Texto Áureo: Ef. 5.25 – Leitura Bíblica: Ef. 5.22—28. 31.33
INTRODUÇÃO
Conforme temos estudado ao longo das primeiras lições, o casamento cristão está fundamentado na Bíblia, a Palavra de Deus. Na aula de hoje trataremos, especificamente, a respeito das bases que sustentam o casamento. A primeira delas é a graça, o favor imerecido, a disposição de aceitar o outro, com suas diferenças e particularidades. E não com menor importância, o amor que se sacrifica, que não busca apenas os interesses individuais.
1. O CASAMENTO CRISTÃO
Existe muito idealismo em relação ao casamento, até mesmo entre
os cristãos, na maioria das vezes isso se concretiza em um romantismo
exacerbado, que, ao invés de ajudar, atrapalha a relação conjugal. O casamento cristão é a união de duas pessoas, um homem e uma mulher, que não
são perfeitas, por isso, precisam administrar cada situação,
principalmente as mais adversas. Não podemos esquecer que existe uma
propensão à carnalidade no ser humano, tanto no homem quanto na mulher
(Gl. 5.17), por isso, ambos carecem de arrependimento, e sobretudo, das
orientações do Senhor Jesus (Lc. 5.31,32). O casamento cristão, que está pautado em Cristo, busca, na Bíblia, e não nos padrões midiáticos, seu alicerce de sustentação (Jo. 14.6). Em Ef. 5, Paulo destaca que Cristo é a referência, não a sociedade, para as atitudes no casamento.
As esposas devem submeter-se ao marido, “como ao Senhor” (v. 22). Os
maridos, por sua vez, devem amar a esposa “como também Cristo amou a
igreja e a si mesmo se entregou por ela” (v. 25). Os maridos devem
cuidar de sua esposa “como também Cristo o faz com a igreja” (v.
29). Em todas as circunstâncias, devemos considerar que se trata de um
mistério, que está diretamente relacionado a Cristo e à igreja (v. 32). É
um equívoco da nossa sociedade tentar fundamentar o casamento no
sexo e no romantismo. Mesmo na igreja muitos cristãos foram contagiados
por essa tendência. Evidentemente o sexo é necessário, e importante
dentro do matrimonio (Hb. 13.4), mas não é uma base para o casamento. As pessoas envelhecem, a beleza física se esvai, o fervor sexual arrefece. O romantismo não deve ser desconsiderado, as palavras afáveis contribuem para o crescimento conjugal, mas nem só de romantismo vive o casamento.
As pessoas podem perder o bom humor de vez em quando, principalmente
nos momentos difíceis, quando filhos adoecem, e as contas chegam à caixa
do correio. O casamento cristão é composto por um casal
de pessoas pecadoras, uns mais ou menos espirituais, que são desafiados a
permanecerem juntas, até que a morte as separe (I Tm. 1.15, 16).
2. SEM GRAÇA, É UMA DESGRAÇA
Diante das adversidades, o casamento precisa de graça, caso
contrário, permitam-me o trocadilho, se transformará em uma desgraça.
Quanto mais espirituais forem os cônjuges, maior será a propensão de
andarem no Espírito, de não satisfazerem as concupiscências da carne (Gl. 5.17). Um casamento centrado apenas no eu, nos interesses individuais de apenas um dos cônjuges, resulta em sofrimento para o outro. Há uma tendência, alimentada pela mídia, de fazer com
que as pessoas passem a vida inteira procurando uma alma gêmea. Por
causa disso, muitos casamentos se desfazem, pessoas passam a vida
inteira na busca pelo príncipe encantado. Essas pessoas que querem
encontrar uma alma gêmea põem o foco demasiado em seus desejos, entram
nas relações querendo sempre autossatisfação, que resulta em frustração
(Tg. 4.1-3). Essa é uma tendência da natureza caída, que fará de tudo
para minar o casamento, já que tem o egocentrismo como base. Se essa lei do pecado não for controlado pelo Espírito, a vida conjugal poderá ser arruinada (Rm. 7.21-23). Ao invés de sempre querer julgar o outro, o cristão
deve antes olhar para si mesmo (Mt. 7.4,5). Muitos maridos e esposas
encontram facilmente defeitos nos seus cônjuges, mas têm dificuldade de
fazer o mesmo quando olham para eles mesmos. É bom lembrar que não conhecemos os outros, nem mesmo a nós mesmos em completude, apenas em parte (I Co. 13.12). Por isso, ao invés de julgar o outro, precisamos aprender antes a nos avaliar, isso porque se julgássemos a nós mesmos não seríamos julgados, mas quando somos julgados pelo Senhor, é para não sermos condenados com
o mundo (I Co. 11.32). Quando abordado pelo Senhor, Adão quis,
imediatamente, colocar a culpa sobre a sua esposa, fugiu da sua
responsabilidade pela desobediência (Gn. 3.12). Davi precisou de um Natã
para reconhecer o seu pecado e se voltar para o Senhor (II Sm. 12.13).
