segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Ouvindo a Voz de Deus





“1 Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação. 2 Saiamos ao seu encontro, com ações de graças, vitoriemo-lo com salmos. 3 Porque o SENHOR é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses. 4 Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes lhe pertencem. 5 Dele é o mar, pois ele o fez; obra de suas mãos, os continentes. 6 Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou. 7 Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão. Hoje, se ouvirdes a sua voz, 8 não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto, 9 quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhas obras. 10 Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse: é povo de coração transviado, não conhece os meus caminhos. 11 Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso.” (Salmo 95)

No trecho destacado do salmo acima,  (v. 7b-8a), o salmista conclama os filhos de Deus a virem até Deus e adorá-Lo, com júbilo e alegria, pois, o Senhor é “o Rochedo da nossa salvação” (v. 1). Ele é o Deus que está acima de tudo e de todos, Criador Todo-Poderoso do universo e mantenedor do mesmo (vs3-5), por essa razão, toda adoração, louvor e rendição total a Ele devem ser a resposta dos Seus filhos (v.6-7). Em meio a todas essas verdades, o salmista nos lembra que devemos ouvir a voz de Deus e sermos obedientes ao que Ele nos diz. E é sobre isso que quero meditar com você nessa ocasião: Ouvindo a Voz de Deus.

Sempre que digo que Deus fala ao nosso coração alguém me pergunta: “Mas, você ouve a voz de Deus? Você consegue ouvi-Lo como quando uma pessoa fala com você?”. Um dia desses, minha filha de seis anos me fez a seguinte pergunta: “Papai, quando Deus fala com a gente, a gente consegue ouvi-Lo?”.

É claro que não ouvimos a voz de Deus audível e sonoramente. Quando Deus fala conosco Ele o faz de formas muito distintas que só podem ser percebidas quando estamos vivendo em comunhão com Ele. E destaco aqui pelo menos três formas como Ele fala conosco.

1 – Ele nos fala através dos meios naturais

Deus fala constantemente ao nosso coração por meio das circunstâncias, pessoas e por meio de Sua Criação; são esses os meios naturais.

No Sl 19.1-4 a Bíblia nos diz que Deus revela a Sua glória por meio da Criação. O firmamento, o sol, o decurso dos dias e das noites, neles “não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras até aos confins do mundo”.

Outro texto muito importante é Rm 1.20:

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas”.

Deus nos fala constantemente por meio das pessoas. Através de uma conversa alguém pode dizer-nos algo que estávamos precisando ouvir. Um exemplo bíblico disso é quando o profeta Natã vai ter com Davi para levar-lhe a repreensão e a correção de Deus por causa do seu pecado de adultério, 2Sm 12.1-15. Esteja atento a esses meios naturais, pois, Deus pode usá-los para falar com você.

2 – Ele nos fala através da nossa consciência

A consciência é a capacidade que temos de formular juízos e valores morais sobre nós mesmos. É aquele senso de aprovação ou reprovação dentro do nosso coração que nos guia, mostrando se nossas atitudes são certas ou erradas.

Ela é a voz da nossa alma e é uma das “portas” pelas quais Deus entra e fala conosco. Ela estabelece padrões elevados para nós, e quando não alcançamos esses padrões, somos tomados por um sentimento de culpa, o qual no crente produz profunda tristeza que leva ao arrependimento e confissão para então, assim, apropriar-se do perdão de Deus.

A nossa consciência é sensível, e quando pecamos contra ela (quando fazemos aquilo que julgamos ser pecado), aos poucos a ferimos até que chega a um ponto em que ela cauteriza, calcifica e endurece. Nesse ponto, nos tornamos soberbos e rebeldes, orgulhos e autossuficientes, incapazes de abandonarmos o pecado até mesmo porque nesse ponto o pecado é o que mais nosso coração deseja.

A Bíblia nos diz em Rm 2.14,15 o seguinte: “Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se”. O que Paulo está dizendo aqui é que mesmo aqueles que não são salvos por Cristo, que não reconhecem a Lei de Deus como regra, eles sabem que coisas como, mentir, roubar, matar, adulterar, desonestidade, etc., são pecados, ou pelo menos que não são coisas que uma “pessoa de bem” deve praticar. Mas, quando eles praticam tais coisas, a consciência deles os acusa, porque fizeram algo que recriminavam.

Deus fala constantemente à nossa consciência. Quando pecamos, temos conhecimento de que quebramos um ou mais mandamentos de Deus.

Em sua defesa perante o rei Agripa, Paulo, relatando sua conversão, cita as palavras que Deus lhe falou: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões” (At 26.14). A figura aqui é a daquela vara pontiaguda usada para ferroar o boi forçando-o a puxar o arado ou o carro. Os aguilhões aqui são os de Deus na consciência da pessoa. Dura coisa é resistir à “ferroadas” que Deus dá em nossa consciência quando pecamos contra Ele. Por isso a ordem que a Bíblia nos dá no Sl 95.7b-8a: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração”.

