Texto
Áureo: Pv. 22.6 – Leitura Bíblica: Dt. 6.1-9
INTRODUÇÃO
Vivemos em dias difíceis, a respeito dos quais
tratou Paulo em sua Epístola a Timóteo (II Tm. 3.1-2). Especialmente para a
criação dos filhos no temor do Senhor, tendo em vista que os valores cristãos
estão sendo cada vez mais solapados pela mídia. Diante dessa situação,
estudaremos, na lição de hoje, a respeito da importância da educação cristã,
principalmente no contexto familiar, sob a responsabilidade dos pais.
Inicialmente trataremos a respeito da educação no Antigo, e depois no Novo
Testamento. Ao final, faremos um apelo para que os pais invistam não apenas na
formação profissional, mas também espiritual dos seus filhos.
1. EDUCAÇÃO
CRISTÃ, CONCEITOS FUNDAMENTAIS
O conceito de educação é bastante amplo, e por
demais complexo. O verbo educar, em latim, significa instruir, orientar. Mas as
definições de educação dependem bastante das concepções teóricas envolvidas. Em
várias instituições educacionais, a abordagem educacional está atrelada à mera
informação. A maioria das escolas dos dias atuais, preocupadas com o mercado de
trabalho, repassam apenas conteúdos. A educação é meramente bancária, os alunos
vão para a escola apenas para receberem informações. Por conseguinte, valores
que deveriam ser trabalhados pela escola, tais como o respeito pelo próximo,
são relegados a segundo plano. Um reflexo desse modelo educacional é a ausência
de posicionamentos éticos por parte daqueles que frequentam os bancos
escolares. Os alunos estudam bastante, conseguem entrar nas universidades, mas
não se comprometem com o outro. Evidentemente isso acontece também porque a
filosofia educacional que predomina nas escolas é materialista. A ênfase no
mercado e a desconsideração de uma ética maior estão fortalecendo o
individualismo. De modo que, na sociedade, e às vezes nas igrejas, o tratamento
é cada um por si, ninguém considera mais o próximo. Isso acontece também por
falta de uma cosmovisão cristã em relação à educação. Não podemos esquecer que
o ser humano caiu no Éden, e isso resultou no distanciamento do Criador e do
próximo. Em consonância com a pedagogia de Jesus, precisamos ensinar a verdade
às pessoas, inclusive às crianças, pela Palavra de Deus (Mc. 4.33; Lc. 24.27).
O Mestre Jesus valorizava as pessoas, independentemente da condição social,
fosse uma adúltera, como a mulher samaritana (Jo. 4), ou um doutor da lei, como
Nicodemos (Jo. 3). A educação cristã, seja na igreja ou na família, deve partir
das Escrituras, que é útil, a fim de conduzir as pessoas à santificação (II Tm.
3.16).
2. EDUCAÇÃO
CRISTÃ NO ANTIGO TESTAMENTO
Antes de 2.500 a. C já identificamos, no Antigo
Testamento, um sistema educacional formal e estruturado, a fim de treinar as
crianças, desde a infância (Pv. 22.6). A educação, naquele contexto, deveria
oportunizar o desenvolvimento de uma profissão, mas, sobretudo, o caráter.
Samuel é um exemplo de um jovem que fora instruído, desde cedo, ao serviço do
Senhor, sob a supervisão do sacerdote Eli (I Sm. 3.10). A competência para a
leitura, tendo em vista o domínio das leis, era estimulada desde cedo (Dt. 6.9;
17;18,19; 27.2-8; Js. 18.4,9; Jz. 8.14; Is. 10.19). Talvez por causa do excesso
de imagem, principalmente por causa da influência da televisão, as crianças
estão lendo cada vez mais tarde. Isso é preocupante, ao invés de lerem um
livro, que desperta a imaginação, procuram antes o filme. No Antigo Pacto as
ordenanças divinas eram valiosas, por isso deveriam ser ensinadas (Dt. 4.9,10;
6.20), a fim de desenvolver princípios éticos (Lc. 19.2). A instrução não se
voltava apenas ao domínio das leis, mas, principalmente, à justiça social (Am.
2.6,7), e ao temor do Senhor, princípio de toda sabedoria (Pv. 1.2-4; 9.10).