Portanto, o casamento cristão deve basear-se na graça – charis em grego – que é um favor imerecido.
Fomos alcançados pela graça e misericórdia de Deus, por isso devemos
agir de igual modo em relação ao nosso cônjuge (Lc. 6.36; Tt. 2.11-14).
Jesus compadeceu-se das nossas fraquezas, por isso devemos fazer o mesmo
(Hb. 4.15), e lembrar que a misericórdia poderá triunfar sobre o
julgamento (Tg. 2.13). Para o bem do casamento, todo cristão deve fortificar-se na graça que está em Cristo Jesus (II Tm. 2.1).
3. NÃO SÓ COM PALAVRAS, MAS COM AMOR SACRIFICIAL
A supervalorização do sexo na sociedade contemporânea tem causado muitos males ao casamento. O sexo foi criado por Deus, não
apenas para reprodução, mas também para o prazer. O problema é que ele
tem sido usado indiscriminadamente, e às vezes, confundido com
amor. A expressão “fazer amor” tornou-se sinônima de fazer sexo, ainda
que fora dos padrões bíblicos. Deus criou o sexo para a realização dos
casais, e este é por ele estimulado (I Co. 7.1-5), mas ninguém deve
basear o casamento exclusivamente no sexo. A palavra-chave do casamento, e o seu principal fundamento, é o amor. Isso não diz respeito a qualquer tipo de amor, mas ao agape – o amor sacrificial. Um casamento
somente alcançará maturidade quando os cônjuges dependerem menos do
eros – o sexo, e mais do agape – o amor desinteressado. É o amor agape
que supera as incompatibilidades, pois, definitivamente, o casamento
é uma composição de pessoas incompatíveis, ainda que essas possam ser
atenuadas se os jovens forem sábios antes da decisão de dizer “sim” (Gn.
24). As imperfeições ficam evidentes antes mesmo da celebração do casamento.
Aqueles que dizem “sim” devem estar cientes que precisam fazer
concessões. E para ser mais realista, dificilmente as mudanças
acontecerão de forma significativa depois do casamento. Por isso, como se costuma dizer aos jovens, “abram bem os olhos antes do casamento, mas feche-os um pouco depois de casados”. Isso porque o casamento é um pacto de sujeição, de disposição para viver não para si mesmo, mas para o outro (Ef. 5.22-25). Jesus é o maior exemplo, tendo em vista que não agradou a Si mesmo (Rm. 15.2,3). O casamento é plano de Deus, e um glorioso ministério, mas o alvo central não é a busca da felicidade. A meta do casamento não é a felicidade, ainda que essa, de uma maneira misteriosa, possa ser encontrada, mesmo na adversidade. O casamento
é um ambiente de amor, no qual atitudes de paciência, benignidade,
sacrifício, entrega e perdão são manifestas, elementos do fruto do
Espírito (Gl. 5.21,22; I Co. 13.4,5). Dizer que se ama não é difícil, e mostrar interesses pelos outros para “fazer amor” também, mas a base cristã para o casamento é o amor-agape, que não se revela apenas em palavras, mas, sobretudo, em obras e em verdade (I Jo. 3.18).
CONCLUSÃO
O casamento cristão é um mistério, tão sublime como a relação entre Cristo e a Igreja, cujo fundamento é a graça e o amor. Como cristãos, não podemos nos deixar influenciar pelos valores que tentam sustentar o casamento, tais como o individualismo romântico e a sexualidade descompromissada. Um casamento genuinamente
cristão aceita o cônjuge
com as
suas diferenças, e está disposto a sacrificar-se pelo
outro, assim como Cristo amou e se entregou a Sua Igreja.
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