Contudo, é importante ressaltar que a nossa consciência é corrompida pelo pecado, e, justamente por isso, ela pode se enganar considerando como bom algo que é mal. Por causa do pecado, nossa consciência não é um meio confiável para nos orientar.

Como disse há pouco, a nossa consciência é muito melindrosa. É como o nosso olho, que se lhe entrar um cisco, muito nos incomodará. Mas, se permitirmos que esse cisco permaneça ali, ele poderá nos levar à cegueira. Com a nossa consciência acontece o mesmo. Se permitirmos que pecados não confessados, não combatidos se alojem em nosso coração, fatalmente, nossa consciência será danificada, endurecida, cauterizada.

Sabendo disso, Deus nos deixa algo infalível, inerrante, suficiente e perfeito para nos guiar, através do que Ele fala ao nosso coração:

3 – Ele nos fala através da Sua Palavra

A Palavra de Deus é infalível (Is 55.10-11) – se algo falhou não foi Ela, mas, sim, minha obediência. Ela é inerrante – ela não contém erros, e, portanto, é perfeita (Sl 19.7; Tg 1.25). Ela é suficiente – não necessitamos de nada mais para nos orientar (Sl 73.25). Se nos submetermos a ela, com certeza sempre saberemos o que e quando fazer.

Se quisermos viver em paz temos de cumprir o que a Bíblia nos ordena. No Sl 119.165 lemos: “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço”.

Temos de guardar em nosso coração a Palavra de Deus para não pecarmos contra Ele, Sl 119.11.

A Palavra de Deus deve habitar em nosso coração, e isso, ricamente (Cl 3.16), pois, somente quando a Palavra de Deus assim habitar em nosso coração, ele estará tomado com o que há de melhor nessa vida.

Se quisermos experimentar a paz que excede todo entendimento (Fp 4.7), temos de nos submeter à Palavra de Deus, não somente deixando de fazer coisas erradas, mas, principalmente, fazendo coisas certas. Errar por omissão é pecado tanto quanto errar por ação.

As circunstâncias podem ser confusas; nossa consciência pode ser atrapalhada pelos nossos conceitos errados, pelo nosso pecado, pelo nosso egoísmo; mas, a Palavra de Deus é pura, límpida e não deixa margem para dúvidas. Ela não falha em seus ensinamentos.

Deus pode falar ao nosso coração por meio das circunstâncias porque Seu relacionamento conosco se dá nas circunstâncias dessa vida. Ele pode apelar à nossa consciência porque é através do nosso coração (consciência) é que compreendemos o que Ele quer nos ensinar. Mas, é através da Sua Palavra que Ele nos fala claramente.

Devemos gastar tempo meditando nela, memorizando Suas verdades, e aplicando seus ensinamentos.

Precisamos entender que tudo quanto está registrado na Palavra tem como propósito glorificar a Deus através da nossa vida. Em Rm 15.4 lemos: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.

Uma das coisas que mais precisamos nessa vida é a esperança. Colocamos nossa esperança em tantas coisas como: um trabalho novo, um relacionamento novo, um ano novo, etc., e por isso mesmo, vivendo em busca de “novidades” só encontramos frustração e desespero. Mas, a Palavra de Deus é clara: a esperança nasce por meio da “consolação das Escrituras”, e nesse processo de consolação por meio das Escrituras precisamos ter “paciência” enquanto somos por Elas ensinados.

Não gastamos tempo com a Bíblia; não investimos tempo meditando na Palavra, consequentemente, não a obedecemos, pois a obediência vem por meio da aprendizagem e a aprendizagem vem por meio de uma ação paciente de um estudante que se debruça sobre a Palavra, e por meio de uma submissão constante.

Infelizmente, vivemos contestando a Palavra dizendo que é impossível cumpri-La. Mas, se está revelado ali é porque é vontade de Deus, e se é vontade de Deus, Ele nos capacita a cumprir. O problema é que não queremos fazer a vontade de Deus, mas, queremos que Ele faça a nossa.

Conclusão

Em sua música “Integridade”, pr. Jorge Camargo diz:

“Palavras que dão sentido ao que eu faço /Com atos que autenticam o que eu digo /A marca que deve sempre andar comigo /A essência do que a Deus eu ofereço /Um maior compromisso com a verdade /Em passos que não desviam do seu caminho /Mesmo se for preciso andar sozinho /O anseio de viver com integridade /É fruto de um coração que deixa-se amolecer /Banhado por contrição, disposto a obedecer”.

Um coração amolecido, contrito e disposto a obedecer, é tudo isso que precisamos ter quando ouvirmos a voz de Deus falando nas circunstâncias da vida, em nossa consciência e especialmente por meio da Sua Palavra, porque ouvir a voz de Deus implica em obedecê-La.

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