Durante o cativeiro babilônico surgiu a sinagoga, que serviu como instituição
formal para a educação, para a leitura da Torá. A primeira escola do judeu era
o seu lar, em casa os filhos aprendiam os rudimentos da fé. Isso porque, na
cultura judaica, a família era a base da sociedade. As crianças tinham valor, e
pesava, sobre os pais, a responsabilidade de educá-los, por serem dádivas de
Deus (Jó. 5.25; Sl. 127.3; 128.3,4). Alguns pais não querem mais se comprometer
com a educação dos seus filhos. Por causa do ativismo, inclusive na igreja,
muitos pais estão deixando os filhos à mercê da televisão. Os estragos têm sido
os mais terríveis, filhos inseguros, com valores distorcidos, tomados pela
rebeldia. O treinamento das crianças, no Antigo Testamento, envolvia também a
formação artística (I Sm. 16.11; II Rs. 4.18; Jz. 21.21; Lm. 5.14). Essa
formação deve ser considerada pelos pais, pois a arte exerce um papel na construção
do caráter. A instrução quanto as prendas domésticas também recebia atenção,
principalmente para as meninas (Ex. 35.25; II Sm. 13.8).
3. EDUCAÇÃO
CRISTÃ NO NOVO TESTAMENTO
O estudo ocupou papel de destaque no
ministério de
Jesus, não por acaso a Ele se referiam como Rabi, Mestre (Jo. 3.2).
Jesus
ensinava, a multidão ficava maravilhada com Suas instruções (Mt. 5.1). O
conteúdo da Sua mensagem era o evangelho do Reino, fundamentado na
Palavra de
Deus (Mt. 4.23). A pedagogia do Reino, conforme ensinada por Jesus,
estava
fundamentada no amor-agape (Mt. 12.31; Jo. 15.12). Essa é uma falha no
sistema
educacional humano. Ninguém fala em amor, o afeto, uma carência
fundamental do
ser, está sendo desconsiderada. Os escritos de alguns educadores, dentre
eles Paulo Freire e Rubem Alves, têm alertado os professores para esse
importante aspecto.
Contrariando a lógica do mercado, que sempre quer tirar vantagem em
tudo, Jesus
ensina a perdoar, e às vezes a ganhar através da perda (Mt. 18.21). A
coisificação do ser, resultante do modelo de mercantilização da pessoa,
deve
dar lugar à dignidade. Jesus respeitava as pessoas, não desprezava as
mulheres e
as crianças, o que era comum naqueles dias (Mt. 18.1,10). Mas Jesus
também chamou a
atenção para a realidade do pecado. As crianças estão cada vez menos
comprometidas com outro porque não são ensinadas a esse respeito. O
pecado tem causado
transtornos terríveis à sociedade, o maior deles é o distanciamento de
Deus (Rm.
3.23). A supervalorização do dinheiro, bastante comum hoje em dia, deve
ser
questionada, tanto na igreja quanto no lar (Mc. 10.21). Os pais precisam
não apenas através das palavras, mas também de ações, mostrar aos
filhos que não são
controlados pelo consumismo. Existem várias métodos para o ensino da
Palavra de
Deus às crianças, as estórias tem muito efeito. Jesus era um contador de
histórias, suas parábolas atraiam a atenção dos ouvintes (Mt. 13.3). O
Mestre
aproveitava todas as oportunidades e lugares para ensinar os princípios
divinos (Lc. 9.14). Os pais precisam investir em momentos familiares
para a formação dos seus filhos.
CONCLUSÃO
Os filhos são herança de Deus,
recompensa do Senhor
(Sl. 127.3), por isso devem ser ensinados com amor a fim de que
desenvolvam o
temor a Deus (Ef. 6.1-4). A educação secularizada, a não ser nas escolas
confessionais evangélicas, não investe na formação espiritual das
crianças.
Diante dessa realidade, a igreja, através da Escola Dominical, e os
pais, no convívio doméstico, devem instruir seus filhos nos caminhos do
Senhor. A orientação de Pv.
22.6, que se trata de um princípio geral, deve nos motivar à educação
cristã dos nossos filhos,
a fim de que esses, quando crescerem, permaneçam na Palavra de Deus.
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