os relacionamentos. Sem perceber alguns deles pensam que são merecedores das dádivas divinas. Como o fariseu da parábola de Jesus, estufam o peito diante de Deus, e apresentam suas prerrogativas, achando que são dignos (Lc. 18.9). Davi precisou ser advertido pelo profeta Natan, para que percebesse seu pecado, e se voltasse em arrependimento ao Senhor (Sl. 51.8). Com Paulo precisamos lembrar constantemente, que a graça do nosso Senhor transbordou sobre nós, com a fé o amor que estão em Cristo Jesus (I Tm. 1.14). A graça de Deus também nos motiva ao amor (gr. agape), a responder positivamente à providência do Senhor. Amamos a Deus, e uns aos outros, porque Ele nos amou primeiro (I Jo. 4.19), esse é o genuíno evangelho, uma palavra fiel e verdadeira, digna de toda aceitação (I Tm. 1.15). Por isso Timóteo deve pregá-la com ousadia naquela comunidade, para que os ouvintes possam reconhecê-la. Trata-se, na verdade, de um combate, a fim de, apologeticamente, manter a fé e a boa consciência que alguns estão rejeitando (I Tm. 1.18-20).
CONCLUSÃO
Diante da ameaça das falsas doutrinas na igreja, Paulo admoesta Timóteo para que combata contra os mestres do engano. Quando o evangelho está sendo ameaçado por ensinamentos falsos, devemos ser firmes e contundentes na defesa da verdade. Nossa principal arma é a espada do Espírito que é a Palavra de Deus (Ef. 6.17), com ela podemos destruir as fortalezas do erro, e mostrar a direção correta, a fim de defender a fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd. 3).
Muito bom... Glorias a Deus
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