O apóstolo Paulo, um judeu convertido a Cristo e escolhido para pregar aos gentios em dois continentes, se tornou um dos homens mais influentes entre os seguidores de Jesus. Dos 27 livros do Novo Testamento, Paulo escreveu 13! Destas 13 epístolas, as últimas sete foram escritas enquanto ele vivia com a realidade de que poderia morrer logo.
No final da sua terceira viagem missionária, Paulo foi preso em Jerusalém. Alguns judeus queriam matá-lo, e ele continuou durante mais de quatro anos encarando a possibilidade de ser condenado à morte, talvez pelo imperador mau Nero. Durante esse tempo, Paulo escreveu quatro cartas: Efésios, Colossenses, Filemom e Filipenses. Ele disse aos cristãos de Filipos: “Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão do Espírito de Jesus Cristo, me redundará em libertação, segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1:19-21).
Embora a Bíblia não relate todos os detalhes, tudo indica que Paulo foi, de fato, posto em liberdade para fazer mais algumas viagens missionárias. Ainda durante o reinado de Nero (um dos imperadores que perseguia os cristãos), ele foi preso novamente. Durante esta prisão ele escreveu suas últimas cartas, duas para Timóteo e uma para Tito. Nestas epístolas o tom do apóstolo foi diferente. Ele comentou sobre a morte iminente e certa: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado” (2 Timóteo 4:6).
É normal para qualquer pessoa sentir medo quando encara a morte, e Paulo também o sentia. Mas a preocupação de Paulo não foi medo de morrer, ou medo do que aconteceria com ele após a morte. Para este servo do Senhor, a morte seria um alívio bem-vindo e marcaria o início da sua vida celestial na presença de Jesus: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.... O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (2 Timóteo 4:8,18).
Paulo não temia sua morte; ele temia pelas pessoas que ainda permaneceriam aqui na terra. Considere alguns exemplos de coisas que Paulo temia:
Desvios da fé por parte de alguns irmãos (1 Timóteo 1:3-4,19). Mesmo pessoas que começam bem podem enfraquecer na sua determinação de resistir ao pecado.
A covardia de servos do Senhor (2 Timóteo 1:6-8). Se ninguém tiver coragem de se opor aos falsos mestres, sua influência seria pior ainda!
Contendas entre irmãos (2 Timóteo 2:14,23). Os perigos nem sempre vem de fora. Conflitos dentro da igreja do Senhor são devastadores.
O desrespeito para com Deus e a perversidade dos desobedientes (2 Timóteo 3:1-5,13).A conduta perversa de algumas pessoas mostra sua falta total de respeito do seu Criador.
A falta de interesse na palavra (2 Timóteo 4:1-4). Talvez um dos receios maiores de Paulo fosse a simples negligência da verdade por pessoas que dariam preferência a mensagens mais agradáveis. Muitos ainda sofrem de coceira nos ouvidos!
Uma vez, Paulo comentou com os pastores da igreja de Éfeso: “Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho” (Atos 20:29). Paulo não temia a morte, mas temia as ameaças que os cristãos ainda teriam de encarar.
O efeito de falsos mestres (1 Timóteo 4:1-5; 6:3-5). Um fator real em alguns desses desvios é a influência de pessoas que distorcem o evangelho e enganam os outros. Paulo viu a necessidade de calar as bocas de falsos mestres (Tito 1:10-14).
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