sábado, 3 de fevereiro de 2018

O Discípulo Produtivo




Texto: João 15:1-16

Introdução
Na vida espiritual Deus cobra produtividade do seu povo. Em Gênesis capítulo 1, ao criar todas as coisas, Deus não somente produziu mas exigiu produtividade: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a…” (Gn 1.27-28). Abençoado por Deus, o homem deve produzir e administrar a produção. Portanto, ser criativo e produtivo é uma maneira de refletir a imagem e a semelhança de Deus em nós. Neste estudo, refletiremos em João 15, que revela a cobrança que Jesus nos faz acerca da nossa produtividade espiritual.

1. A FIGURA DA VIDEIRA

“…Eu sou a videira verdadeira” afirma Jesus (Jo 15.1). O simbolismo da videira acha a sua explicação no Antigo Testamento. O povo de Israel é uma videira que foi trazida do Egito por Deus. Trouxeste uma videira do Egito, expulsaste as nações e a plantaste (SI 80.8). “Porque a vinha do SENHOR dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta dileta do SENHOR…" (Is 5.7). Embora Israel tivesse sido “videira excelente” tornou-se “vide brava”: Eu mesmo te plantei como vide excelente, da semente mais pura; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada, como de vide brava? (Jr 2.21).

No Novo Testamento, Jesus através da parábola dos lavradores maus (Mt 21.33-46; Mc 12.1-12; Lc 20.9-19) reformula o sentido simbólico da videira como a nação de Israel. Os arrendatários da vinha (a nação de Israel) mataram os servos (os profetas até João) enviados pelo dono (Deus) para receber seus frutos. Ao matarem o herdeiro (Jesus), os arrendatários pensavam que a vinha seria deles. O dono porém, executou estes maus lavradores e colocou outros no lugar deles: Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos (Mt 21.43).

Enquanto no Antigo Testamento Israel era a videira ou a vinha, a videira agora é concentrada na pessoa do próprio Jesus. Ele é a videira verdadeira. A expressão “verdadeira” (alethinos) significa “real” ou “genuíno”. No Antigo Testamento a videira é sempre vista no seu aspecto de degeneração (Ez 15; Os 10.1). Porém, Jesus como a videira verdadeira é um organismo vivo que transmite vida a outros organismos.

Os discípulos são os ramos. Assim como os ramos de uma videira se acham ligados ao tronco principal, assim também cada crente se acha ligado a Cristo, recebendo dEle a vida. Deus Pai é o agricultor, ou seja, aquele que planta, cuida e faz crescer. Lavoura de Deus sois vós diz o apóstolo Paulo aos crentes de Corinto (1 Co 3.9). “O agricultor não somente é aquele que ara a terra, mas também é aquele que planta e cuida da videira. Aquele que originou as relações existentes entre a videira e os ramos, ao plantar a Videira verdadeira nesta terra é quem cuida dela e garante que a mesma produzirá frutos" (Alford).

2. A PRODUTIVIDADE DOS RAMOS

“Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta…" (Jo 15.2). Aqui Jesus estabelece o princípio da produtividade espiritual. A pessoa que “está em Cristo” deve refletir essa união através da frutificação espiritual.

2.1. Quanto ao Ramo

A sua existência baseia-se na escolha divina. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça…" (Jo 15.16). William Barclay comentando este trecho faz uma lista das coisas para as quais fomos eleitos e chamados: fomos chamados para a alegria (15.11); para o amor (15.12); para sermos amigos de Jesus (15.13-15); para sermos embaixadores de Deus no mundo (15.16); para sermos membros privilegiados da família de Deus (15.16).

O seu dever é produzir. A improdutividade resultará em corte: “Todo ramo que estando em mim, não der fruto, ele o corta…’’ (Jo 15.2). Há motivação para aquele que produz: “…e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda".

O ramo para produzir necessita “permanecer em Cristo”. Sem Cristo, o ramo secará e servirá apenas para o fogo: Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam (Jo 15.6). A madeira da videira não serve para nada, senão como lenha (Ez 15.1-8).

O ramo para frutificar precisa da seiva. O cristão recebe a seiva para frutificar através da vida de oração e estudo da Palavra de Deus. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito (15.7). Ler: Cl 3.16 e Ef 6.18-19.

2.2. Quanto ao Fruto

O segredo ou a condição para a frutificação espiritual é “estar” e “permanecer” em Cristo. Nos versículos de 4-6, Jesus repete a palavra “permanecer” por sete vezes. Para a Teologia essa experiência é chamada de “União Mística com Cristo”. “O ramo, quando considerado separadamente, à parte da videira, não possui qualquer fonte original de vida. A seiva flui da videira para o ramo, daí para os raminhos, e então para as folhas e os frutos. Por si mesmo, o ramo é um órgão destituído de vida, que só cumpre as suas funções quando está vinculado à videira. Da mesma maneira na vida espiritual, à parte de Cristo os homens não possuem qualquer fonte original de vida e de frutificação” (Ellicott). Ler: Cl 1.23; 2.19; Ef 5.30; Jo 6.57.

A essência do fruto espiritual é a obediência aos mandamentos de Deus. Obedecer a Deus é uma prova de amor: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor…” (Jo 15.10). Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele (Jo 14.21). Obedecer a Deus é uma prova de amizade: Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando (Jo 15.14).

A natureza do fruto é espiritual. É o fruto do Espírito. “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio…” (Gl 5.22-23). Sendo assim, a sua origem é sobrenatural (do Espírito) e o seu desenvolvimento é gradual.

Deus é glorificado através dos frutos espirituais, “…fruto…” (v.2), “…mais fruto ainda…” (v.2), “…muito fruto…” (w.5 e 8). Tudo tem como objetivo a glorificação do Pai, porquanto foi Ele quem planejou que os homens fossem frutíferos. “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto…” (v.8).

CONCLUSÃO
A vida de um cristão ou de um discípulo deve ser marcada pela produtividade espiritual. A produtividade ou frutificação é decorrente do fato dele ter sido escolhido por Deus para essa tarefa (Jo 15.16). A produtividade espiritual é permanente ou eterna, “…eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça…” (Jo 15.16). 

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